O Renascimento
A criação de Adão, de Michelangelo. A obra acima de autoria do artista renascentista Michelangelo Buonarroti, é considerada uma das mais representativas do movimento cultural conhecido como Renascimento.
O que foi o renascimento? O Renascimento foi um movimento cultural iniciado na Itália, mais precisamente na cidade de Forença no século XIV. Por ter surgido no final da Idade Média, o movimento foi um importante marco de transição para a Idade Moderna.
Os novos conceitos adotados nos diversos campos do conhecimento, como a Filosofia, as Artes e as Ciências rompem com o misticismo característico da sociedade medieval. O Renascimento nasce entre a população das ricas cidades italianas, mas ao longo dos séculos XIV, XV e XI se espalha por todo o continente europeu.
O termo Renascimento ou Renascença estava relacionado ao fato dos integrantes do movimento acreditar que eles proporcionavam um resgate da cultura greco-romana, que segundo os mesmos havia sido abandonada durante a idade média.
Foram os renascentistas que criaram o termo Idade das Trevas para conceituar o período medieval. Esse termo pejorativo atravessou os séculos e serviu para expressar o sentimento preconceituoso que os protagonistas do Renascimento tinham em relação a tudo que se referia à sociedade medieval.
Segundo os homens renascentistas, a religiosidade imposta pela Igreja Católica, influenciava o desenvolvimento de uma sociedade obscura e supersticiosa. O movimento criado por eles se dispunha a romper com essa “escuridão”.
Se na sociedade medieval Deus representado pelo Papa era o centro do universo, no renascimento o protagonista passa a ser o próprio homem. O fortalecimento da burguesia nas cidades medievais eleva a importância dos centros urbanos, o que promove o surgimento de novas ideias e a valorização da individualidade. A preocupação excessiva com a religiosidade cede lugar a preocupação em torno da acumulação de lucros e o sucesso pessoal.
Humanismo Renascentista
Os renascentistas não negavam a existência de Deus, porém eles acreditavam que os interesses com o bem estar humano na terra deveriam ser colocados em primeiro plano. Essa centralização da figura humana da origem a uma das bases do Renascimento: o movimento humanista.
É nesse contexto que os ideais da antiguidade clássica passam a ser resgatados, inclusive com o retorno da reprodução da mitologia greco-romana nas obras criadas a partir desse período.
Cultura Renascentista
Entre os valores defendidos pelos renascentistas, podemos destacar:
- Antropocentrismo: se na Idade Média Deus e a Igreja Católica estavam no centro do universo e a Terra era apenas um lugar de transição para o céu ou o inferno, os pensadores humanistas acreditavam que o homem deveria ganhar lugar de destaque no centro da Terra. O Antropocentrismo é a ideia do homem no centro do conhecimento humano, todas as descobertas e inovações deveriam concentrar esforços para desenvolver o bem estar do homem.
- Hedonismo: durante a Idade Média, o clero condenava a exposição do corpo e a busca pelo prazer. Para os religiosos, o corpo era fonte de pecado e o desejo deveria ser ao máximo reprimido. Já para os renascentistas, o corpo humano era algo extremamente belo, a obra prima da criação. Buscar o prazer em todos os seus sentidos deveria ser um dos objetivos para a realização humana. Inspirados nessa teoria, muitos artistas criaram belíssimas obras que tinham como modelo o corpo humano.
- Individualismo: os renascentistas se opunham a tudo aquilo que oprimia o homem. O conceito de coletivismo não deveria se sobrepor ao indivíduo. Os pensadores desse período valorizam as habilidades e inteligências de cada indivíduo, segundo eles estimular o desenvolvimento individual era o caminho para o maior êxito do coletivo.
- Otimismo: caracteriza-se por apresentar uma nova forma de enxergar o mundo. No Renascimento significa uma pessoa que consegue colocar em prática um pensamento positivo no sentido de buscar inovar, sem se importar com antigos dogmas.
- Racionalismo: os humanistas defendem o uso da razão na busca da verdade através da investigação cientifica. Defende-se a ideia de que o homem é um ser racional e livre, e que ele deve utilizar suas inteligências na elaboração de teorias que promovam o desenvolvimento da sociedade.
Esses novos centros do saber valorizavam o uso da reflexão, do pensamento crítico e da lógica. A invenção dos tipos móveis também facilitou o acesso a essas novas teorias. Até o século XV, os livros eram reproduzidos individualmente, o que tornava o processo lento e caro, impossibilitando que muitos tivessem acesso a eles.
A criação dos tipos móveis metálicos e da imprensa pelo inventor Johannes Gutenberg dinamizou o processo e auxiliou na difusão das obras humanistas.
O período do aprimoramento dos ideais renascentistas coincide com a expansão marítima. A descoberta de novas terras e consequentemente de novas culturas, proporcionou um largo enriquecimento cientifico e cultural para os europeus.
As viagens marítimas estimularam o desenvolvimento dos estudos geográficos e cartográficos, e a descoberta de novas espécies de animais e plantas, ocorreu também o desenvolvimento da botânica e da zoologia.
Renascimento Científico
Na Idade Média, os estudiosos acreditavam em uma teoria geocêntrica. Segundo essa ideia elaborada pelo grego Ptolomeu e defendida pela igreja, a Terra estava no centro do universo e todos os astros giravam em torno dela.
Mas em 1543, Nicolau Copérnico defendeu uma nova teoria, a heliocêntrica. Dessa vez, defende-se a ideia de que o sol era o centro do universo e a Terra juntamente com os demais planetas giravam em sua volta.
Essa teoria comprovou que o homem renascentista apresentava grande preocupação em entender o funcionamento de todos os elementos do mundo.
Os renascentistas também demonstraram interesse em entender o funcionamento do corpo humano. O estudo dedicado à compreensão da anatomia humana proporcionou grandes avanços nesse campo científico. Aos poucos os mistérios do corpo poderiam ser desvendados, gerando meios para entende e sanar algumas enfermidades.
A concepção dessas novas teorias foi recebida com grande desconfiança pela Igreja Católica. A maioria delas questionava os valores impostos pelo clero, o que levou a poderosa instituição religiosa a perseguir e combater com violência os pensadores renascentistas.
Lorena Castro Alves
Graduada em História e Pedagogia
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