Silenciosa epidemia: 8 em 10 brasileiros desconhecem que sofrem de demência – conheça os sinais por fase
Estima-se que 8 entre 10 brasileiros que têm a doença não sabem o próprio diagnóstico.
O envelhecimento da população, que acompanha o avanço da medicina moderna, faz com que algumas doenças fiquem mais comuns no dia a dia. É o caso da demência, que atinge principalmente as pessoas mais idosas.
Segundo um levantamento publicado pelo Estadão, a doença acomete aproximadamente 1,76 milhão de idosos no Brasil – ou seja, são quase 2 milhões de pessoas. Mais que isso, 8 em cada 10 idosos não sabem o próprio diagnóstico.
Não há cura para a demência, mas há tratamento e assistência para retardar o avanço da doença e dar mais qualidade de vida ao paciente. No entanto, quando ele não te, noção do diagnóstico, não procura ajuda médica em tempo hábil.
Em entrevista ao Estadão, a psiquiatria e epidemiologista Cleusa Ferri, que atua como pesquisadora no Hospital Alemão Oswaldo Cruz, há vários fatores que explicam o subdiagnóstico. São questões culturais e também falta de preparo dos profissionais de saúde.
Afinal, não há um exame concreto para “cravar” que uma pessoa tem demência como é no caso de outras doenças crônicas, como diabetes, por exemplo.
Também, segundo ela, “há um estigma em relação à saúde da população idosa”. Para a psiquiatra, tanto a família quanto os profissionais não dão a devida importância para os frequentes episódios de esquecimento, que são o primeiro sinal da demência. Justamente porque acham que é normal para a idade.
Sinais da demência
Ainda conforme publicado no Estadão, as demências são divididas em três fases ou estágios: inicial ou leve, intermediário ou moderado, final ou avançado. De acordo com especialistas ouvidos pela Organização Mundial de Saúde (OMS), cada uma delas tem sintomas muito bem definidos. Confira abaixo.
Inicial ou leve
Como dito acima, os sinais desta fase da doença passam despercebidos pelo paciente, sua família e sua equipe médica. Isso porque eles, geralmente, acreditam ser algo normal para as pessoas mais idosas.
Dentre os sintomas, estão:
- Se perder em lugares que conhecem bem – como o próprio bairro;
- Se desinteressar por coisas que gostava antes;
- Mudanças bruscas de humor;
- Depressão ou ansiedade;
- Reagir de forma hostil, não condizente com o comportamento “normal” do paciente;
- Esquecimento significativo;
- Ter dificuldade de falar corretamente;
- Não saber o dia da semana ou do mês.
Intermediário ou moderado
Quando a doença progride um pouco mais, os sintomas tendem a ficar mais acentuados e começam a atrapalhar ainda mais o dia a dia do paciente. É geralmente nesta fase que as pessoas próximas começam a perceber que há algo diferente.
Se antes ele se perdia apenas no bairro, o paciente pode se perder na própria casa. Ele também não consegue mais viver sozinho e torna-se incapaz de cozinhar e limpar o próprio lar.
Em alguns casos, é no estágio intermediário que ele começa a não conseguir mais limpar-se ou vestir-se sozinho. Em outros, o paciente com demência pode ter alucinações.
Final ou avançado
Quando a demência chega em seu estágio final ou avançado, o paciente já é praticamente totalmente dependente de familiares ou cuidadores. Nesta fase, há muitas alterações mentais e físicas.
Os pacientes, normalmente, têm dificuldade de comer ou se comunicar e também não reconhecem parentes e amigos. Também não entendem muito bem situações que acontecem ao seu redor.
Nesta fase, eles também podem apresentar incontinência urinária ou intestinal e/ou ficar acamados.
Como evitar a demência?
De acordo com a psiquiatra Cleusa Ferri, uma das maneiras mais eficazes de evitar o desenvolvimento da demência é manter a mente ativa em todas as fases da vida. Desde a infância à melhor idade.
Ela cita, inclusive, o esforço para aprender coisas novas, como um idioma estrangeiro ou um instrumento musical. Hobbies novos e livros que desafiam a zona de conforto também são muito bem-vindos.
E, claro, os exercícios físicos são excelentes aliados na prevenção da doença – não apenas desta, mas de outras enfermidades crônicas como diabetes e hipertensão.
Por fim, a psiquiatra ouvida pelo Estadão também cita que a manutenção de relações sociais também podem auxiliar o paciente. Afinal, segundo ela, idosos isolados têm mais chance de desenvolver demência e de ter um diagnóstico muito tardio.
*com informações de Estadão
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