12 mil anos: ciência investiga cérebros preservados há milênios

Descubra como cérebros humanos preservados por milênios estão mudando nossa compreensão sobre história e ciência.

O cérebro humano, um dos órgãos mais delicados e rapidamente degradáveis após a morte, tem resistido surpreendentemente ao teste do tempo em vários casos ao redor do mundo.

Sob a liderança da antropóloga forense Alexandra Morton-Hayward, da Universidade de Oxford, estudos intensivos foram realizados para explorar esse fenômeno.

O trabalho envolveu a análise de mais de 4 mil cérebros, alguns dos quais preservados por milhares de anos sob condições naturais extremamente variadas.

Desvendando o mistério dos cérebros preservados

A análise detalhada dos métodos de preservação revelou padrões intrigantes nos dados coletados por Morton-Hayward e sua equipe.

Cerca de 38% dos cérebros foram preservados por desidratação, um processo no qual a perda de água impede a decomposição biológica.

Aproximadamente 30% dos casos exibiram sinais de saponificação, uma transformação das gorduras corporais em uma substância semelhante à cera, conhecida como “cera cadavérica”, que protege o tecido cerebral da decomposição.

Menos de 2% dos cérebros foram conservados por meio de congelamento, o que sugere que as temperaturas extremamente baixas podem retardar os processos enzimáticos e microbiológicos que normalmente causam a decomposição.

Por fim, menos de 1% dos casos analisados mostraram evidências de curtimento, um processo raro em que os tecidos se tornam semelhantes ao couro.

No entanto, pouco mais de 30% dos cérebros foram conservados por um método ainda não completamente compreendido, indicando a existência de um quinto mecanismo.

Este mecanismo desconhecido se destaca por deixar preservados somente o cérebro e os ossos, sem outros tecidos moles.

Isso aponta para um processo bioquímico ou ambiental específico que favorece a estabilização da ligação das proteínas e lipídios no cérebro, possivelmente catalisadas por minerais como ferro e cobre.

Pesquisadora Alexandra Morton-Hayward pode estar abrindo caminho para encontrar soluções para doenças neurodegenerativas – Imagem: Alexandra Morton-Hayward/Reprodução

Implicações para a arqueologia e neurociência

A pesquisa de Morton-Hayward sugere que a preservação de cérebros é menos rara do que se pensava anteriormente e pode fornecer dados valiosos para o campo da neurociência, especialmente no estudo de doenças neurodegenerativas como a demência.

Compreender como as proteínas e lipídios nos cérebros preservados resistem à degradação pode iluminar os processos envolvidos no envelhecimento cerebral.

Os estudos mostraram que diferentes ambientes de sepultamento, como criptas áridas ou áreas congeladas, influenciam significativamente a conservação.

A continuação deste tipo de pesquisa promete revolucionar tanto a arqueologia quanto a medicina, oferecendo novas maneiras de entender o passado e o presente, bem como de melhorar a vida dos que sofrem com doenças neurodegenerativas.

*Com informações de BBC e Smithisonian Magazine.

você pode gostar também

Comentários estão fechados.