Onda global de violência contra professores aumenta: até quando?

Já há anos, o mundo vive uma onda de agressões a professores que partem de alunos ou mesmo de pais/responsáveis.

Recentemente, o suicídio de uma professora primária da Coreia do Sul despertou protestos no mundo inteiro que pedem o fim do atual ciclo de agressões contra professores.

Antes de morrer, Lee-Min So escreveu diversos relatos sobre a pressão psicológica que vinha sofrendo de pais de alunos, além da falta de respeito e comportamento inadequado dos discentes em sala de aula.

A triste história da professora oriental se soma às de outros milhões de professores em todo o mundo, que têm enfrentado essa situação absurda e totalmente inaceitável.

Inclusive, engana-se quem pensa que essa realidade existe apenas em países em desenvolvimento, como o Brasil.

Além da Coreia do Sul, que é considerada uma nação desenvolvida, outros países ricos como Inglaterra e Espanha os casos de agressões físicas, verbais e psicológicas a professores têm aumentado.

Enquanto isso, no Brasil uma série de levantamentos aponta que a maioria dos educadores têm notado um aumento progressivo da violência contra si dentro e fora das escolas.

De acordo com um estudo encomendado pela BBC, um em cada cinco professores foi agredido ao longo de 2023. Mas não é apenas a percepção de hostilidade que aumentou no nosso país.

Cada dia que se passa casos de violência concretizada contra professores são registrados, incluindo agressões físicas e verbais de todos os tipos, bullying e até mortes de profissionais em sala de aula. É um completo absurdo.

Violência contra professores: o que está por trás disso?

Para tentar entender o que está por trás dessa onda de desrespeito aos professores, pesquisadores de todo o mundo buscaram ouvir esses profissionais para ficar a par de suas queixas.

É claro que em meio a tantas respostas situações específicas e pontuais também são citadas, mas no geral os professores convergem em torno de alguns pontos.

Dentre os motivos apontados, os professores costumam citar a crescente insatisfação de muitos alunos, que vão para escola “só por ir”.

Por outro lado, outros reclamam que as escolas “perderam sua importância como instituição” e os professores sofrem por não serem mais vistos como autoridades em sala de aula.

A profissão que forma todas as outras está gritando por socorro. Imagem: reprodução

Tudo isso resulta, ainda, em casos de profissionais acometidos por problemas como ansiedade, depressão e síndrome do pânico, o que só reforça o estigma social de que ser professor, uma das ocupações mais nobres que existem, é desgastante e perigoso.

Há solução?

Apesar do triste e alarmante quadro de desvalorização, desrespeito e hostilidade aos professores em todo o mundo, é possível dizer que sim, há solução. O que parece estar faltando é disposição para resolver o problema.

Em primeiro lugar, é necessária uma melhor estruturação e valorização dos docentes, com melhorias em ambientes de trabalho (escolas/salas de aula), salários e aparato de apoio (psicológico, social, jurídico etc).

Por outro lado, é preciso se voltar para a realidade dos alunos e entender de onde vem toda essa beligerância contra os professores.

Em paralelo, os pais desses alunos revoltosos, que muitas vezes até atrapalham na relação com os docentes, precisam entrar na roda de discussões.

Em outras palavras, o que deve ser feito é uma intervenção global no ambiente estudantil, onde os alunos tenham suas queixas ouvidas e os professores passem a ocupar o seu lugar de direito, como profissionais respeitados e valorizados integralmente.

Antes sagrados espaços de disseminação do saber, hoje muitas salas de aula se tornaram palcos de agressão e desrespeito aos seus legítimos líderes – Imagem: Reprodução

Inclusive, nesse sentido, não é nenhum absurdo levantar a bandeira de que os docentes precisam ser vistos como autoridades em sala de aula (o que de fato são).

Não se trata de uma ode ao autoritarismo extremo, mas à imposição de respeito natural para com os mestres do saber, que doam suas vidas por essa ocupação.

De toda forma, essas e outras ações de combate ao quadro inaceitável de agressão contra os professores devem partir das autoridades competentes, sobretudo no âmbito político e jurídico.

Esses profissionais precisam de apoio “de cima” para terem lastro de segurança para trabalhar.

Nos resta resguardar a esperança de que um dia o contexto educacional do Brasil e até no mundo (quem diria) finalmente se torne o que deveria ser.

você pode gostar também

Comentários estão fechados.