Vale a pena ser uma pessoa ‘tóxica’ com quem é ‘tóxico’ com você?
Fenômeno de revidar com toxicidade gera debates sobre seus efeitos e consequências nas relações pessoais.
Recentemente, uma tendência polêmica tem ganhado espaço nas redes sociais: a proposta de responder a comportamentos tóxicos com a mesma moeda.
A psicóloga narcisista Dra. Narcisa, com mais de 80 mil seguidores no Instagram, instiga mulheres a adotarem atitudes tóxicas como defesa, mesmo que de forma cômica.
Embora as publicações de Narcisa tenham tom humorístico, a repercussão é séria. Comentários e vídeos replicam suas ideias como verdades, sugerindo que ser “tóxica” pode ser uma resposta viável a insultos e ofensas. Mas será que essa abordagem traz benefícios reais ou apenas perpetua conflitos?
O papel do humor como defesa
Foto: Shutterstock
Psicólogos destacam a importância do humor ao lidar com situações desconfortáveis. Ele permite expressar o que, de outra forma, poderia ser doloroso. Isso porque o humor contribui para minimizar a seriedade das situações e o resultado disso é torná-las mais leves.
No entanto, quando a tendência de ser “tóxica” é seguida literalmente, o cenário muda. Segundo psicólogos, ao revidar, a pessoa continua subjugada ao comportamento alheio. Portanto, fica o questionamento: qual é realmente sua vontade?
O ciclo de espelhos
A ilusão de mudança de poder ao ser “tóxica” é desconstruída por muitos profissionais da área. Eles comparam a situação a um “jogo de espelhos”, no qual apenas refletimos o comportamento do outro, sem verdadeira autonomia.
O sentimento de vingança que surge é enganoso e pode estar imbuído de ressentimento. Neste caso, a pessoa acaba presa ao jogo imaginário, na tentativa de buscar um valor que o outro não tem a oferecer.
Reflexão e autoconhecimento como caminhos alternativos
Para alguns psicólogos, a dica, em vez de revidar, é entender o que nos afeta. Ou seja, o comportamento do outro pode não ser intencional e, consequentemente, não ter relação direta com nosso próprio eu.
Para lidar com isso, confira abaixo algumas estratégias de enfrentamento:
- Identificar a real origem do incômodo.
- Reconhecer sentimentos próprios, como raiva.
- Avaliar se uma situação merece resposta impulsiva.
A importância do convívio social
Por fim, o convívio com os outros, inevitavelmente, gera incômodos, mas o isolamento é mais perigoso. Escolher como lidar com o mal-estar é fundamental, o que ajuda a evitar a tristeza crescente do isolamento.
O equilíbrio entre defesa pessoal e reflexão ajuda a navegar nas complexidades das relações interpessoais.
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