O avanço da automação e os impactos sobre as carreiras

No Dia do Trabalhador, muito se discutiu sobre o avanço da automação e os riscos que ela pode trazer aos empregos da população.

No dia 1º de maio deste ano foi comemorado o Dia do Trabalhador, e, na ocasião, muito se discutiu sobre o avanço da automação e os riscos que ela pode trazer aos empregos da população. Foi publicado um estudo a partir de uma análise realizada por um grupo de cientistas suíços na Escola Técnica Federal de Lausanne que previu quais serão as carreiras mais afetadas pela tecnologia e os diferentes graus em que ela impactará a população.

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Antigamente, as pessoas só sabiam que os robôs substituiriam o trabalho humano em diversas áreas da sociedade e que outras carreiras seriam criadas para manusear essas novas tecnologias. Porém, atualmente já é possível prever quais profissões poderão desaparecer devido à automatização.

Com o uso da inteligência artificial, os cientistas destrincharam 987 carreiras a partir da habilidade requisitada. Depois, agruparam-nas e construíram um ranking de quais carreiras são mais usuais para robôs. O mapeamento é um estudo clássico da área que mostrou, em 2013, que 47% das profissões poderiam ser assumidas por robôs.

Capacitação é a saída

Um estudo realizado na Suíça, publicado em abril na revista de ciência internacional Science Robotics, previu um cenário, baseado em um catálogo de carreiras e também no perfil da força de trabalho norte-americana, e cruzou as bases de dados com a base europeia de habilidades robóticas.

“É uma proposta metodológica nova, muito interessante e muito promissora”, avalia o presidente do Conselho de Emprego e Relações do Trabalho da Comércio-SP, José Pastore. Entretanto, ele faz uma ressalva: “Para isso se transformar em realidade, são anos-luz”.

No Brasil, a espera deve ser árdua, visto que o país sofre com questões mais urgentes. É preciso enfrentar o desafio de colocar 20 milhões de pessoas no mercado de trabalho antes de pensar em automações desse mercado, destaca Hélio Zylberstajn, professor da FEA/USP. Desde os primeiros impactos da pandemia, a taxa de 11% de desemprego cedeu pouco.

Daqui a alguns anos, no momento em que a metodologia puder ser ampliada e posta em prática à dura realidade brasileira, Hélio pensa que ela conseguirá contribuir para aumentar a qualificação profissional. Assim, o país deve se concentrar em cobrir lacunas na formação profissional clássica.

“Acima de tudo, o Brasil tem uma deficiência de educação básica”, lembra Hélio, acrescentando que, na maioria dos casos, sobra para a iniciativa privada completar a formação precária da população para poder empregar o trabalhador em sua atividade e estreitar a sua relação com a tecnologia.

Inovação abre portas

O Laboratório do Futuro da Coppe-UFRJ reúne cientistas que pesquisam sobre os impactos da automação no mercado de trabalho. Em 2019, foi feito um estudo, liderado pelo pesquisador Yuri Lima, que adaptou a metodologia de Frey e Osborne a um mapa do mercado de trabalho do Brasil e chegou à conclusão de que 47% dos postos de trabalho são suscetíveis às tecnologias da automação. Porém, é difícil fazer uma estimativa precisa dos impactos da automação, pois ela também gera novos empregos.

— Tanto a primeira revolução industrial, nos séculos XVIII e XIX, quanto a quarta, que vivemos agora, de modo geral não causaram desemprego. Mas é importante notar que, mesmo com tudo dando certo no longo prazo, ocorreram processos de disputa e ruptura no curto prazo, que só terminaram bem graças a atores sociais que pressionaram pela construção de um futuro melhor para o trabalho”, explicou Yuri Lima. O pesquisador da UFRJ avalia que os cientistas de Lausanne mostram uma direção de como minorar os problemas causados pela tecnologia.

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