Tratamentos atuais NÃO são eficazes contra novo tipo de depressão
Novo subtipo de depressão, conhecido como depressão cognitiva, resiste aos tratamentos tradicionais e exige novas abordagens.
A depressão é uma condição que afeta cerca de 280 milhões de pessoas pelo mundo, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS).
Para piorar, recentes estudos conduzidos por especialistas da Universidade de Stanford revelaram um novo subtipo que tem desafiado as terapias tradicionais: a depressão cognitiva.
Essa categoria, que afeta cerca de 27% dos casos diagnosticados, apresenta sintomas distintos, especialmente no que diz respeito às funções cognitivas, como atenção, memória e controle de impulsos.
Sintomas da depressão cognitiva
A depressão cognitiva se diferencia por prejudicar profundamente a capacidade de concentração e de manter o foco, além de causar déficits de memória e dificuldades no controle emocional.
Pacientes diagnosticados com esse tipo de depressão relatam sérias dificuldades para realizar atividades cotidianas que exigem planejamento e atenção prolongada, o que interfere diretamente no trabalho e na vida pessoal.
Tal quadro, segundo os pesquisadores de Stanford, pode ser tão debilitante quanto os outros subtipos de depressão.
Porém, os tratamentos convencionais, como antidepressivos focados na serotonina, demonstram baixa eficácia para melhorar esses sintomas específicos.
Tratamentos tradicionais e suas limitações
Um estudo envolvendo 1.008 adultos diagnosticados com depressão mostrou que medicamentos como Lexapro, Zoloft e Effexor não funcionam em pacientes com depressão cognitiva.
O Zoloft, por exemplo, trouxe melhora para apenas 35,9% dos pacientes deste subtipo, uma taxa significativamente inferior à de outros subtipos.
A frustração desses pacientes é compreensível. Os antidepressivos comuns operam a partir de um mecanismo de tentativa e erro, o que pode levar meses, ou até anos, para identificar o tratamento adequado.
Essa espera prolongada, contudo, consegue agravar os sintomas, aumentando o risco de que a depressão se torne resistente ao tratamento.
Segundo a OMS, 280 milhões de pessoas no mundo sofrem com depressão e 27% dos casos são diagnosticados com depressão cognitiva – Imagem: Reprodução
O que a ciência fala
Em busca de soluções mais eficazes, pesquisadores de Stanford estão desenvolvendo abordagens inovadoras.
Utilizando tecnologias avançadas como a ressonância magnética funcional e o machine learning, os cientistas conseguiram identificar diferentes subtipos biológicos de depressão, baseados em padrões cerebrais.
Um desses subtipos é a depressão cognitiva, que foi analisada de forma detalhada. Os estudos mostram que a depressão pode ser explicada por disfunções em circuitos cerebrais específicos.
No caso da depressão cognitiva, a área afetada é o córtex pré-frontal dorsolateral, responsável pelo controle cognitivo e emocional. Por isso, tratamentos que focam diretamente nessa região podem oferecer melhores resultados.
Alternativas terapêuticas
Diante da ineficácia dos antidepressivos tradicionais para o subtipo cognitivo, os especialistas estão explorando novas possibilidades.
Entre as opções em teste, a guanfacina se destaca por atuar diretamente no córtex pré-frontal dorsolateral, apresentando potencial para corrigir os déficits cognitivos característicos desse subtipo.
Outra abordagem que vem ganhando destaque é a Estimulação Magnética Transcraniana (EMT), um procedimento não invasivo que utiliza campos magnéticos para estimular áreas específicas do cérebro.
Estudos recentes indicam que a EMT pode ser particularmente eficaz no tratamento da depressão cognitiva, especialmente após 30 sessões diárias.
A Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) também é uma opção valiosa. Esse método, que visa modificar padrões de pensamento e comportamentos prejudiciais, pode ajudar os pacientes a restaurarem habilidades sociais e funcionais, melhorando assim sua qualidade de vida.
Tratamentos personalizados
O avanço da psiquiatria de precisão traz esperanças concretas para os pacientes com depressão cognitiva.
Utilizando técnicas de neuroimagem, os cientistas estão desenvolvendo formas mais eficazes de diagnosticar e tratar este subtipo específico, minimizando o tempo perdido em tentativas frustradas de tratamento.
Com tais descobertas, a medicina caminha em direção a uma abordagem mais personalizada e exata, levando em consideração as particularidades de cada paciente.
O objetivo é simples: acertar no tratamento desde a primeira tentativa, proporcionando alívio rápido e duradouro para aqueles que sofrem com a depressão cognitiva.
*Com informações de Stanford e Terra Brasil Notícias.
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