Investigando como a hidroelétrica chinesa pode afetar o eixo terrestre

A Usina Hidroelétrica de Três Gargantas desafia os limites da engenharia e suscita debates sobre seu impacto na dinâmica planetária.

A Usina Hidroelétrica de Três Gargantas, situada na China, representa uma façanha da engenharia moderna que, além de suas impressionantes capacidades de produção de energia, suscita discussões sobre seu impacto no movimento de rotação da Terra e até na alteração no seu eixo de inclinação.

Foto: reprodução.

Essa estrutura colossal não só se destaca como a maior usina hidrelétrica do mundo em atividade, mas também como um exemplo de como intervenções humanas podem influenciar dinâmicas planetárias fundamentais.

Estudos da NASA em 2005 destacaram que eventos naturais significativos, como terremotos e meteoritos, têm o potencial de alterar a rotação do planeta e até mesmo deslocar seu eixo. Por exemplo, o terremoto que aconteceu na Indonésia e causou um dos maiores tsunamis já documentados afetou a rotação do planeta, diminuindo o período do dia em menos de três microssegundos e deslocando o Polo Norte em dois centímetros

A física por trás desse fenômeno reside no Princípio da Conservação do Momento Angular, que sugere que a distribuição de massa de um corpo (neste caso, a Terra) pode afetar sua velocidade de rotação. Já eixo do planeta está inclinado cerca de 23,5 graus. A consequência dessa inclinação é a variação da posição aparente do Sol ao longo do ano, o que pode afetar as temperaturas do planeta.

Mesmo que em menores proporções, o ser-humano também é capaz de interferir nesse equilíbrio. A barragem de Três Gargantas, devido à vasta quantidade de água represada, com uma capacidade de reservatório de aproximadamente 39,3 quilômetros cúbicos e uma altura de 181 metros, é teoricamente capaz de exercer um efeito semelhante, ainda que em uma escala muito menor e praticamente imperceptível no cotidiano.

Contudo, em um movimento ambicioso para avançar ainda mais em sua capacidade de geração de energia elétrica e atingir a neutralidade de carbono até 2060, a China já anunciou em novembro de 2021, a construção de uma nova mega-usina no Rio Yarlung Zangbo. Este projeto prevê uma capacidade de produção energética três vezes maior do que a de Três Gargantas e, na mesma proporção, serão construídas imensas barragens para o represamento das águas.

O Rio Yarlung Zangbo, também conhecido como Brahmaputra em sua jornada além das fronteiras chinesas, origina-se nas geleiras do Tibete e atravessa o Himalaia, atingindo altitudes próximas a 5 mil metros acima do nível do mar, antes de descer abruptamente por 2700 metros no Yarlung Tsangpo Grand Canyon, o mais profundo e um dos maiores cânions do mundo. Esse declive acentuado não só desenha uma paisagem de tirar o fôlego, mas também representa um potencial extraordinário para a geração de energia hidrelétrica.

A questão que fica é qual seria o impacto dessa obra tão grandiosa no nosso planeta. Poderia deixar os dias mais longos ou mais curtos? De outro lado, seria o homem capaz de de maneira calculada e intencional intervir na dinâmica do planeta de forma positiva, a fim de que possamos talvez reduzir os efeitos das elevadas temperaturas no derretimento das calotas polares e elevação do nível dos oceanos?

Embora essas questões ainda possam parecer desviadas da realidade, a história está repleta de exemplos de descobertas e soluções que surgiram de experiências mal-sucedidas ou não intencionais. No momento, resta-nos lidar da maneira mais reponsável possível com os impactos ambientais, sociais e políticos que tais empreendimentos podem gerar.

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