O que está acontecendo no Rio Grande do Sul? Entenda a situação

O ‘dilúvio’ que castiga o estado é resultado de uma série de problemas estruturais e condições climáticas adversas específicas.

Desde que as impactantes últimas notícias e imagens vindas do Rio Grande do Sul começaram a tomar os noticiários do país, muitas pessoas têm se perguntado: qual o motivo de tanta chuva e dessas inundações catastróficas em todo o estado?

Com o intuito de entender tudo isso, diversos especialistas se debruçaram sobre as possibilidades e começaram a analisar o status quo climático da região.

Imediatamente, foi notado que o RS pode estar sendo influenciado pela mudança do El Niño para a La Niña, em um movimento que já vinha sendo anunciado há algum tempo.

Imagem: Miguel Noronha/Esquadrar/Estadão Conteúdo/Reprodução

Diferentemente de seu “irmão”, que provoca principalmente aumentos de temperatura, a La Niña age trazendo “ressacas” de chuva e aumentando a umidade em regiões tropicais e subtropicais, como a maioria das regiões do Brasil são classificadas.

O que está chamando mesmo a atenção dos meteorologistas é que o Rio Grande do Sul parece estar “encurralado” no meio de uma frente fria que travou sobre si.

Isso seria a explicação para a chuva forte que parece não querer parar e tem elevado de forma assustadora os níveis dos rios de todo o estado.

Os especialistas apontam que ventos frios e úmidos vindos da Amazônia, do Pacífico e da Patagônia estão sobre o RS neste momento, bem como as já citadas nuvens.

O problema é que essa massa úmida não consegue se espalhar para outras regiões, como acontece normalmente, porque há bloqueios de todos os lados.

Imagem: Renan Mattos/Reuters/Reprodução

Ao Norte, os meteorologistas identificaram uma espécie de domo quente sobre o Sudeste e o Centro-Oeste do país.

A Oeste, um imenso bloqueio atmosférico está estacionado acima do Pacífico, e a Leste, uma convergência de ventos quentes que sopram na direção do RS. É realmente uma condição rara e preocupante.

O coordenador-geral de operações do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), meteorologista Marcelo Seluchi, explica que esse cenário tem mais “a cara” do El Niño.

“Há dois meses atrás eu diria que foi só o El Niño. Mas ele está se encerrando e os ventos naquela região do Oceano Pacífico estão praticamente normais. A situação tem a cara do El Niño, com calor no Centro-Oeste e no Sudeste e chuva incessante no Sul. Mas a umidade que alimenta as chuvas vem da Amazônia, nos rios voadores. E também de frentes frias. Já o Atlântico quente lança mais vapor no ar e isso é alimento de chuva. É uma combinação de fatores e é impossível dizer qual o peso de cada um”, diagnosticou.

Seluchi prevê que a partir deste domingo (5) os bloqueios atmosféricos que prendem as nuvens em cima do Rio Grande do Sul devem se dissipar, permitindo que a frente fria se desloque para o sul, na Argentina e no Uruguai, e para o norte, no estado de Santa Catarina.

De qualquer forma, o volume colossal de água que chegou ao estado ainda deve demorar algum tempo para se dispersar. Por isso, os níveis de alerta devem continuar altos.

Problemas além das chuvas

Imagem: reprodução

A posição geográfica do Rio Grande do Sul torna a região suscetível à ocorrência de chuvas torrenciais como as de agora, que já vêm dando sinais desde abril.

Na verdade, toda a região Sul do Brasil, leste do Paraguai e norte do Uruguai e da Argentina constituem um ponto de convergência para frentes frias e de umidade que vêm de todos os lados, o que historicamente gera fortes tempestades.

Imagem: Força Aérea Brasileira/Reprodução

Por estar inserido nessa “tradição”, o RS deveria estar melhor amparado no que diz respeito à infraestrutura. É claro que, diante de desastres naturais dessa magnitude, poucas são as ações humanas que parecem suficientes.

No entanto, certamente alguns aparatos adicionados previamente reduziriam o sofrimento da população nesse momento.

Mais de 300 cidades gaúchas estão sendo castigadas por uma chuva que não para e por inundações inacreditáveis, nunca antes vistas.

Com isso, milhares de pessoas estão desabrigadas e o estado está parado, economicamente falando.

Nesse momento, o que importa de fato é a reunião de esforços para reconstruir o Rio Grande do Sul e dar a mão àquelas pessoas que estão perdendo tudo, inclusive entes queridos que perderam a vida nas enchentes.

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