Pará inicia investigação sobre a suspeita de paralisia infantil
A suspeita é de que o poliovírus foi encontrado nas fezes de um paciente com paralisia e outros sintomas.
Uma suspeita de paralisia infantil está sendo investigada pelo Ministério da Saúde. O órgão foi notificado pela Secretaria de Estado de Saúde Pública do Pará (Sespa). A investigação está sendo realizada em um menino de 3 anos de idade, do município de Santo Antônio do Tauá, na região do Nordeste do estado. Suspeita-se que o poliovírus foi encontrado nas fezes de um paciente com paralisia e com outros sintomas.
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Paralisia infantil é investigada no estado do Pará
Os sintomas da criança apareceram em 21 de agosto. Entre eles, foi relatado febre, dores musculares e paralisia aguda. Estas são características da poliomielite. Dias depois, ele perdeu a força nos membros inferiores e foi encaminhado pelo seu responsável para a Unidade Básica de Saúde (UBS) em 12 de setembro.
A Sespa comunicou que toda a assistência possível foi prestada ao paciente, que está de repouso e se recuperando em casa. A equipe também atua para a investigação e esclarecimento do caso.
Em seu relatório de risco do Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde, foi considerado que outras hipóteses diagnósticas, como a síndrome de Guillain-Barré, ainda não haviam sido descartadas.
Informações e dados sobre a vacina
A poliomielite não tem nenhum tratamento, porém o Programa Nacional de Imunizações conta com vacinas que são seguras, eficazes e que precisam ser usadas para a proteção das crianças desde o seu nascimento.
O PNI recomenda a vacinação intramuscular aos 2, 4 e 6 meses de idade. A imunidade é adquirida aos 15 meses. Aos 4 anos, já é feita por via oral. Durante a campanha de vacinação anual, como a última que foi realizada há pouco tempo, o procedimento pode ser feito. Alcançar uma alta cobertura vacinal foi essencial para eliminar a doença.
A paralisia infantil foi relatada pela última vez no país em 1989. Em 1994, todo continente americano foi certificado como área livre de poliovírus selvagem pela Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS).
Apesar disso, a queda na cobertura das vacinas contra a doença, repetida desde 2016, gerou alertas por parte dos especialistas que afirmam que o país pode voltar a registrar casos de poliomielite, o que causará danos motores irreversíveis às crianças e até a morte.
De acordo com o Sistema de Informação do Programa Nacional de Imunizações (SI-PNI), a última vez em que as dosagens planejadas da vacina intramuscular contra a doença atingiram a meta de 95% do público-alvo foi em 2015, onde a sua cobertura foi de 98,29% das crianças nascidas naquele ano.
Desde 2016, a cobertura fica abaixo de 90% e atingiu 84,19% em 2019. Em 2020, a pandemia da Covid-19 teve impacto na cobertura de diversas vacinas, atingindo apenas 76,15% dos bebês vacinados. Em 2021, essa taxa ficou abaixo de 70% pela primeira vez, com apenas 69,9%. Já no estado do Pará, onde acontece a investigação, o percentual foi ainda menor: apenas 55,73% foram vacinadas no ano.
Esse problema não é exclusivo do Brasil, pois Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) destacou outros sete países latino-americanos como áreas de alto risco para reintrodução da doença. Atravessando o oceano, o vírus selvagem também está de volta ao continente africano.
Ações do Ministério da Saúde contra a doença
Foi realizado uma campanha de vacinação a nível nacional por parte do Ministério da Saúde entre os dias 8 de agosto a 30 de setembro, porém o evento não conseguiu cumprir a sua meta de imunização. O ministro, Marcelo Queiroga, apontou esperar que no dia 5, a meta de vacinar 95% das crianças de até 5 anos será atingida, mas que atualmente a cobertura gira em torno de 60%.
O ministério notificou que há registros de circulação do vírus da poliomielite no país e que uma equipe foi enviada ao Pará para a investigação do caso. Segundo a equipe, de acordo com as informações sobre o ocorrido, tudo pode estar relacionado ao tratamento inadequado da doença ou então aos efeitos colaterais da vacina.
A vversão oral contra a poliomielite, ou seja, com gotas, é fornecida no Brasil apenas para crianças que já foram vacinadas com as três doses da vacina por injeção intramuscular, o que não teria sido feito neste caso.
“O Ministério da Saúde reforça que pais e responsáveis vacinem as suas crianças com todas as doses indicadas para manter o país protegido da poliomielite, doença erradicada no Brasil.“
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