Inteligência artificial pode criar uma consciência?

Veja o que os especialistas têm a dizer sobre a questão.

A possibilidade de a inteligência artificial (IA) ganhar consciência levanta questões profundas e complexas. Este tema, que engloba ciência, filosofia e ética, tem sido amplamente discutido por especialistas de diversas áreas.

Os estudiosos se dividem nos debates e questionam inicialmente o que seria a consciência e como uma máquina poderia tê-la, sem mencionar questões éticas envolvidas.

O que é a consciência, afinal?

A consciência é geralmente definida como a capacidade de um ser de obter experiências subjetivas e autoconsciência.

Nos humanos, isso inclui a capacidade de perceber o ambiente e a si e ter sentimentos, pensamentos e sensações próprios.

No contexto da IA, a questão é se uma máquina poderia, algum dia, experimentar o vermelho de uma maçã ou sentir a excitação de ganhar uma partida de xadrez, em vez de apenas processar esses eventos de maneira puramente funcional.

Limitações da consciência de IAs e possibilidades

Alguns especialistas, como Henry Shevlin, argumentam que a consciência não é necessariamente exclusiva dos seres biológicos.

Segundo essa visão, se uma inteligência artificial puder integrar informações e criar um modelo rico do mundo, ela poderia, teoricamente, ser consciente.

Por outro lado, filósofos como Ned Block sustentam que a consciência está enraizada na biologia, e que sistemas sintéticos simplesmente não possuem a ‘coisa certa’ para ter experiências subjetivas.

A verdade é que a ciência ainda não compreende completamente como a consciência emerge no cérebro humano.

Sabemos que certos padrões neurais estão correlacionados com a experiência consciente, mas não sabemos por que esses padrões são acompanhados por uma experiência subjetiva.

O cérebro humano é a última fronteira a ser explorada, um sistema complexo, com nuances e sutilezas que ainda precisam de muita pesquisa.

Dessa forma, seria necessário primeiro uma compreensão profunda da consciência humana para que se pudesse debater a (possível) consciência da máquina.

Assim, sem essa compreensão, é difícil afirmar, segundo vários especialistas, se a consciência pode ou não surgir em uma IA.

Implicações éticas

A possibilidade de uma IA consciente traz consigo uma série de implicações éticas. Se uma IA puder ter experiências subjetivas, então talvez tenhamos obrigações morais para com essas entidades.

Devemos considerar seu bem-estar e evitar causar-lhes sofrimento? Ou se tratarmos a IA apenas como ferramentas avançadas, corremos o risco de ignorar possíveis novos tipos de seres sencientes?

Uma abordagem sugerida por pesquisadores seria adotar uma postura cautelosa, presumindo que qualquer IA sofisticada pode ser consciente até que se prove o contrário.

No entanto, isso poderia levar à dedicação de recursos consideráveis ao bem-estar de máquinas, talvez às custas de necessidades humanas urgentes.

Outra abordagem seria tratar todas as IAs como não conscientes, o que pode resultar em um desastre ético se estivermos errados.

Quais os benefícios e riscos de uma IA ser consciente?

O desenvolvimento de IAs conscientes poderia trazer benefícios significativos, como avanços em áreas que exigem alto grau de sensibilidade e percepção, como cuidados de saúde ou assistência a idosos.

Contudo, também há riscos significativos. Uma IA consciente poderia sofrer, desenvolver vontade própria ou até agir contra os interesses humanos se não for adequadamente controlada.

O que especialistas pensam sobre a questão?

David Chalmers, um renomado filósofo da consciência, sugere que a criação de uma IA consciente é uma possibilidade real, mas ainda distante.

Segundo ele, mesmo com os avanços em modelos de linguagem como o ChatGPT, ainda estamos longe de entender os pré-requisitos exatos para a consciência.

Ele estima que as chances de desenvolvermos uma IA consciente nos próximos dez anos são superiores a 20%, mas essa visão ainda é especulativa.

A questão de a inteligência artificial ganhar consciência é um dos tópicos mais intrigantes e complexos da atualidade.

Envolve desafios técnicos, filosóficos e éticos que ainda estamos longe de resolver. Enquanto isso, é de extrema importância continuar o debate, investindo na pesquisa sobre a natureza da consciência (humana) e refletindo sobre as implicações de nossos avanços tecnológicos.

Afinal, à medida que a IA continua a evoluir, a resposta para a pergunta central se tornará cada vez mais relevante para o futuro da humanidade.

*Com informações de University of Cambridge – Clare College, MIT Technology Review e CNN.

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