Orangotangos são capazes de fazer beatboxing, segundo pesquisadores
O estudo, que foi realizado por pesquisadores da Universidade de Warwick, na Inglaterra, revelou que orangotangos possuem habilidades labiais semelhantes às dos humanos.
Um estudo liderado pela Universidade de Warwick revelou algo surpreendente sobre os orangotangos.
De acordo com a pesquisa, indivíduos desta espécie têm uma habilidade incrível de soltar dois sons separados ao mesmo tempo, assim como os pássaros cantores e os beatboxers humanos.
O estudo, chamado “Orangotangos selvagens podem usar simultaneamente duas fontes independentes de sons vocais, similarmente a pássaros cantores e beatboxers humanos”, foi publicado numa revista científica de maneira chamada PNAS Nexus.
Mais detalhes sobre a pesquisa
Os cientistas avaliaram dois grupos de animais que estavam soltando a voz em Bornéu e Sumatra e observaram mais de 3.800 horas de ação vocal. Eles notaram que os primatas dos dois grupos faziam o mesmo som vocal.
O Dr. Adriano Lameira, professor da Universidade de Warwick, explicou que assim como nós usamos diferentes partes da boca para fazer sons, como os lábios, a língua e a mandíbula para as consoantes, e as pregas vocais para as vogais, os orangotangos também conseguem soltar esses dois tipos de sons, e até os dois ao mesmo tempo.
Os cientistas viram que os orangotangos machos em Bornéu soltam uns sons chamados “chomps” junto com “grumbles” em momentos de tensão.
Já as fêmeas em Sumatra soltam uns “kiss squeaks” ao mesmo tempo que dão uns “rolling calls” para avisar os outros sobre a presença de predadores.
O que isso diz sobre a nossa evolução?
Madeleine Hardus, que também participou do estudo, esclareceu que nós, como seres humanos, quase nunca soltamos sons com e sem voz ao mesmo tempo: só mesmo quando fazemos beatbox, uma vocalização que imita os ritmos do hip-hop.
Nisso surge a questão: De onde vem essa habilidade no ser humano? Os resultados obtidos lançam a possibilidade de ter a ver com a evolução dos nossos ancestrais.
Os pesquisadores também destacaram que as habilidades vocais dos orangotangos e dos outros grandes primatas eram subestimadas, diferente do que acontecia com as aves, por exemplo.
Nesse sentido, embora a produção de dois sons simultaneamente se assemelhe à linguagem falada, a anatomia das aves é bastante diferente da nossa, tornando difícil estabelecer conexões claras entre o canto das aves e a linguagem humana falada.
Como resultado, o estudo lança questionamentos sobre como a fala humana se desenvolveu ao longo do tempo e como os elementos musicais podem ter influenciado nesse processo.
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