Profissionais da geração Z estão se estressando mais no trabalho
Uma professora de psicologia explica que isso se dá por causa da “extinção” dos limites entre vida profissional e pessoal.
Na atualidade, marcada pela aceleração digital, a juventude contemporânea, frequentemente denominada Geração Z, tem se deparado com desafios sem precedentes no ambiente de trabalho.
Em um estudo conduzido pela empresa Deloitte em 2023, envolvendo 14.483 indivíduos da Geração Z em 44 países, constatou-se que 46% desses jovens enfrentam ansiedade e estresse de maneira constante no trabalho.
Adicionalmente, mais de um terço manifesta sentimentos de exaustão, baixos níveis de energia e desconexão mental em relação às suas ocupações, principalmente devido a ambientes tóxicos e sobrecarga laboral.
Como resultado, muitos integrantes da “Gen Z” estão explorando alternativas ao tradicional modelo de “9h às 5h”, inclinando-se para atividades profissionais menos exigentes. Essas posições são marcadas por níveis reduzidos de estresse e oferecem atraentes pacotes de compensação.
(Imagem: divulgação)
Conselhos de uma psicóloga
Kathleen Pike, professora de psicologia na Universidade de Columbia e CEO da One Mind at Work, com sede em Londres, destaca a elevada tensão enfrentada pelos profissionais da Geração Z no trabalho.
Em entrevista ao portal Business Insider, Pike enfatiza que esse grupo encara pressões profissionais superiores às gerações anteriores, aparentemente devido à dissolução dos limites tradicionais entre vida profissional e pessoal causada pela tecnologia.
A professora ressalta que as gerações mais antigas não vivenciaram as mesmas interações tecnológicas no início de suas carreiras. Naquela época, o trabalho era mais segmentado, desprovido de conectividade constante através de smartphones ou internet.
Com a tecnologia basicamente implodindo as fronteiras entre trabalho e vida pessoal, a Geração Z enfrenta desafios na adaptação a esse novo cenário, conforme apontado pela psicóloga em sua análise.
Como enfrentar essa situação?
Kathleen Pike esclarece que cada vez mais membros da geração Z estão empenhados em restaurar fronteiras para reequilibrar as diversas esferas de suas vidas.
Contudo, algumas dessas pessoas se veem num dilema entre a expectativa de disponibilidade constante a empregadores e o receio de perder oportunidades de trabalho, caso desconectem um pouco.
Para contornar esse cenário, alguns profissionais estão adotando estratégias que viabilizem a continuidade profissional sem comprometer a saúde mental, almejando manter suas ocupações sem sucumbir ao esgotamento.
Doenças mentais vs. estresse do trabalho
Em paralelo a esses métodos de enfrentamento, Pike adverte sobre a importância de discernir entre o estresse comum e as enfermidades mentais graves desencadeadas pelas pressões laborais.
A professora destaca que distúrbios mentais geralmente se manifestam com sintomas persistentes e característicos, como ataques de pânico e transpiração excessiva pelas mãos decorrente da ansiedade, além da apatia resistente ocasionada pela depressão.
Por outro lado, condições emocionais vinculadas diretamente ao ambiente de trabalho, a exemplo da síndrome de burnout, provocam aversão ou pavor à ideia de comparecer ao emprego.
Caso tais sintomas não se manifestem, é provável que o estresse experimentado pelo profissional esteja relacionado à rotina laboral em si, caracterizando uma situação normal.
Trabalho é trabalho, descanso é descanso
(Imagem: divulgação)
De qualquer forma, Kathleen Pike avalia que deve haver um respeito e observância aos limites entre a “hora de trabalhar” e a “hora do descanso”.
Boas práticas nesse sentido são:
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Não misturar assuntos pessoais com assuntos profissionais e vice-versa;
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Separar contas pessoais e contas profissionais em redes sociais e apps de mensagem;
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Ter um número telefônico pessoal e um profissional e, ao final do expediente, desativar o número pessoal (a menos que as características do trabalho exijam assistência 24h);
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Não negligenciar sinais de esgotamento mental. A qualquer sinal, procurar ajuda;
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Sempre refletir se o trabalho atual realmente vale a pena em relação à saúde mental;
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Valorizar bons ambientes de trabalho e exigir o cumprimento de direitos, sempre observando os deveres.
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