Nova lei nos Estados Unidos proíbe empresas de ‘lerem pensamentos’
Algumas organizações estariam coletando dados emitidos por ondas neurais a fim de captar informações pessoais dos usuários para utilizá-las em campanhas de marketing.
No estado do Colorado, nos Estados Unidos, uma nova lei foi recentemente aprovada para proteger os dados neurais dos cidadãos, impedindo que empresas digitais coletem esses dados sem consentimento explícito.
A aprovação dessa legislação foi uma resposta direta aos avanços tecnológicos que possibilitam a leitura e interpretação dos dados neurais das pessoas, levantando preocupações éticas e de privacidade.
A lei, aprovada por uma votação esmagadora de 61 a 1 na Câmara dos Deputados do Colorado e por unanimidade (34 a 0) no Senado local, reflete a crescente conscientização sobre a importância de salvaguardar a privacidade dos dados cerebrais em um mundo cada vez mais digital e conectado.
Imagem: reprodução
O que são dados neurais?
Para entender a significância dessa legislação, é importante primeiro compreender o que são dados neurais.
Em resumo, o termo “dados neurais” refere-se aos sinais elétricos e químicos transmitidos pelo cérebro durante a atividade neuronal.
O cérebro produz ondas neurais que podem ser medidas e interpretadas por certos tipos de equipamentos e softwares.
Os softwares capazes de “ler pensamentos” baseiam-se na detecção e análise desses padrões de ondas neurais para inferir atividades mentais, como pensamentos, emoções ou comandos.
Os perigos envolvidos
As tecnologias que permitem a interação entre cérebros e máquinas têm potencial revolucionário em áreas como medicina, neurociência e tecnologia assistiva.
No entanto, a coleta indiscriminada e não regulamentada desses dados cerebrais pode representar sérios riscos para a privacidade e a segurança dos indivíduos.
Ao permitir que empresas coletem dados neurais sem restrições, há um perigo real de invasão da privacidade.
Informações tão íntimas quanto pensamentos, desejos ou estados emocionais podem ser acessadas e potencialmente exploradas para fins comerciais, publicitários ou até mesmo de manipulação.
Além disso, a exposição desses dados neurais pode criar vulnerabilidades significativas em termos de segurança cibernética.
Isso porque assim como os dados pessoais, os dados neurais são sensíveis e podem ser alvo de hackers ou usados de maneira inadequada por terceiros mal-intencionados.
A nova legislação no Colorado é um passo fundamental na proteção dos direitos individuais diante dos avanços da tecnologia neural.
Ela estabelece diretrizes claras para o uso ético e responsável de informações cerebrais e ressalta a importância de garantir que o progresso tecnológico seja acompanhado por salvaguardas robustas de privacidade.
Esta lei serve como um exemplo significativo de como a sociedade está respondendo proativamente aos desafios éticos impostos pelas novas fronteiras da tecnologia cerebral.
*Com informações do The New York Times
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