Sua postura pessoal tem poder de valorizar (ou detonar) sua imagem
Aprenda com super-heróis: entenda como a linguagem corporal e as Posturas de Poder influenciam seu comportamento e percepção dos outros sobre si.
A linguagem corporal é um campo de estudo que revela como nossos gestos, postura e expressões faciais podem comunicar sentimentos e intenções, muitas vezes sem que percebamos.
Desde tempos antigos, a linguagem corporal tem sido uma forma importante de comunicação. Antes mesmo de desenvolvermos a fala, nossos ancestrais dependiam de gestos e expressões para transmitir mensagens importantes.
Hoje, embora a comunicação verbal seja predominante, a linguagem corporal ainda desempenha um papel vital.
Tal aspecto não verbal da comunicação humana tem sido objeto de pesquisa por décadas, e os resultados têm implicações significativas para a psicologia social e comportamental.
Estudos mostram que até 93% da comunicação interpessoal pode ser atribuída a sinais não verbais, destacando a importância de entender o que nosso corpo está dizendo quando nossas bocas estão fechadas.
Uma das áreas mais intrigantes da linguagem corporal é o conceito das Posturas de Poder. Esse termo ganhou notoriedade através do trabalho da psicóloga social Amy Cuddy, apresentado em uma palestra TED que se tornou viral.
Cuddy e seus colegas conduziram experimentos em que os participantes assumiam posturas expansivas ou contraídas por dois minutos antes de enfrentar situações de alta pressão, como entrevistas de emprego.
Os resultados iniciais sugeriram que as posturas expansivas aumentavam a sensação de poder e melhoravam o desempenho, enquanto as posturas contraídas tinham o efeito oposto.
A ciência das Posturas de Poder
A pesquisa de Cuddy sobre essas posturas inicialmente indicou que a adoção de posições expansivas, que ocupam mais espaço, pode aumentar os níveis de testosterona e reduzir os de cortisol, promovendo uma sensação de maior confiança e menor estresse.
Esses resultados geraram entusiasmo e uma ampla aceitação popular, mas provocaram um intenso debate na comunidade científica. Afinal, alguns pesquisadores não conseguiram replicar as mudanças hormonais observadas por Cuddy, levando a uma divisão sobre a validade do conceito.
Ainda assim, os efeitos psicológicos das posturas de poder foram corroborados em várias meta-análises e estudos subsequentes.
Mia Skytte O’Toole, professora da Universidade de Aarhus, realizou uma meta-análise abrangente de 73 estudos que investigaram o impacto das posturas corporais na percepção de poder e comportamento.
Seus resultados confirmaram que, em média, posturas expansivas aumentam a sensação de poder e melhoram o humor, enquanto posturas contraídas podem aumentar o estresse e sentimentos de vulnerabilidade.
As Posturas de Poder e os super-heróis
Um exemplo icônico de posturas de poder pode ser encontrado nos super-heróis da cultura popular, como o Super-Homem e a Mulher Maravilha.
Essas figuras frequentemente assumem posições mais expansivas que são emblemáticas de poder e confiança.
O Super-Homem, por exemplo, é frequentemente retratado com as mãos nos quadris, peito estufado e queixo erguido, uma pose que transmite força.
Da mesma forma, a Mulher Maravilha é famosa por sua postura com as pernas afastadas e mãos nos quadris, conhecida como a “pose da Mulher Maravilha”.
O Super-Homem e a Mulher Maravilha têm Posturas de Poder muito parecidas, mãos na cintura e expansão do peito – Imagens: Pinterest/Reprodução
Essas posturas não apenas fazem os personagens parecerem mais poderosos e confiantes, mas influenciam o público a percebê-los como tais.
A pesquisa de Cuddy sugere que, ao imitar tais posturas, mesmo por breves períodos, as pessoas conseguem experimentar um aumento na sensação de poder e autoconfiança, reforçando a ideia de que a linguagem corporal pode impactar profundamente nossas emoções e comportamentos.
Aplicações práticas
Adotar uma postura expansiva antes de eventos estressantes, como entrevistas de emprego ou apresentações públicas, pode ajudar a aumentar a confiança e melhorar o desempenho. Caso contrário, manter uma postura fechada e retraída pode demonstrar insegurança e prejudicar sua imagem.
Apesar disso, é relevante destacar que a eficácia das posturas de poder depende do contexto e do nível de estresse do indivíduo.
O’Toole sugere que, em situações de extremo estresse ou desengajamento, os benefícios das posturas expansivas podem ser diminuídos. Além disso, é importante considerar que nem todas as situações requerem uma postura dominante.
Em alguns contextos, uma postura mais aberta e receptiva pode ser mais vantajosa, promovendo uma interação mais colaborativa e menos confrontacional.
Por isso, entender o contexto e adaptar a linguagem corporal de acordo pode ser a chave para maximizar os benefícios das posturas de poder.
Compreender e utilizar a linguagem corporal a nosso favor é um passo importante para desenvolver habilidades interpessoais e alcançar uma presença mais forte e confiante em qualquer ambiente.
*Com informações de TEDTalks e Forbes.
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