Fiocruz desenvolve vacina contra esquistossomose usando tecnologia pioneira

Com a produção da vacina em território nacional, o Brasil pode se tornar um fornecedor mundial do imunizante, que é bastante raro.

A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) está prestes a concluir a produção da vacina Schistovac contra a esquistossomose, uma doença parasitária de potencial letal geralmente negligenciado.

De acordo com a Fiocruz, esse imunizante pioneiro estará disponível no Sistema Único de Saúde (SUS) até o final de 2025, representando um marco importante na luta contra essa doença.

Desenvolvida pelo Instituto Oswaldo Cruz (IOC) da Fiocruz, a vacina Schistovac é resultado de um projeto de longa data que agora está na fase final.

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Testes clínicos da vacina contra esquistossomose

A vacina contra a esquistossomose passou por cinco testes clínicos cruciais, incluindo fases 1 e 2 realizadas no Brasil e fases subsequentes conduzidas em uma área endêmica no Senegal, em parceria com o Instituto Pasteur de Lille, na França.

Os testes clínicos foram conduzidos em adultos e crianças, visando garantir a segurança e eficácia da vacina. Agora, com a parte de campo encerrada, os dados estão sendo processados e analisados.

Uma modificação no esquema de vacinação foi introduzida para otimizar a resposta imunológica. O protocolo proposto é semelhante ao utilizado em outras vacinas, como a da COVID-19, com duas doses administradas com um mês de intervalo e uma terceira dose quatro meses depois. Essa alteração tem o objetivo de aumentar a eficácia da vacina.

Nova abordagem de vacinação para esquistossomose apresenta resultados promissores

Um avanço significativo foi alcançado no processo de produção da vacina, utilizando um novo lote (Sm14) produzido a partir de um banco de células master nos Estados Unidos. O escalonamento da produção em larga escala nos últimos dois anos permitiu reduzir os custos e aumentar o rendimento.

Agora, a Fiocruz está se preparando para a fase 3, que envolverá a participação de 2 mil pessoas e será concluída até o final deste ano. Essa etapa é essencial para obter a pré-qualificação da Organização Mundial da Saúde (OMS).

Brasil se torna fornecedor de tecnologia na produção da vacina contra esquistossomose

A produção da vacina Schistovac pela Fiocruz é um marco importante para o Brasil, pois o país se tornará um fornecedor de tecnologia em vez de apenas um comprador. A transferência dessa tecnologia para o Instituto Nacional de Imunobiológicos (Bio-Manguinhos), também ligado à Fiocruz, já está em andamento.

Além disso, o escritório diplomático brasileiro em Genebra está apoiando a Fiocruz na criação de um fundo de financiamento junto aos países africanos para viabilizar o fornecimento da vacina Schistovac como uma vacina humanitária, ampliando seu alcance nos países endêmicos.

Esquistossomose: uma doença parasitária negligenciada com impacto global

Atualmente, a esquistossomose afeta cerca de 300 milhões de pessoas em todo o mundo, sendo 800 milhões vivendo em áreas de risco. Embora os dados sobre a doença no Brasil sejam incompletos, estima-se que aproximadamente 2% da população seja afetada, principalmente nas regiões Nordeste e Sul de Minas Gerais.

A falta de saneamento básico e condições sanitárias precárias estão associadas à disseminação da esquistossomose, uma doença que está em expansão no país. O acesso à água potável e saneamento básico são fundamentais para combater essa doença e melhorar a qualidade de vida das pessoas.

Vacinas contra outras doenças parasitárias

A tecnologia desenvolvida pela Fiocruz para a vacina contra a esquistossomose abre caminho para o desenvolvimento de vacinas contra outras doenças parasitárias.

A fundação está engajada em uma plataforma de vacinas antiparasitárias e espera que mais vacinas sejam desenvolvidas para combater outras doenças desse tipo. A luta contra as doenças parasitárias está avançando, e a Fiocruz está desempenhando um papel fundamental nesse progresso.

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