3 séculos depois, Dinamarca devolve tesouro valioso ao Brasil
Peça ritualística havia sido levada para a Dinamarca no século XVII.
A história da colonização brasileira é marcada por trocas culturais, mas também por perdas irreparáveis e até apropriação indevida de objetos. Um exemplo disso é o roubo de inúmeros artefatos indígenas, levados para a Europa, onde se encontram em museus e coleções particulares.
No entanto, ao longo do tempo, muitas dessas peças têm retornado ao Brasil, a exemplo de um manto sagrado dos Tupinambá, que foi devolvido após mais de três séculos na Dinamarca.
O manto tem quase dois metros de altura e foi confeccionado com cerca de 4 mil penas de arara vermelhas. Ele era uma peça fundamental nos rituais dos Tupinambá, mas foi cobiçado pelos europeus por sua beleza e raridade.
De acordo com a tradição Tupinambá, tal indumentária ancestral representava a hierarquia social, o poder e a conexão com a natureza.
Ao chegar na Dinamarca, por volta de 1689, o manto se tornou parte da coleção particular da realeza do país. Por último, a peça esteve no Museu Nacional da Dinamarca, em Copenhague.
Símbolo de identidade e preservação cultural
O manto Tupinambá devolvido – Imagem: IGN Brasil/Xataka/reprodução
A luta pela devolução do manto foi longa e árdua. Durante anos, lideranças indígenas e organizações da sociedade civil pressionaram as autoridades brasileiras e dinamarquesas para que a peça fosse devolvida ao seu povo de origem.
Finalmente, em julho deste ano, uma cerimônia realizada no Rio de Janeiro marcou o retorno do item. Estavam presentes diversas autoridades de Brasil e Dinamarca, reforçando a importância diplomática do ato.
A repatriação do manto também é um exemplo de como a mobilização social pode gerar resultados concretos e contribuir para a construção de uma sociedade mais justa e equânime.
Como não poderia deixar de ser, a volta da peça ritualística gerou um momento de celebração para os povos indígenas brasileiros, não apenas para a nação Tupinambá.
Sua devolução é um marco na luta pela repatriação de bens culturais dessa parcela da população brasileira e um exemplo legítimo de reparação histórica.
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