Todo mundo quer saber: por que existem mais destros que canhotos no mundo?
Uma análise sobre as razões culturais, genéticas e evolutivas por trás da predominância dos destros no mundo.
Em várias culturas, ser destro ou canhoto transcende a simples escolha de qual mão usar para escrever. A preferência pela mão direita está fortemente ligada a características como habilidade e integridade, enquanto a esquerda muitas vezes carrega uma carga negativa.
Essa percepção cultural, extremamente controversa e vista como discriminatória atualmente, surgiu em diferentes contextos históricos e religiosos, influenciando a sociedade de maneiras profundas.
As raízes dessa distinção podem ser encontradas em várias culturas ao redor do mundo. Em muitas culturas orientais e islâmicas, por exemplo, a mão esquerda é destinada a tarefas menos nobres. Essa associação negativa com a esquerda é refletida até mesmo no dicionário Aurélio, onde “canhoto” pode significar “inábil”.
Embora a maioria das populações globais seja destra, as razões para essa predominância não são totalmente claras, o que intriga até mesmo cientistas que estudam a evolução do comportamento humano.
Contudo, essa tendência não necessariamente reflete uma vantagem adaptativa, podendo ser apenas um fenômeno aleatório.
Hipóteses genéticas e biológicas
Uma das teorias sobre a predominância de destros relaciona-se à genética. Os canhotos têm uma incidência ligeiramente maior no sexo masculino e estão associados a algumas condições médicas.
Considerando que os cromossomos sexuais poderiam influenciar essa característica, especula-se que um gene recessivo no cromossomo X poderia justificar a maior frequência de canhotos.
Contudo, essa teoria não justifica alguns fenômenos, como o fato de essa condição ser mais comum entre gêmeos e indivíduos que passaram por estresse fetal.
Você escreve com a mão direita ou com a mão esquerda? – Imagem: reprodução
Outra hipótese sugere uma vantagem evolutiva para os destros. A assimetria no desenvolvimento dos órgãos internos, como o coração e os pulmões, poderia ter levado os humanos a protegerem o hemitórax esquerdo, tornando a destreza uma característica adaptativa.
Historicamente, em combates, o uso do braço esquerdo para segurar escudos permitia que o direito ficasse livre para manusear armas. No entanto, essa teoria é contestada pelo fato de que populações caçadoras-coletoras, que não utilizavam escudos, também eram predominantemente destras.
A resposta pode estar no livro da terra
Os registros arqueológicos oferecem pistas sobre a predominância dos destros. Pinturas antigas na Cueva de las Manos, na Argentina, revelam uma maioria de mãos esquerdas impressas, sugerindo a destreza destra dos habitantes.
Achados em cavernas europeias, como Maltravieso e Castillo, reforçam essa tendência. Já no sítio de Sima de los Huesos, na Espanha, o Homo heidelbergensis, que viveu há mais de 450 mil anos, já apresentava dominância destra.
Embora ainda não haja uma explicação definitiva para a prevalência dos destros, as evidências históricas e biológicas sugerem que a condição destra não está relacionada apenas à sobrevivência, mas também a aspectos culturais e sociais.
Por fim, apesar de os canhotos enfrentarem algumas desvantagens relacionadas à longevidade, a diversidade humana continua a manifestar sua rica complexidade através de características como essas.
*Com informações da BBC Brasil via The Conversation.
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