Países começam a testar jornada de trabalho de 4 dias
Estudo aponta ideia promissora de redução na carga horária laboral sem comprometer a eficiência do trabalho, porém há controvérsias.
Na Espanha, a Comunidade Valenciana deu um passo inovador para a rotina de trabalho em setembro do ano passado, anunciando um projeto para as empresas da região em 2022 com uma carga horária reduzida para apenas quatro dias. Alguns previram o sucesso da iniciativa, no entanto, um estudo da Universidade de Valência mostra que a implementação dessa ideia será, no mínimo, difícil.
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Estudo da Universidade de Valência
A redução nos dias laborais, no atual contexto empresarial de muitos autônomos, se mostra complicada, mas não impossível. Conforme a pesquisa citada, empresas de pequeno porte são consideradas as principais barreiras para a realização desse projeto, assim como uma rejeição por parte dos empregadores e o medo das sindicâncias de que essa regra possa gerar uma precariedade dos empregos.
Esse estudo realizou entrevistas para buscar entender o pensamento dos diversos stakeholders que, por mais que achem a ideia interessante a longo prazo, precisam visar outras questões primeiro, como, por exemplo, flexibilidade de horários.
Perda de produtividade
O principal argumento dos empregadores é o de que a produtividade laboral seria reduzida. Segundo esse grupo, com menor carga horária, o rendimento também cairia e, consequentemente, haveria menor competitividade das empresas.
Estresse e precariedade
No entanto, o sindicato acredita que essa mudança pode levar uma maior pressão aos empregados e resultar na redução salarial, trazendo aspectos negativos em diversos setores pessoais ao funcionário e também à empresa. Porém, a ideia defendida é que os salários não sejam reduzidos.
Etapas intermediárias
Dessa forma, com a dificuldade de aceitação por parte dos sindicatos e empregadores, o estudo sugere que algumas etapas intermediárias sejam realizadas primeiro, para que haja uma facilitação na implementação dessas medidas. Entre elas, estão facilitar o trabalho com a incorporação de tecnologias e a flexibilidade da carga horária, por exemplo.
Ainda assim, é possível perceber que essas práticas se tornam mais viáveis em alguns ramos do trabalho, e não todos, dificultando ainda mais essa implementação devido a características de seu modelo de mercado de trabalho. Desse modo, o relatório aponta que as empresas tecnológicas tendem a ter uma eficácia maior com esse modelo de trabalho reduzido para 32 horas semanais.
Suécia e Islândia
Já foram realizados testes parecidos na Suécia em 2015 e na Islândia, nos anos de 2015 e 2019. Na Suécia, o teste foi realizado com funcionários de casas de idosos, que reduziram a carga horária de trabalho de 8 horas diárias para 6 horas, onde se mostraram resultados satisfatórios. No entanto, também houveram críticas e, no fim das contas, a carga de trabalho retornou para 8 horas diárias.
Já na Islândia, a carga horária semanal teve uma redução para 35-36 horas sem redução salarial e obtiveram resultados positivos, mantendo produtividade e melhoria na saúde mental dos funcionários.
Tendência crescente
Desse modo, é possível perceber que há uma adesão em busca de reduzir a carga horária de trabalho semanal e aumentar a flexibilização de horários, mesmo havendo pessoas que pensem de forma contrária. Na Europa, 30 empresas no Reino Unido se pronunciaram alegando que vão testar esse modelo juntamente com as universidades de Cambridge e Oxford.
Com isso, temos a Escócia que está testando esse modelo há alguns meses, e também a Alemanha, que conta com algumas empresas reduzindo a jornada de trabalho de seus funcionários de uma forma diferente, mas otimizando esse pensamento. Sendo assim, outros países no restante do mundo, como Nova Zelândia e Japão, ainda estão buscando aplicar modelos semelhantes.
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