Tomar uma taça de vinho por dia NÃO faz bem à saúde, segundo a ciência
Entender os efeitos do álcool no organismo revela benefícios questionáveis e riscos significativos.
O consumo de álcool é um tema amplamente discutido, especialmente quando se trata de seus efeitos na saúde.
Para entender melhor os impactos do álcool no organismo, é essencial analisar tanto os benefícios potenciais quanto os riscos associados ao seu consumo.
Os falsos benefícios do consumo moderado de álcool
Por muitos anos, estudos sugeriram que beber moderadamente, especialmente vinho, poderia trazer benefícios à saúde.
A endocrinologista Aline Nabuco destaca que o vinho tinto seco, em particular, é rico em substâncias fenólicas e flavonoides, que possuem propriedades antioxidantes e anti-inflamatórias.
Essas substâncias poderiam reduzir o risco de doenças cardiovasculares, como trombose, ao proteger os vasos sanguíneos e melhorar a circulação.
O ‘Paradoxo Francês’ é frequentemente citado como evidência desses benefícios. Apesar da alta ingestão de gorduras saturadas e tabagismo na França, as taxas de doenças cardíacas são relativamente baixas, o que alguns atribuem ao consumo regular de vinho.
No entanto, essa hipótese é agora vista com ceticismo devido a novas pesquisas que questionam a validade dos estudos anteriores.
Problemas dos estudos antigos
Um estudo recente, conduzido por Stockwell et al. (2024) e publicado no Journal of Studies on Alcohol and Drugs, analisou 107 estudos anteriores sobre o consumo de álcool e longevidade.
Eles descobriram que muitos desses estudos tinham problemas metodológicos significativos, como viés na seleção dos participantes e classificação inadequada entre abstêmios e consumidores moderados.
Os estudos de menor qualidade frequentemente incluíam ex-consumidores de álcool que pararam de beber devido a problemas de saúde, comparando-os com consumidores moderados.
Isso criava uma falsa impressão de que o consumo moderado de álcool era mais saudável. Quando os dados foram ajustados para excluir esses ex-consumidores, os benefícios percebidos do consumo moderado desapareceram.
Riscos associados ao consumo de álcool
Além da falta de benefícios comprovados, o consumo de álcool, mesmo em quantidades moderadas, pode estar associado a vários riscos à saúde.
O álcool é conhecido por aumentar o risco de vários tipos de câncer, doenças hepáticas, problemas psiquiátricos e dependência química.
O consumo excessivo de álcool pode sobrecarregar o fígado, levando a condições como hepatite alcoólica e cirrose.
Além disso, o álcool pode afetar negativamente a saúde mental, contribuindo para a depressão e a ansiedade.
Aline Nabuco ressalta que, para pessoas diabéticas, o consumo de álcool deve ser monitorado de perto para evitar complicações.
Consumo seguro
Diante desses riscos, é crucial adotar uma abordagem consciente ao consumo de álcool. Para aqueles que já têm o hábito de beber, a moderação é fundamental.
A recomendação geral é limitar a ingestão a uma dose por dia para mulheres e duas para homens, preferencialmente acompanhada de uma refeição.
Se o objetivo é prevenir doenças cardiovasculares, alternativas mais seguras incluem uma dieta balanceada, exercícios físicos regulares e acompanhamento médico.
A ideia de que o álcool pode ser um tônico da saúde é cada vez mais desacreditada pela ciência atual.
*Com informações de Super Interessante, O Globo e O Antagonista.
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