Religião Indígena – Cultura, resumo, rituais, símbolos
A cultura brasileira é marcada fortemente pelos hábitos dos povos indígenas. Seja em costumes, como tomar banho, alimentação e palavras de origem indígena. Confira.
Estima-se que existam cerca de 230 povos indígenas no Brasil, que têm com costumes, línguas e crenças diversas.
Esses grupos estão distribuídos por mais de 670 terras indígenas que já foram identificadas e homologadas ou encontram-se em processo de homologação pelo governo federal.
Características da Cultura Indígena
1 Crenças e superstições
As crenças religiosas e superstições tinham um importante papel dentro da cultura indígena.
Os indígenas temiam ao mesmo tempo um bom Deus (Tupã) e um espírito maligno, tenebroso, vingativo conhecido como Anhangá, para as aldeias do sul e Jurupari, ao norte.
Algumas tribos pareciam evoluir para a astrolatria (adoração aos astros) embora não possuíssem templos, e adoravam o Sol (Guaraci – mãe dos viventes) e a Lua (Jaci – nossa mãe).
O culto aos mortos era rudimentar. Algumas tribos incineravam seus mortos, outras os devoravam, e a maioria, como não houvesse cemitérios, encerrava seus cadáveres na posição de fetos, em grandes potes de barro, conhecidos como igaçabas, encontrados suspensos tanto nos tetos de cabanas abandonadas, como no interior de sambaquis.
Os mortos eram pranteados obedecendo-se a uma hierarquia.
O comum dos mortais era chorado apenas por sua família;
o guerreiro, conforme sua fama, poderia ser chorado pela taba ou pela tribo.
No caso de um guerreiro notável, todo o grupo chorava por ele.
2 Rituais indígenas mais comuns
Uma grande parte dos rituais realizados pelos diversos grupos indígenas do Brasil pode ser classificada como ritos de passagem. Os ritos de passagem são as cerimônias que marcam a mudança de um indivíduo ou de um grupo de uma situação social para outra. Como exemplo, podemos citar aqueles relacionados à mudança das estações, aos ritos de iniciação, aos ritos matrimoniais, aos funerais e outros, como a gestação e o nascimento.
Entre os Tupinambá – grupo indígena extinto que habitava a maior parte da faixa litorânea que ia da foz do rio Amazonas à ilha de Cananéia, no litoral paulista-, quando nascia uma criança do sexo masculino, o pai levantava-se do chão e cortava-lhe o umbigo com os dentes.
A seguir, a criança era banhada no rio, após o que o pai lhe achatava o nariz com o polegar. Em seguida, a criança era colocada numa pequena rede, onde eram amarradas unhas de onça ou de uma determinada ave de rapina. Colocavam-se, ainda, penas da cauda e das asas dessa ave e, também, um pequeno arco e algumas flechas, para que a criança se tornasse valente e disposta a guerrear os inimigos.
O pai, durante três dias, não comia carne, peixe ou sal, alimentando-se apenas de certo tipo de farinha. Não fazia, também, nenhum trabalho até que o umbigo da criança caísse, para que ele, a mãe e a criança não tivessem cólicas. Três vezes por dia punha os pés no ventre da esposa.
Nesses dias, o pai fazia pequenas arapucas e nelas fazia a tipóia de carregar a criança; tomava, também, o pequeno arco e as flechas e atirava sobre a tipóia, pescando-a depois com o anzol, como se fosse um peixe. Assim, no futuro, a criança caçaria ou pescaria.
Quando o umbigo caía, o pai partia-o em pedacinhos e pregava-os em todos os pilares da oca, a fim de que o filho fosse, no futuro, um bom chefe de família.
O pai também colocava aos pés da criança um molho de palha, que simbolizava os inimigos. Quando todas essas práticas tinham sido realizadas, a aldeia por inteiro se entregava às comemorações. Nesses dias, era escolhido um nome para o recém-nascido.
Através desse rito de incorporação, o pai assumia a paternidade e se reconhecia ao recém-nascido, um lugar na sociedade Tupinambá, como homem ou mulher.
Cabe destacar que nesses rituais ligados à gestação e ao nascimento não só a criança, como também seus pais, eram submetidos ao ritual de passagem. O reconhecimento da gravidez da mulher punha o pai e a mãe num estado de cuidados especiais, separando-os, de certo modo, pela maneira de se comportar, dos demais habitantes da aldeia.
Ficavam, assim, segregados até que a criança nascesse e os ritos de sua incorporação fossem realizados, momento em que eles eram reintegrados à vida normal, desempenhando um novo papel social: pai e mãe de um novo membro da sociedade.
3 Modo de vida indígena
Os indígenas de morar em ocas ou malocas, que medem mais ou menos 20 metros de comprimento por 10 metros de largura e 6 metros de altura, feitas de madeira e cobertas por folhas de palmeiras.
Fazem uma espécie de parede dupla com um espaço entre ambas o que permite uma ventilação adequada, tornando o ambiente, no seu interior bastante agradável, seja no frio ou no calor.
Uma aldeia é composta de várias malocas, onde habitam várias famílias. Cada maloca possui um chefe daquele grupo, que quando reunidos formam uma espécie de “colegiado”.
