Microplásticos em nossas artérias: um novo perigo para a saúde cardíaca
Descubra como os microplásticos presentes nas artérias podem elevar significativamente o risco de infarto e outras doenças cardiovasculares.
Nos últimos anos, a presença de microplásticos no meio ambiente tem sido motivo de crescente preocupação. Essas minúsculas partículas de plástico, menores do que 5 milímetros, são agora encontradas não apenas nos oceanos e em nossos alimentos, mas também em lugares onde menos esperaríamos: nossas artérias.
Pesquisas recentes revelaram uma conexão alarmante entre microplásticos nas artérias e um aumento significativo no risco de doenças cardiovasculares, como infarto e acidente vascular cerebral (AVC).
Um estudo inovador, publicado no prestigiado “The New England Journal of Medicine”, mostrou que 60% dos participantes tinham microplásticos em suas artérias. Surpreendentemente, esses indivíduos apresentavam um risco 4,5 vezes maior de sofrer um ataque cardíaco, AVC ou até mesmo morrer, em comparação com aqueles que não tinham microplásticos detectáveis.
Os microplásticos, definidos como partículas menores do que 5 milímetros, e os ainda menores nanoplásticos, têm sido detectados em várias partes do corpo humano, incluindo sangue, leite materno, urina e tecidos que revestem órgãos vitais como o pulmão e o fígado.
A pesquisa foi realizada com 257 pessoas submetidas a endarterectomia carotídea, um procedimento cirúrgico para tratar a doença da artéria carótida, que é caracterizada pelo estreitamento das artérias devido à formação de placas de gordura e cálcio.
Durante um acompanhamento médio de 34 meses após a cirurgia, foram encontradas partículas de plástico, principalmente nanoplásticos, nas artérias de 150 pacientes. Essas partículas eram compostas principalmente por polietileno, o tipo de plástico mais utilizado no mundo, encontrado em embalagens de alimentos, sacolas de supermercado e tubos médicos, além de PVC (cloreto de polivinila).
Durante o período de monitoramento, 20% dos pacientes experimentaram infarto não fatal, AVC não fatal ou morte por qualquer causa. Por outro lado, apenas 7,5% dos pacientes sem detecção de partículas plásticas em suas artérias enfrentaram esses eventos adversos.
Após ajustes – levando em conta fatores como idade, sexo, índice de massa corporal e condições de saúde como diabetes e colesterol elevado –, os pesquisadores concluíram que os pacientes com níveis detectáveis de plástico apresentaram um risco quase cinco vezes maior de sofrer um evento cardiovascular em comparação com os demais participantes.
Esse estudo observacional, embora não prove definitivamente que os micro ou nanoplásticos foram responsáveis pelos eventos cardiovasculares observados, abre caminho para futuras pesquisas que poderão fortalecer a ligação entre a presença de micro e nanoplásticos no corpo humano e o desenvolvimento de doenças cardiovasculares.
Essa descoberta coloca em evidência a necessidade urgente de medidas preventivas para reduzir a exposição a microplásticos, incluindo mudanças nos hábitos de consumo e disposição de resíduos plásticos, além de fomentar mais pesquisas para entender completamente as implicações para a saúde humana.
A presença de microplásticos nas artérias é um lembrete alarmante de como a poluição plástica penetrou profundamente em nossos corpos e ecossistemas. Diante dessas descobertas, é imperativo que tanto indivíduos quanto organizações tomem medidas conscientes para reduzir sua pegada plástica e, assim, proteger nossa saúde e o ambiente para as gerações futuras.
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