Escolas enfrentam ‘explosão’ de violência

Mais da metade dos casos ocorreu de 2021 a 2023; 80% das unidades de ensino são públicas

Termômetro da escalada de violência que tem dominado a sociedade brasileira, mais da metade dos ataques em escolas (56,25%) nos últimos 20 anos se concentraram no período de 2021 a 2023, aponta estudo apresentado, no último dia 18, durante o Congresso Internacional de Jornalismo de Educação, em São Paulo. Somente nos últimos dois anos, foram desferidos 32 ataques, que resultaram em 33 mortes.

Desse total de 32 ataques, em, pelo menos 16 deles, houve emprego de arma de fogo, dos quais, quase metade desses casos (7), o autor dos disparos possuía tal artefato em casa. Em outro dado que merece análise socioeconômica mais apurada, 80% das escolas que foram alvo de ataques são públicas, a maioria, municipais e estaduais.

No que toca ao perfil dos autores dos ataques, o estudo mostra que mais da metade tinha idade entre 13 e 15 anos e todos eram do sexo masculino. Em comum, a maioria dos acusados apresentava como características “isolamento social, gosto pela violência e culto às armas de fogo, concepções e valores opressores (racismo, misoginia, ideais nazistas), ausência de sentido de vida e perspectiva de futuro”.

Outro desdobramento psicológico próprio de tais jovens seriam o fato de exibirem indícios de transtornos mentais, buscar por notoriedade, perceber a escola como lugar de sofrimento, além de se inspirarem e nutrirem admiração por autores de outros ataques.

Embora ressalve que tais ocorrências tendem a apresentar ‘múltiplas causas’, a pesquisa fornece recomendações de medidas preventivas contra os ataques em escolas: controle rigoroso de armas de fogo e munições; maior regulação e responsabilização das plataformas digitais; políticas públicas direcionadas às escolas com foco na convivência democrática e cidadã; investimentos na expansão e fortalecimento à rede de atendimento psicossocial, entre outras sugestões.

Concebido pela associação ‘Dados para um Debate Democrático na Educação’ (D³e), sob a coordenação da professora e pesquisadora da Unicamp, Telma Vinha, o estudo deverá ter seus dados completos divulgados em outubro próximo.

Outro capítulo dessa tragédia social brasileira, sem prazo para acabar, diz respeito aos danos (muitas vezes, irreparáveis) à saúde mental de alunos que foram vítimas desses ataques. Iniciativa ainda tímida se refere à criação de projeto de lei, em 2000, que torna obrigatória a presença de psicólogos nas escolas, em todos os estados, determinação legal que só se tornou efetiva em 2019.

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