Universidade brasileira desenvolve novas variedades de orquídeas
O trabalho de melhoramento genético visa fortalecer as espécies e criar linhagens mais resistentes às intempéries.
No fascinante universo das orquídeas, as cores vibrantes, formas exóticas e fragrâncias envolventes desempenham um papel essencial.
Porém, por trás de toda essa beleza que encanta os olhos, existe um intenso trabalho de estudos e aplicação de técnicas para a criação de novas variedades.
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No Brasil, podemos encontrar mais de 2.500 variedades de orquídeas, englobando os diversos grupos comerciais.
Essa oferta diversificada pode satisfazer tanto os colecionadores apaixonados, que buscam exemplares raros e únicos, quanto os mercados mais amplos, como grandes atacarejos e centros de distribuição de plantas ornamentais, a exemplo do renomado mercado de Holambra, localizado no interior de São Paulo.
Essas oportunidades de comércio refletem a crescente demanda e o encantamento que as orquídeas despertam em diferentes públicos, perpetuando a admiração por essas preciosidades da natureza.
Universidade cria orquídeas geneticamente modificadas
Desde 2017, o Laboratório de Fisiologia Vegetal e Cultura de Tecidos, localizado no Campus Araras da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), tem se dedicado ao desenvolvimento de melhoramento genético de plantas ornamentais.
Contando com o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), por meio de financiamento de projetos de pesquisa, o laboratório tem alcançado resultados promissores.
Suas primeiras cultivares já estão disponíveis no mercado, demonstrando o sucesso e a relevância desse trabalho científico na criação de novas variedades de plantas ornamentais.
O trabalho realizado no Laboratório é inovador, pois envolve cruzamentos entre espécies de orquídeas nativas brasileiras e cultivares importadas, buscando combinar o melhor de cada variedade.
“Além de proporcionar beleza decorativa, nosso trabalho visa obter cultivares de orquídeas com rápido desenvolvimento e floração mais precoce, além de apresentarem um porte compacto, seguindo as tendências atuais do mercado”, afirma Jean Carlos Cardoso, professor do Departamento de Biotecnologia e Produção Vegetal e Animal (DBPVA-Ar).
De acordo com o pesquisador, embora o Brasil ainda importe a maioria das cultivares, os programas de melhoramento genético nacionais têm ganhado força nos últimos anos.
Essa dependência da genética estrangeira tem gerado grandes impactos na indústria de floricultura do país, com os custos de mudas e royalties superando os gastos com mão de obra.
Portanto, o avanço do setor nacional traz benefícios econômicos e o desenvolvimento de variedades mais adaptadas às condições de cultivo local.
Como funciona o melhoramento genético de orquídeas?
Cardoso explica que o processo de melhoramento genético das orquídeas ocorre em várias etapas, começando com cruzamentos entre plantas selecionadas, seguidos pela criação das plantas filhas desses cruzamentos.
Essas plantas são cultivadas em laboratório e depois em estufas, onde são selecionadas aquelas que apresentam características desejáveis. Esse processo de cruzamento e seleção pode levar de três a oito anos, dependendo da espécie.
No Laboratório do Campus Araras, são realizados dezenas de cruzamentos a cada ano. Durante o ano de 2019, foram semeados aproximadamente 90 cruzamentos, e em 2020 e 2021, mesmo durante a pandemia, foram realizados mais de 100 cruzamentos.
Alguns desses cruzamentos já resultaram em plantas que floresceram, sendo que a maioria ainda está em cultivo nas estufas, aguardando o momento da seleção.
“Após selecionar as melhores plantas, iniciamos o processo de clonagem em laboratório para avaliar sua estabilidade e poder fornecer aos produtores a quantidade necessária de mudas para produção em escala comercial”, explica Cardoso.
Depois de registrar as novas variedades como cultivares, com o auxílio da Agência de Inovação (AIn) e da Fundação de Apoio Institucional ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FAI-UFSCar), os próximos passos envolvem a transferência de tecnologia por meio de contratos de licenciamento, até chegar ao consumidor final.
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