O que podemos aprender com o modesto consumo de açúcar pelos chineses

Consumo de açúcar na China chega a 30 gramas por pessoa, bem abaixo de outros países, como Estados Unidos e Índia.

Você já parou para pensar quanto açúcar consome por dia, por semana ou por ano? Ele está em todos os lugares: no café da manhã, no chá da tarde, nos bolos, nos pães e naquele doce depois do almoço. Apesar de onipresente, ele pode ser um veneno para a nossa saúde, e a China já está ciente desta característica.

Isso porque, conforme publicado pelo site Gulf News, o consumo médio diário de açúcar da população chinesa fica em torno de 30,4 gramas por pessoa. É quase a metade da média mundial.  

Nos Estados Unidos, por exemplo, este número é de 84,7 gramas. Nos Emirados Árabes, é 79,2 gramas, e na Índia, 51,2 gramas.

E um detalhe: a Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda que a ingestão diária de açúcar de uma pessoa fique inferior a 50 gramas.

China é produtora, mas não consumidora de açúcar

A China é um dos maiores produtores de açúcar do mundo – assim como a Índia, os Estados Unidos e até mesmo o Brasil. No entanto, não é uma consumidora ávida.

Acontece que o país tem um longo histórico com o açúcar e o consumia de forma diferente. Ao contrário do Brasil, que priorizou o carboidrato extraído da cana-de-açúcar, os chineses comiam maltose, produzida a partir da quebra do amido. Só depois dominaram a tecnologia do refino.

Além disso, tradicionalmente, a culinária das primeiras civilizações chinesas buscava equilibrar a comida em cinco aspectos: doçura, acidez, amargor, pungência e salinidade. Esta afirmação é da professora e pesquisadora de geografia histórica da Southwest University da China, Yong Lan.

Em resumo: o açúcar era usado apenas como um condimento para dar um sabor extra ao prato. Nunca foi um ingrediente de destaque. E esta tradição foi se passando de pai para filho até chegar aos dias atuais.

Acessibilidade e cultura

De acordo com a doutora Chen Zhu, professora na Universidade Agrícola da China, outro fator que contribui para o baixo consumo de açúcar no gigante asiático é a pouca acessibilidade aos alimentos doces. Isso inclui o preço e a oferta.

“[Na China], a acessibilidade ao açúcar e aos alimentos doces é relativamente limitada em comparação com os países ocidentais”, explica ela. “Isso inclui bebidas com menor teor de açúcar disponíveis no supermercado e embalagens menores de açúcar branco vendidas em lojas”.  

Ela também afirma que isso faz com que o custo do produto seja mais alto, o que diminui a propensão para seu consumo frequente.

Outro fator importante para o baixo consumo deste carboidrato no país é uma tradição milenar chinesa: beber água morna.

Uma pesquisa publicada no Food Quality and Preference Journal mostrou que o hábito de beber este líquido pode intensificar o sabor do açúcar. Desta forma, comer muito doce pode ser uma experiência para lá de enjoada.

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