Meta vai usar dados de usuários para treinar IA? Não é bem assim

Assunto tem causado polêmica nas últimas semanas e envolve a utilização de dados dos usuários e privacidade online.

Nas últimas semanas começaram a surgir na internet rumores de que a Meta, empresa de Mark Zuckerberg que controla WhatsApp, Instagram e Facebook, estaria captando dados dos usuários das redes sociais para alimentar uma nova inteligência artificial (IA). E, sim, esse rumor tem um fundo de verdade.

A empresa de mídias digitais fez uma atualização nos seus termos de uso que, de fato, cita o treinamento de um novo chatbot de conversão que vai funcionar dentro das plataformas.

Resumidamente, o que a Meta quer é utilizar padrões de usabilidade dos usuários do Instagram e do Facebook para treinar esse novo robô, que deve ter alguns pontos em comum com o ChatGPT, da OpenAI.

A ideia é rastrear padrões de comportamento dos usuários nas redes, como curtidas, palavras utilizadas em postagens, etc. Ou seja, apenas dados públicos.

Porém, a Meta não deve utilizar dados pessoais sensíveis nesse treinamento, pois isso é ilegal. Inclusive, a justiça brasileira proibiu, no início deste mês de julho, a utilização de dados do usuário por parte da empresa alegando que a prática violaria a LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais) brasileira.

A Meta, por sua vez, recorreu à decisão, mas a ANPD (Autoridade Nacional de Proteção de Dados) manteve a suspensão do uso dos dados dos usuários.

Qual a postura da Meta em relação ao tema?

Na Central de Privacidade da Meta, que pode ser acessada via Instagram e Facebook, a empresa deixa claro que não usa dados pessoais de forma alguma.

“Essas informações [utilizadas para treinar IA] podem abranger publicações ou fotos e legendas. Não usamos o conteúdo das suas mensagens privadas com amigos e familiares para treinar nossas IA”, descreve.

Ainda não se sabe ao certo se essa coleta de dados já foi iniciada ou quando começará. Possivelmente a Meta usará estratégias diferentes em cada país, uma vez que cada nação trata as questões envolvendo a segurança de dados, privados ou públicos, de formas diferentes.

De qualquer forma, o anúncio das mudanças nos termos de uso já foi feito, o que gera um alerta de que dados públicos de usuários brasileiros já possam estar sendo utilizados.


IA da Meta já pode estar sendo testada com seus dados – Imagem: reprodução

E se eu não quiser autorizar?

Outro fato sobre essa atualização nos termos de uso é que a empresa deixou a critério de cada usuário a concessão ou não de seus dados públicos para treinamento da IA em desenvolvimento.

Quem quiser utilizar o seu “direito de se opor” à nova política, pode seguir este passo a passo:

  1. Clique no “menu de três traços”, localizado na parte superior direita da tela inicial do Instagram e do Facebook;

  2. Selecione a opção “Configurações e privacidade”, depois “Sobre” e, por fim, “Política de privacidade”;

  3. Nesse estágio, clique em “Outras políticas e artigos” e, logo após, em “Como a Meta usa informações para recursos e modelos de IA generativa”;

  4. Depois disso, a página “Posição quanto ao uso das suas informações para IA na Meta” será aberta. Role até o final até achar um link chamado “Direito de se opor”, que deve estar frisado na cor azul. Clique nele;

  5. Ao abrir o “Direito de se opor”, você terá acesso a um formulário que deve ser preenchido e enviado à Meta. Em poucas horas (ou minutos) a empresa entrará em contato possivelmente validando as informações do formulário e fazendo valer a sua decisão quanto ao uso de dados pessoais públicos para treinamento de IA.

Uma vez que um usuário recusa ter seus dados utilizados para aprendizado de máquina, seus dados são excluídos do arquivo especial da Meta para esse fim. Em outras palavras, a pessoa não será “vista” durante o treinamento da nova IA.

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