Saiba quem foi Al-Idrisi, pai da geografia medieval e influenciador da geografia moderna
Conheça a vida e as contribuições do cartógrafo árabe que desbravou o mundo medieval com seus mapas.
Muitas vezes, a história é moldada por mentes visionárias que desafiam as fronteiras do conhecimento e da exploração.
Abu Abd Allah Muhammad al-Idrisi al-Qurtubi al-Hasani al-Sabti, ou simplesmente Al-Idrisi, é uma dessas mentes brilhantes que deixaram uma marca indelével no mundo da geografia medieval.
Continue lendo e embarque em uma verdadeira jornada pelo passado, onde exploraremos a incrível vida e as realizações desse notável cartógrafo árabe.
O legado de Al-Idrisi
Al-Idrisi, um viajante muçulmano do século XII, desempenhou diversos papéis, desde geógrafo e cartógrafo até egiptólogo.
A linhagem dele remonta à dinastia xerifiana Hammudid, que governou cidades como Málaga, Ceuta e Tânger até o século XI. Seu caminho rumo à imortalidade histórica começou em Córdoba, na Espanha, onde estudou e acumulou conhecimento.
(Imagem: Wiki commons/reprodução)
O destino levou Al-Idrisi a uma parceria inesperada com Rogério II, rei da Sicília, por volta de 1144. O interesse do rei pela geografia pode ter sido a inspiração por trás desse convite. Foi nesse momento que Al-Idrisi começou a ganhar renome como um distinto geógrafo.
Al-Idrisi empreendeu uma missão monumental: criar um mapa-mundi abrangente, uma tarefa assombrosa para a época. Utilizando uma esfera de prata como base, ele registrou meticulosamente informações sobre continentes, rotas de comércio, lagos, rios, cidades e montanhas.
Após quinze anos de incansável trabalho, Al-Idrisi apresentou ao mundo o “Al-Kitab al-Rujari” ou “O Livro de Viagens Agradáveis a Terras Distantes”.
Este atlas, composto por setenta mapas, abrange sete zonas climáticas de acordo com o sistema de Ptolomeu, mostrando a Eurásia e a parte norte da África. Durante séculos, foi considerado o mapa mais preciso disponível.
Os mistérios e erros dos mapas
Apesar de sua notável precisão para a época, os mapas de Al-Idrisi não estavam isentos de equívocos. Um dos erros mais notáveis foi a representação da “Grande Irlanda”, que, provavelmente, correspondia à Groenlândia, um território autônomo dinamarquês.
(Imagem: Wiki commons/reprodução)
Outras imprecisões incluíam a representação incompleta da Europa, uma África exagerada e uma representação estendida, que erroneamente sugeriam que Al-Idrisi era um defensor da teoria terraplanista.
Curiosamente, muitos mapas árabes da época apresentavam o sul no topo, o que se acredita ter sido feito para auxiliar os convertidos ao Islã a se orientarem em direção a Meca.
O legado preservado
Tragicamente, o rei Rogério II, que encomendou o mapa, faleceu poucas semanas após sua conclusão, e seus sucessores destruíram a esfera de prata original e a versão original do atlas em 1160. Al-Idrisi fugiu para a África, levando consigo a versão em árabe de sua obra.
O trabalho de Al-Idrisi permaneceu influente, especialmente no mundo árabe, por séculos. Apenas em 1619, mais de quinhentos anos depois, suas obras foram traduzidas para as línguas latinas, permitindo que os europeus conhecessem sua genialidade cartográfica.
Atualmente, restam apenas dez cópias manuscritas da “Tábula de Roger”, sendo cinco delas completas. O manuscrito mais completo é o “Manuscrito de Istambul”, que preserva todos os setenta mapas.
Al-Idrisi entrou para a história como um dos pais da geografia medieval e foi homenageado com uma estátua no Marrocos. A história desse gênio é um lembrete eterno da capacidade humana de explorar, aprender e moldar nosso entendimento do mundo, independentemente dos obstáculos.
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