As casas eram construídas em volta de um pátio, local de festas e de reunião.
Os índios viviam, e alguns ainda vivem, da caça, da pesca e coleta de vegetais silvestres, obedecendo aos ciclos de atividades de subsistência da Floresta Tropical: chuvas, enchentes, estiagem e seca.
Reuniam-se em grupos que podem ser: de casais, consanguíneos (parentesco), intercasamento e relações de servidão. Na maioria dos grupos o casamento pode ser dissolvido.
Muitos tribos ainda preservam a infância da mulher que só pode se tornar esposa após a primeira menstruação, ou menarca (acompanhada de ritual especial, de acordo com a tribo).
Na cultura indígena, não existem padrões morais de virgindade ou adultério, tudo se resolve com conversas entre parentes próximos e com acordos entre as famílias.
Há tribos de costumes matriarcais, patriarcais, monogamia (um só esposo ou esposa – com uniões que podem ser dissolvidas) e poligamia (um esposo com várias esposas, ou uma esposa com vários maridos).
4 Chefes da tribo
Cada nação indígena tem um líder, que comanda a tribo nas caçadas e nas guerras ou na resolução de alguma disputa interna.
O líder deve conversar com os demais e ouvir suas opiniões e, sempre que precisa tomar uma decisão importante, pede conselhos aos mais velhos.
Além dele, há o pajé, que é o líder espiritual e possui grande prestígio e poder entre os nativos, pois ele conhece e manipula as ervas curativas. Ainda, faz as oferendas aos deuses e se comunica com as divindades.
5 Como é o trabalho em aldeias indígenas
Os índios trabalham para conseguir alimento, fazer uma casa, uma rede, uma festa, ou seja, para satisfazer às necessidades básicas do grupo.
O trabalho nas aldeias é coletivo, dividido entre todos os membros que moram na tribo. Essa divisão era feita de acordo com o gênero (homens e mulheres) e por idade.
Em geral, as tarefas masculinas são: caçar, pescar, preparar a terra para o plantio e defender a comunidade.
E as atividades femininas são: plantar, coletar frutos e raízes, cozinhar, fazer utensílios de cerâmica e cestos, além de cuidar dos filhos.
6 Armas para a caça
Os índios costumam construir seus próprios acessórios e armas. Fabricavam fabricam arcos perfeitos, instrumentos cortantes feitos com bicos de aves e enfeites plumários.
A caça feita pelos índios é composta geralmente por venenos aplicados nas pontas das lanças usadas.
Dentre as armas, destaca-se a zarabatana, tubo comprido que funciona por compressão de ar. Suas setas são untadas com um veneno chamado curare, extraído da casca de cipós.
Os índios também utilizam a prática de envenenar os peixes por sufocação com o uso do timbó, cipó que é jogado em uma determinada parte do rio e, força os peixes a vir à tona e, assim, eles são facilmente capturados.
7 Pintura corporal
As pinturas de corpo partem de elemento natural para torná-lo geométrico.
Geralmente não matam as aves para comer, usam apenas suas penas coloridas, que guardam enroladas em esteiras para conservar melhor, ou em caixas bem fechadas com cera e algodão.A arte plumária é praticamente restrita aos homens.
Nas tribos em que as mulheres usam penas, são discretas, colocadas nos tornozelos e pulsos, geralmente em cerimônias especiais.
Também usam diversos tipos de cocares, braceletes, cintos, brincos.
8 Tecido para vestimenta
Alguns grupos indígenas, como os Vaurá, plantam algodão e fazem vários enfeites, como os usados em seus pentes. Usam uma tinta preta extraída do suco de jenipapo.
As vestimentas usadas pelos índios estão relacionadas às necessidades climáticas, à observação da natureza e aos seus ritos e festas.
9 Tipos de canoas indígenas
Os grupos indígenas usam o leito dos rios ou o mar para transportar com rapidez, navegando em canoas ou em jangadas.
As canoas maiores são construídas de troncos de árvores rijas e chamam-se igaras, igaratés ou igaraçus.
Já as canoas ligeiras, as ubás, eram feitas de grossas cascas vegetais, e movidas a remo de palheta redonda ou oval ou ainda a vela.
As jangadas, pequenas e velozes, por sua vez, constituíam-se de vários paus amarrados uns aos outros por fibras vegetais.
10 Música indígena
Os índios são amantes da música, que praticam em festas de plantação e de colheita, nos ritos da puberdade e nas cerimônias de guerra e religiosas.
Os instrumentos musicais mais comuns são: toró (flauta de taquara), boré (flauta de osso), o mimbi (buzina) e o uaí (tambor de pele e de madeira).
11 Alimentação indígena
Diversos alimentos consumidos pelos nativos são hoje parte importante da culinária brasileira.
Veja a seguir alimentos que são contribuições dos povos indígenas:
- Mandioca (também conhecida como macaxeira ou aipim)
- Milho
- Batata-doce
- Amendoim
- Abacaxi
- Caju
- E plantas medicinais como erva-mate, guaraná, tabaco e coca.
(Fontes: Museu do Índio e Cola da Web)
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