Mistério: rochas “impossíveis” de ilha vulcânica no Oceano Índico estão intrigando geólogos; saiba mais

A ilha vulcânica em questão é Anjouan, localizada na União das Comores. Há mais de um séculos cientistas investigam a atividade geológica incomum do local.

Anjouan, uma ilha vulcânica situada no sudoeste do Oceano Índico e parte da União das Comores, continua a desafiar a lógica e a intrigar cientistas de todo o mundo com um enigma geológico extraordinário.

O mistério em questão envolve a presença de rochas conhecidas como quartzito, que são tipicamente encontradas em formações sedimentares de deltas de rios, mas que aparecem em grande volume nesta ilha vulcânica.

Essa descoberta é algo que intriga os cientistas há mais de um século e, até agora, nenhuma explicação definitiva foi encontrada.

A ilha de Anjouan tem sua origem na separação das placas tectônicas e no resfriamento do magma, resultando na formação de basalto.

Por que não deveria haver quartzito na ilha?

(Imagem: Flickr)

O basalto encontrado na ilha não contém quartzo, e o lugar é muito jovem para ter formado um delta de rio substancial. Isso torna ainda mais misteriosa a presença do quartzito.

O quartzito é um tipo de arenito feito de grãos de areia de quartzo comprimidos ao longo do tempo. Essa característica desafia os princípios geológicos estabelecidos.

A presença dessas rochas “impossíveis” já foi relatada há mais de um século, porém com evidências insuficientes para confirmar sua existência em 1900.

No entanto, quase 70 anos depois, geólogos encontraram uma vasta formação de quartzito na ilha e, em 2017, o geólogo francês Patrique Bachèlery identificou ainda mais ocorrências de quartzito em uma crista adjacente.

Cornelia Class, geoquímica do Observatório Terrestre Lamont-Doherty da Universidade de Columbia, nos EUA, liderou uma investigação minuciosa sobre o caso. Sua equipe encontrou quantidades significativas de quartzito ao longo da cordilheira da ilha.

“Isso desafia os princípios das placas tectônicas”, disse Class em um comunicado. “Os depósitos de quartzito não têm cabimento em ilhas vulcânicas.”, comenta.

Os habitantes locais frequentemente encontram essas rochas e as utilizam para afiar instrumentos cortantes. Ao mapear a ilha, os pesquisadores liderados por Class constataram que o volume de quartzito era quase comparável à metade da montanha.

O mistério continua

Uma teoria proposta para explicar esse mistério sugere que um fragmento da crosta continental pode ter sido depositado na bacia oceânica que circunda Anjouan.

Posteriormente, ele teria se elevado a cerca de 4 km acima do fundo do mar por meio de atividade vulcânica. No entanto, a química do basalto na ilha não confirma essa associação com a crosta continental.

Segundo Class, o envelhecimento do quartzito pode fornecer pistas sobre seu período de deposição e, com sorte, sua origem, possivelmente remontando à separação do antigo supercontinente Gondwana.

O mistério das rochas “impossíveis” de Anjouan continua a desafiar a compreensão científica e a despertar o interesse de geólogos e pesquisadores de todo o mundo.

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