Má relação com o pai ligada a sintomas de dismorfia muscular agravados pelo narcisismo
Informação foi publicada na revista científica Personality and Individual Differences.
Por essa nem Freud esperava. Uma pesquisa recente mostrou que o relacionamento que temos com o nosso pai pode impactar em diversos setores da nossa vida, não apenas no Complexo de Édipo ou no famoso “daddy issues”. Homens que têm um relacionamento ruim com seus pais podem ter alguns reflexos disso em sua vida fitness.
Não parece que as duas coisas se interligam, não é mesmo? Mas elas se interligam, sim. E as informações foram publicadas na revista científica Personality and Individual Differences.
Conforme o artigo, um relacionamento ruim com o pai pode levar o homem a desenvolver dismorfia muscular indiretamente. Isso acontece porque toca em um narcisismo vulnerável dos homens.
Caso você não esteja familiarizado com o termo, dismorfia muscular nada mais é que uma preocupação específica e excessiva com o tamanho dos músculos. A condição também é conhecida como bigorexia ou vigorexia.
Seu pai, seus músculos e o seu narcisismo
Esta, até então, era uma área não estudada pelos psicólogos. Os pesquisadores levantaram uma hipótese de que um relacionamento ruim com o pai poderia levar a um suposto aumento nos sintomas de dismorfia muscular. Isso porque a falta de modelo masculino durante o crescimento poderia acarretar em uma autoestima prejudicada.
“A dismorfia muscular é um problema de saúde crescente na sociedade atual, com sérias consequências para a saúde”, disse o autor do estudo, professor Sebastian S. Sandgreen, da Universidade de Stavanger, na Noruega. “Precisamos de mais pesquisas para entender melhor esta condição, a fim de prevenir e tratar efetivamente seus sintomas no futuro”.
Segundo o professor, explorar as associações entre características de personalidade, como o narcisismo, e a relação entre pais e filhos é um passo nesta direção.
Como foi feito o estudo que relacionou os laços entre pai e filho e a vida fitness?
Os pesquisadores recrutaram 503 homens de idades entre 18 e 78 anos para o estudo, por meio de uma amostragem não probabilística. A partir daí, fizeram um filtro, retirando do estudo todos aqueles que já tiveram histórico de algum transtorno de saúde mental.
Dentre os que sobraram, aqueles que discordavam de frases como “meu pai é importante para mim” ou “meu pai me ajudou a aprender coisas novas” eram mais propensos a concordar com afirmações como “preciso de elogios dos outros para ter certeza de mim mesmo”. Assim, correlacionaram com a dismorfia muscular, via narcisismo vulnerável.
Um adendo: o narcisismo vulnerável está ligado a um senso de autoestima e valor próprio mais frágeis, ao contrário do narcisismo grandioso, que fala mais sobre um senso exagerado de auto-importância e a falta de empatia com os outros.
Isso não significa que uma coisa necessariamente leva à outra; é uma possibilidade. Não quer dizer que todas as pessoas focadas na academia têm um relacionamento ruim e vice-versa. Ainda são necessários mais estudos.
“Os rapazes devem estar cientes de sua relação com o levantamento de pesos e os sus motivos para treinar”, disse Sandgren. “Há suporte disponível [para casos de dismorfia]”.
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