Após 79 anos, corpo de piloto afro-americano da Segunda Guerra é identificado
O piloto do esquadrão Tuskegee Brewer, como era conhecido, foi finalmente encontrado e sua história traz à tona a luta contra o racismo durante a segunda grande guerra.
Em um emocionante capítulo da história da Segunda Guerra Mundial, os restos mortais do piloto afro-americano Fred L. Brewer Jr. foram finalmente identificados após 79 anos de incerteza.
Brewer, que fazia parte do icônico esquadrão Tuskegee, conhecido por ser o primeiro grupo de pilotos de caça afro-americanos das Forças Armadas dos Estados Unidos, deixou uma marca indelével não apenas como um herói de guerra, mas também como um defensor da igualdade racial em um momento de segregação e preconceito.
O anúncio da identificação dos restos mortais foi feito pela Agência de Contabilidade de Defesa POW/MIA (DPAA) dos Estados Unidos no dia 1 de setembro.
A história de Brewer é um testemunho da coragem e resiliência dos pilotos do esquadrão Tuskegee, que lutaram não apenas contra inimigos no exterior, mas também contra o racismo arraigado em sua própria nação.
A descoberta de Brewer
A busca pelos restos mortais de Brewer começou em 2011, quando pesquisadores descobriram que um residente da comuna italiana de Moggio Udinese havia usado destroços de um avião, encontrados próximos ao local do acidente, para criar um memorial em homenagem aos americanos que perderam suas vidas na Segunda Guerra.
(Imagem: Arquivos Nacionais dos EUA/reprodução)
Na mesma época, especialistas analisaram um corpo classificado como “Restos Desconhecidos X-125 Mirandola (X-125)”, que havia sido recuperado pelas forças americanas em 1946, mas nunca foi identificado. Esses restos mortais foram então enterrados no Cemitério Americano de Florença, na Itália.
Em 2022, a DPAA, em colaboração com a Comissão Americana de Monumentos de Batalha (ABMC), exumou os restos mortais de Brewer para uma análise forense detalhada. Cientistas utilizaram análises antropológicas e evidências circunstanciais para identificar os restos mortais.
Além disso, os pesquisadores recorreram à análise do DNA mitocondrial e do cromossomo Y masculino, o que levou à confirmação positiva da identidade de Brewer em 10 de agosto de 2023.
O trágico destino de Fred L. Brewer Jr.
A tragédia que tirou a vida de Brewer ocorreu em 19 de outubro de 1944. Naquele dia, Fred partiu da Base Aérea de Ramitelli, na Itália, como parte de uma missão de escolta a bombardeiros em direção a Regensburg, na Alemanha. No entanto, as condições climáticas desfavoráveis levaram ao retorno precoce dos caças.
Em uma tentativa desesperada de superar uma densa cobertura de nuvens, Brewer subiu abruptamente, o que resultou na falha do motor de seu Mustang P-51C, apelidado de “Traveling Light”. A aeronave de Brewer capotou e ele desapareceu no acidente, sem que tenha sido visto se ejetando.
Em 1944, aos 23 anos de idade, Brewer foi dado como desaparecido em combate e, posteriormente, declarado morto. Sua morte deixou um vazio irreparável em sua família e é lembrada como uma tragédia que afetou profundamente sua mãe, Janie Brewer. Ela faleceu aos 49 anos, vítima de um derrame, após a perda de seu amado filho.
Hoje, a família de Brewer espera que seus restos mortais possam ser enterrados em sua cidade natal, Charlotte, nos Estados Unidos.
A identificação de Brewer não é apenas uma homenagem ao seu legado de heroísmo, mas também uma lembrança de seu enfrentamento ao racismo e de sua contribuição para a história norte-americana.
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