Volta de aulas presenciais ‘põe em xeque’ qualidade do ensino a distância

Assunto foi tema de evento internacional, com a participação do ministro da Educação 

Uma vez ‘baixada a poeira mortal’ da pandemia, a volta da prevalência das aulas presenciais reavivou o questionamento sobre a qualidade do modelo de ensino remoto. O tema foi abordado durante o painel “Desafios do ensino superior após a pandemia”, do XI Fórum Jurídico de Lisboa, em junho último, reunindo personalidades do Direito do Brasil e de Portugal.

Na oportunidade, o ministro da Educação, Camilo Santana, manifestou a preocupação, tanto do Executivo, quanto dos gestores do sistema educacional brasileiro, com relação a duas questões centrais: a evasão universitária e a qualidade insatisfatória dos cursos a distância. Segundo o ministro, “dados do último censo da educação superior mostram que 61% dos alunos que ingressam em faculdades particulares abandonam os cursos. Nas universidades públicas federais, 55% dos estudantes não terminam ou abandonam os cursos. Algo está errado”, apontou o ministro, ao questionar a atratividade das graduações oferecidas aos jovens. “É um quadro que assusta e precisamos revertê-lo”, disparou.

Sobre a meta de contar com 50% dos jovens matriculados em faculdades até o ano que vem, Santana admitiu que tal objetivo não deverá ser atingido, no prazo previsto. Atualmente, esta parcela não supera 39%. Para eliminar a diferença, o ministro pregou a interiorização das instituições de ensino.

Ao acentuar que, em linhas gerais, “o ensino superior é reflexo de ‘uma cadeia de problemas’ que surge já na educação básica”, o presidente da Fundação Getúlio Vargas, Carlos Ivan Simonsen Leal,  defendeu a ampliação dos cursos técnicos, devido às caraterísticas do país. “Nossos cursos são fracos, principalmente pelo perfil de pesquisa”, observou.

Abordando mais especificamente a educação remota, o membro do Conselho Nacional de Educação e da Comissão Nacional de Avaliação da Educação Superior, André Lemos Jorge, enfatizou que “as discussões sobre ensino a distância no Brasil se baseiam em regras pré-pandêmicas, datadas de 2017”, ao ressaltar a necessidade de ‘definição de conceitos’. “O que é ensino híbrido? É ensino síncrono ou assíncrono?”, questionou, ao defender “maior fiscalização sobre polos de educação a distância”.

Já para o diretor e chefe de representação da Organização dos Estados Ibero-americanos para a Educação, a Ciência e a Cultura (OEI), Raphael Callou, a Covid-19 potencializou dificuldades já observadas antes da adoção das medidas de isolamento. “Quando pautamos os desafios, devemos lembrar já de largada as desigualdades. Muitos jovens não têm acesso à internet, e, quando têm, não possuem espaços adequados para o estudo”, afirmou.

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