SIG – Sistemas de Informações Geográficas

Os SIG – Sistemas de Informações Geográficas – são um conjunto de procedimentos, equipamentos e programas computacionais empregados com o objetivo de analisar o espaço geográfico através de coletas de informações, armazenamento, registro, manipulação e visualização de dados a fim de melhor conhecer e representar a superfície terrestre. Trata-se de um importante instrumento de análise da realidade, utilizado por organizações, governos e pesquisadores, sendo também uma importante ferramenta para a produção de cartas, bases cartográficas e mapas temáticos.

A utilização dos sistemas de informações geográficas abrange desde o planejamento até a resolução de situações problemáticas. O exemplo mais clássico e mais amplamente utilizado para destacar a importância do SIG é o caso de um médico inglês que, em meados do século XIX, cartografou (mapeou) os casos registrados de um surto de cólera na cidade de Londres, o que lhe permitiu identificar a fonte causadora da doença: um poço d’água utilizado pela população.

O funcionamento dos SIG ocorre a partir da entrada e saída de dados. No primeiro momento acontece a sistematização de informações como dados gráficos, tabulares, digitais, fotografias aéreas, imagens de satélite, entre outros. Em seguida, ocorre o gerenciamento, a análise e o processamento desses dados, o que resulta na produção de relatórios, mapas, cartogramas, dados digitais, informações estatísticas e demais tipos de representação de um dado aspecto da realidade social ou até natural.

Dentre as funcionalidades dos SIG, convém destacar:

  1. Identificar um dado aspecto do espaço geográfico (como distribuição da população, localização de empresas, etc.) e realizar a sua representação cartográfica;
  2. Planejar ações públicas de investimento em obras ou intervenções urbanas;
  3. Planejar e prever gastos públicos com serviços como coleta de lixo, implantação de saneamento básico, construção de vias pavimentadas e muitos outros.
  4. Levantamento imobiliário para a determinação de loteamentos, cálculos de impostos e medição da valor especulativo de uma determinada área.
  5. Controle e coordenação do sistema de transporte, seja ele público, privado, municipal, interestadual ou nacional.
  6. Cadastro de moradores com base em critérios preestabelecidos, como renda, idade, entre outros, o que permite a realização dos mais diversos tipos de serviços, estudos acadêmicos e demais possibilidades.
  7. Uso individual, em que cidadãos utilizam equipamentos eletrônicos ou mapas para se deslocarem no espaço das cidades ou até do campo.
  8. Georreferenciamento de áreas rurais para auxiliar na produção agropecuária, na chamada “agricultura de precisão” ou para o controle do desmatamento e da ocupação ilegal em áreas de preservação ambiental.

Para a melhor compreensão acerca dos Sistemas de Informações Geográficas e seus elementos, é comum, na literatura especializada, a diferenciação de três tipos ou procedimentos dele constituintes: o sensoriamento remoto, o GPS e o geoprocessamento.

SENSORIAMENTO REMOTO

O sensoriamento remoto é conceituado como o conjunto de técnicas de captação e registro de informações geográficas da superfície terrestre. Esse registro pode ser realizado tanto a partir da obtenção de imagens quando através do acúmulo de dados referentes a uma dada porção do espaço. Em algumas definições, considera-se sensoriamento remoto qualquer análise do espaço que seja feita a partir da intermediação de algum instrumento digital, configurando uma visualização indireta da realidade.

O processo de obtenção de imagens no sensoriamento remoto obedece a dois métodos principais: o primeiro deles é a aerofotogrametria, que é a obtenção de fotografias aéreas e o segundo é o registro de imagens por satélites.

A técnica da aerofotogrametria foi desenvolvida através do uso de balões no século XIX, antes mesmo do sensoriamento remoto, que foi criado ao longo da Primeira Guerra Mundial. Com o tempo, primeiramente para fins bélicos, desenvolveu-se a metodologia de se fixar câmeras fotográficas em aviões, que seguem rotas preestabelecidas. Nesse sistema, as fotos são processadas por aparelhos chamados restituidores, onde passam por um processo de montagem, o que hoje é realizado por programas de computador. Assim, é possível mapear ou ter uma visualização completa de uma dada área ou região.

aerofotogrametria

Com o aprimoramento tecnológico no campo espacial, acelerado principalmente pela ocasião da Guerra Fria, também se desenvolveram o uso de imagens de satélite, que conseguem captar, com ampla precisão, qualquer área da superfície terrestre. O principal satélite é o Landsat, lançado originalmente pelos Estados Unidos em 1972 e que já foi substituído diversas vezes, sempre por um versão tecnologicamente mais avançada e mais precisa. Várias organizações públicas e privadas fazem uso dessas imagens, incluindo o IBGE. Além desse, um outro sistema é o CBERS (Satélite Sino-Brasileiro de Recursos Terrestres), resultante de um acordo realizado entre o Brasil e a China.

GPS – SISTEMA GLOBAL DE POSICIONAMENTO

O GPS (Global Position System: Sistema Global de Posicionamento) é um sistema composto por três diferentes segmentos: a utilização do sensoriamento remoto, o controle terrestre dessas informações e a utilização delas pelos usuários em aparelhos que também costumam receber o nome “GPS”, o que também pode ser realizado atualmente por computadores, sites, aparelhos celulares, tablets, veículos e outros.

Em geral, o GPS utiliza-se de um conjunto de dezenas de satélites, que analisam e enviam imagens para um base terrestre. Essa base é a responsável por receber e qualificar essas imagens, incluindo a cartografia de ruas, bairros e demais tipos de localidade, o que se torna muito útil no sentido de facilitar o deslocamento em grandes cidades e a obtenção de endereços. Atualmente, existem sites e aplicativos de smartphones que permitem o traçado de rotas alternativas em áreas urbanas para evitar congestionamentos, bloqueios de estradas e trânsito lento, o que demonstra uma das muitas utilidades práticas do GPS.

GPS no Celular

GEOPROCESSAMENTO

O Geoprocessamento é considerado a etapa final dos Sistemas de Informações Geográficas. Ele consiste na utilização de imagens obtidas pelo sensoriamento remoto para a produção de interpretação de dados, o que é gerenciado por uma rede de equipamentos e softwares, que são comumente chamados de “programas GIS”. Entre os softwares mais utilizados, destacam-se o ArcView e o ArcGis, ambos produzidos pela ESRI (Environmental Systems Research Institute). Em geral, o produto final do geoprocessamento são as bases cartográficas e os mapas temáticos, o que inclui os mapas didáticos disponíveis na internet e em livros didáticos.

Atualmente, tanto o Geoprocessamento em si quanto as demais formas de SIG encontram-se amplamente popularizadas, através da difusão da internet e na disponibilização de ferramentas online, como o Google Earth, o Google Maps (ambos da Google), o Ovi Maps 3D (da Nokia), o Microsoft Worldwide Telescope (da Microsoft), dentre outros.

Por Rodolfo F. Alves Pena
Mestre em Geografia

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