Pela primeira vez estudo registra ocorrência de região árida no Brasil
A recente identificação de uma região árida no norte da Bahia marca um momento crítico para o clima brasileiro.
Pela primeira vez na história climatológica do Brasil, pesquisadores do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden) identificaram uma região com características de clima árido no norte da Bahia.
Este marco não apenas redefine a compreensão do clima nacional, mas também ressalta o avanço preocupante do semiárido brasileiro, evidenciando as influências diretas do aquecimento global em nosso território.
A região árida, abrangendo cerca de 5,7 mil quilômetros quadrados, envolve áreas das cidades de Abaré, Chorrochó, e Macururé, entre outras. Diferente da seca, que é um fenômeno temporário, a aridez caracteriza-se pela falta crônica de umidade, indicando um desequilíbrio mais profundo e permanente no ciclo hídrico da região.
Essa descoberta é alarmante, pois, além de sinalizar uma mudança climática significativa, aponta para potenciais processos de desertificação que podem afetar drasticamente a biodiversidade local, a agricultura, e a pecuária, pilares econômicos de vastas regiões do país.
O estudo que trouxe à luz essa realidade utilizou uma metodologia internacionalmente reconhecida para calcular o índice de aridez, levando em consideração a relação entre a precipitação e a evapotranspiração potencial da região.
Resultados indicam que, com exceção do Sul do país e áreas litorâneas de alguns estados, a tendência ao aumento da aridez é uma realidade brasileira. Isso se deve, em grande parte, ao aquecimento global, que intensifica a evapotranspiração, reduzindo a disponibilidade hídrica e aumentando o risco de queimadas e desertificação.
Imagem: INPE/Reprodução
Além das implicações ambientais imediatas, como a perda de biodiversidade e a degradação do solo, a expansão do clima árido e semiárido no Brasil ameaça seriamente a segurança hídrica e alimentar. Regiões que antes eram consideradas férteis estão agora sob a ameaça de se tornarem improdutivas.
A resposta a esta emergência climática requer ações integradas e investimentos substanciais em ciência e tecnologia, visando a implementação de práticas sustentáveis que minimizem os impactos socioeconômicos. O Ministério do Meio já sinaliza planos, os quais preveem ações para os próximos 20 anos, abrangendo metas específicas de curto, médio, e longo prazos, além de arranjos institucionais que envolvem diversos setores.
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