Secretaria de Cuiabá abre sindicância, após agressão à criança autista
A vítima, uma menina de apenas 1 ano e dez meses, sofreu escoriações e hematomas no braço esquerdo
Nove dias após a agressão sofrida por uma criança (uma menina) autista de 1 ano e dez meses na Escola Municipal de Educação Básica (EMEB) José Nicolau Pinto, em Cuiabá (MT), a Secretaria Municipal de Educação (SME) anunciou, nesta sexta-feira (18), a abertura de uma sindicância para investigar as responsabilidades pelo incidente, que resultou, ainda, no afastamento imediato da diretora da instituição, além da coordenadora de ensino e de técnicas de Desenvolvimento Infantil (TDIs), que atuavam na sala de aula.
A linha de investigação partiu da denúncia da mãe da criança, mas o episódio já é marcado por controvérsias, uma vez que, segundo a versão da diretora e da professora (não identificadas pela reportagem local) a vítima havia sido mordida por outro aluno, em meio a ‘um desentendimento entre crianças’, o que contradiz o laudo da Perícia Oficial e Identificação Técnica (Politec), pelo qual a criança apresentava três escoriações e hematomas no antebraço esquerdo, que teriam sido causados por unhas.
Ao admitir ter tomado conhecimento do caso, somente na última segunda-feira (14) – por e-mail encaminhado pela Delegacia Especializada dos Direitos da Criança e do Adolescente (DEDDICA), acompanhado pelo boletim de ocorrência registrado pela mãe – a SME reafirmou, de forma burocrática, ‘seu compromisso com o bem-estar e a segurança dos estudantes atendidos na rede pública municipal, assim como com o acolhimento das famílias’.
Ao mesmo tempo, a vereadora Maysa Leão (Republicanos) cobrou da SME providências urgentes ante à agressão cometida contra a criança autista. “Precisamos de pessoas capacitadas para estar à frente de uma Secretaria de Educação e pessoas humanas. Pessoas que tenham coração. Quero respostas da secretária sobre o que aconteceu e até quando vamos ter problemas desta ordem. Estou pedindo concurso para Cuidadora de Aluno com Deficiência (CAD), para a empresa Conviva parar de ganhar R$ 4,3 mil nas costas da trabalhadora, e a trabalhadora ganhar R$ 1,5 mil, além delas estarem inseguras, se sentindo ameaçadas de exoneração, além de terem sido proibidas de falar com os pais dos alunos”, afirmou.
Ao mesmo tempo, Maysa revelou ter protocolado requerimento de audiência pública para debater o caso. Segundo a parlamentar, “autismo não é uma doença. É uma condição. Existem níveis de suporte e o autista precisa de cuidador para não se machucar, para não se desregular. É negado constantemente às crianças que chegam com prescrição médica de cuidadora. As mães já foram chamadas de mentirosas. Chega da humilhação que essas mães estão passando com essa gestão”, protestou.
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