‘Precisamos reescrever’ a história de 1980, diz Murakami em seu novo livro
Em uma entrevista, Murakami revelou seu desejo de reescrever a história de 1980 em seu novo livro.
Os fãs de Haruki Murakami podem esperar uma super novidade! O autor de 74 anos lançou seu primeiro romance completo em seis anos, na última quinta-feira (13), intitulado “The City and Its Uncertain Walls”, publicado pela Shinchosha Publishing.
Essa história é uma versão radicalmente revisada de uma novela que foi originalmente publicada em uma revista pelo autor em 1980, mas nunca foi lançada como livro.
Durante uma entrevista recente, Murakami afirmou que agora tem a habilidade de escrever romances exatamente como deseja, e que este é o momento ideal para reescrever essa história.
A novela original, que tem o mesmo nome do novo livro, foi publicada um ano após Murakami fazer sua estreia profissional ao ganhar o Prêmio Gunzo New Writers’ de 1979, por seu primeiro romance “Hear the Wind Sing”
Os fãs estão ansiosos para ler essa nova versão!
Murakami não contava de se tornar um romancista
O aclamado escritor Haruki Murakami nunca planejou se tornar um romancista. Após escrever seu primeiro romance, ‘Pinball, 1973’, ainda se considerava inexperiente nessa área.
O que o consagrou como escritor de ficção foi o livro ‘Hear the Wind Sing’. E a novidade é que uma de suas obras não publicadas, ‘A cidade e seus muros incertos’, ganhou vida e foi lançada recentemente.
Murakami já havia escrito essa novela há alguns anos, mas afirmou que não a publicou antes porque sentia que ainda não estava satisfeito com o resultado final.
Contudo, ele ressaltou que a obra contém elementos importantes para ele, além de carregar a estrutura da história original, em que o protagonista é guiado por You para uma cidade cercada por muros.
Essa não é a primeira vez que o autor revisita uma de suas obras passadas. Em 1985, ele já havia reescrito “Hard-Boiled Wonderland and the End of the World”. Naquela época, Murakami afirmou que ainda estava aprendendo a escrever e se sentia limitado pelas suas habilidades.
Mas ele não desistiu e foi se aprimorando a cada obra, até que em 2000, com “Sydney” – um livro de não-ficção sobre as Olimpíadas de Sydney – finalmente encontrou seu próprio estilo de escrita. A partir daí, vieram outros sucessos, como “Kafka on the Shore” e “1Q84”, e Murakami sentiu-se preparado para revisitar “A cidade e seus muros incertos”
Processo de inspiração
Durante a pandemia de COVID-19, Murakami encontrou mais tempo para ficar em casa e refletir. Foi então que ele decidiu pegar “A cidade e seus muros incertos” de uma velha gaveta e trabalhar nele.
A história começa com Boku (Eu), um jovem de 17 anos, e seu amigo Kimi Junior (Você), construindo uma cidade murada misteriosa. Mas para entrar na cidade, as pessoas precisam deixar suas sombras para trás. Isso é um problema para Watashi (Outro Eu), que precisa se livrar de sua sombra esquerda para entrar na cidade.
Depois de algum tempo, Boku cresce e se torna um homem de 40 anos. Watashi é confrontado com uma decisão difícil.
As paredes são um tema muito presente na obra de Murakami, e em seu discurso de aceitação do Prêmio de Jerusalém de 2009, para a Liberdade do Indivíduo na Sociedade, ele afirmou que prefere estar sempre do lado do ovo quebrado do que da parede alta e sólida.
Como ‘The Wind-Up Bird Chronicle’ marcou história
Foi em seu livro “The Wind-Up Bird Chronicle”, publicado em 1994, que Murakami expressou sua filosofia intrigante. A obra está repleta de conceitos intrigantes, incluindo o de passar por paredes.
O escritor afirma que para ele, um muro representa a fronteira entre este mundo e o mundo do outro lado. E as pessoas que conseguem passar por esses muros são como dispositivos-chave em sua escrita, sendo seres muito importantes.
Para Murakami, as paredes têm muitas formas. Há as que separam a consciência e a inconsciência, a realidade e a ilusão. E também há as paredes que dividem o mundo real, como o Muro de Berlim ou o muro que divide a Palestina e Israel, que deixou uma impressão duradoura em Murakami.
O mais interessante é que o significado das paredes nos livros dele muda de acordo com as pessoas que estão dentro delas. É fascinante ver como ele usa esse conceito para dar mais profundidade aos seus romances.
E então, ficou curioso para embarcar nessa aventura literária?
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