O mistério por trás da perda de sotaque: por quê tem gente que não muda o jeito de falar

Spoiler: tem tudo a ver com o quanto você se identifica com suas origens.

Se você fala com o “r” mais puxadinho, sabemos que é do centro-oeste do Brasil; se você chia os “s” das frases, sabemox que você é carioca. Todas as suas interjeições e estruturas gramaticais denunciam a sua origem. Ter um sotaque é ter uma “identidade” na fala, além de ser um sinal de pertencimento.

Entretanto, aposto que você conhece uma, duas – ou mais! – pessoas que perderam seu sotaque ao longo da vida. Seja para fins profissionais (como é o caso de alguns artistas ou jornalistas) ou porque se mudaram para outro estado ou país e a convivência desfez esta característica da fala.

Por exemplo, um goiano deixa seu estado de origem e se muda para São Paulo para trabalhar. Com certeza, quando voltar a Goiás trará consigo diversos maneirismos dos paulistas: abreviar o nome das pessoas só com a primeira sílaba, transformará o “r” puxado em um “r” mais seco e também deverá acrescentar gírias específicas em suas frases.

Mas por que isso acontece? Continue a leitura e descubra.

Seu sotaque é parte da sua personalidade e da sua origem

O sotaque está intrinsecamente ligado ao senso de identidade de uma pessoa e seu pertencimento a um grupo social, apontam os estudiosos da fala. Isso é algo enraizado no âmago de nosso ser. Afinal, antes mesmo de nascermos já somos expostos ao jeito de falar das pessoas ao nosso redor.

Inclusive, estudos com recém-nascidos mostraram que até mesmo o choro tem um certo sotaque.

À medida em que crescemos, de maneira consciente e inconsciente, vamos incorporando os maneirismos do meio em que vivemos à nossa fala. Além da região em que moramos, classe social, escolaridade e interesses particulares também influenciam na maneira como conversamos.

Quando tudo muda?

Vamos pegar como exemplo o goiano que se mudou para a selva de pedra do início deste artigo. As mudanças em seu sotaque podem acontecer devido a uma necessidade ou desejo de ser mais claramente compreendido e/ou aceito na nova cidade em que mora.

Há, mesmo que inconscientemente, um medo do “ridículo”. Segundo especialistas (via The Conversation.com) a mudança está ligada a um desejo de pertencimento.

Entretanto, para algumas pessoas perder o sotaque é um trabalho hercúleo. Isso porque a maneira como se fala é uma maneira de se lembrar de onde veio. Então, perdê-lo é uma afronta e, de certa forma, negar suas raízes.

Síndrome do sotaque estrangeiro

De acordo com o site The Conversation, em alguns casos – como um dano cerebral ou um acidente vascular cerebral (AVC) – uma pessoa pode desenvolver a síndrome do sotaque estrangeiro. Ela é resultado de danos físicos no cérebro, nas regiões que controlam a fala.

A condição faz com que as pessoas percam a capacidade de fazer mudanças na forma como falam.

Fonte: The Conversation

você pode gostar também

Comentários estão fechados.