Jovens da geração Z ‘acham que o mundo gira em torno deles’, de acordo com psicóloga

A especialista tomou como base, entre outras coisas, conflitos ocorridos no reality show Big Brother Brasil para fazer a sua análise.

O reality show Big Brother Brasil, da rede Globo, é um verdadeiro divisor de águas no tocante à aceitação do público. Enquanto milhões de espectadores amam a atração, outros milhões repudiam seu conceito e propostas.

De qualquer forma, analistas e especialistas em psicologia, sociologia e outras ciências correlatas já chegaram a afirmar que o programa oferece boas oportunidades de observação do comportamento humano espontâneo, tanto individualmente quanto em grupo.

Nesse sentido, depois de analisar fatos ocorridos no decorrer do reality, a psicóloga e psicopedagoga Roneida Gontijo Couto chegou à conclusão que jovens da geração Z são mais individualistas, egoístas e creem que o “mundo gira em torno deles”.

Para chegar a esse entendimento, Roneida escrutinou episódios protagonizados por participantes do BBB que nasceram entre 1990 e 2010. Ela afirma que a hiper exposição à tecnologia tem estimulado comportamentos individualistas.

“Isso [a exposição excessiva à vida online] pode influenciar a autoimagem e a autoestima dos jovens da geração Z, pois eles frequentemente se comparam com padrões inatingíveis apresentados online. A busca por validação nesse ambiente pode resultar em pressões sociais, levando a um impacto negativo na percepção de si mesmos”, disse ela.

(Imagem: divulgação)

A especialista na psique humana pondera ainda que uma vida excessivamente ligada às redes sociais afeta a percepção pessoal e o relacionamento interpessoal no mundo real.

“Isso pode gerar uma dependência da aprovação virtual, impactando negativamente o desenvolvimento saudável de relacionamentos interpessoais”, alerta Roneida. “Inclui-se a isso a ansiedade social, devido à exposição constante e à avaliação pública, além de depressão, síndrome do pânico e dependência tecnológica, que pode afetar a qualidade das relações interpessoais offline”, destaca, citando doenças mentais decorrentes desse comportamento.

Aprofundando a questão

Roneida Gontijo Couto argumenta, com base em experiências vividas em seu consultório, que a participação dos pais na vida dos jovens da geração Z pode ser o diferencial entre afundar ou não nessa busca por uma identidade individual forte.

A psicóloga e psicopedagoga diz ainda que tem notado que os pais permitem aos filhos terem autonomia e se desenvolverem, comportamento que pode ajudar na formação de um caráter mais equilibrado.

“Os pais da geração Z tendem a adotar uma abordagem mais flexível e inclusiva na criação de seus filhos, em que valorizam a autonomia e incentivam a expressão individual”, diz.

Roneida cita ainda o cada vez mais crescente atrito entre empresas e profissionais da geração Z. Segundo ela, o idealismo dessa geração está sendo mal visto pelos empregadores, o que constitui um problema a ser vencido.

“A busca por propósito e flexibilidade [por parte da geração Z] é evidente, refletindo em uma preferência por ambientes colaborativos e experiências significativas. No entanto, a resistência das empresas em contratar indivíduos dessa geração muitas vezes está associada à percepção de uma suposta impaciência ou falta de comprometimento. A rápida adaptação a mudanças e o desejo por avanço rápido podem ser interpretados como instabilidade, gerando hesitação por parte das empresas”, explica.

O que pode ser feito?

Para Roneida Gontijo Couto, a melhor forma de evitar o surgimento de uma individualidade deturpada, inclinada ao egocentrismo, em jovens da geração Z, e ajudá-los a se adaptar ao trabalho, é oferecer-lhes autonomia e investir nas suas qualidades, sem esquecer de limitar más influências externas.

“Esclarecer e valorizar as habilidades distintas da geração Z, como criatividade, habilidades tecnológicas e mentalidade empreendedora, é fundamental para superar essas relutâncias e integrar efetivamente esses jovens talentos ao ambiente de trabalho”, aconselha a especialista.

Para finalizar, Roneida aponta que se faz necessário instruir os jovens a melhor utilizarem as tecnologias e redes sociais, criando assim uma geração de pessoas que usam essas ferramentas de forma mais consciente e não nociva.

“Para promover uma cultura digital saudável, torna-se essencial educar os jovens sobre o uso consciente da tecnologia, incentivando uma comunicação aberta sobre experiências online. Além disso, fornecer recursos para lidar com desafios emocionais específicos da geração Z pode contribuir para um ambiente mais equilibrado e positivo”, pontua.

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