Greening: a doença que devasta os pomares no Brasil
Entenda o impacto devastador do Greening nas lavouras de citros e as estratégias para seu controle.
O Greening, também conhecido como Huanglongbing (HLB) ou “amarelinho”, representa hoje um dos maiores desafios para a citricultura global, incluindo o Brasil, onde o estado do Paraná tem enfrentado um aumento significativo na incidência desta doença. Causada pela bactéria Candidatus Liberibacter spp., transmitida pelo inseto vetor Diaphorina citri (psilídeo), o Greening afeta todas as variedades de citros, levando a prejuízos consideráveis, como a queda prematura de frutos e a morte precoce das plantas.
A doença foi identificada no Brasil em 2004, mas sua presença já é notada em diversas partes do mundo, demonstrando um padrão de crescimento preocupante. No Paraná, particularmente, a situação tornou-se tão grave que um estado de emergência fitossanitária foi decretado no final de dezembro de 2023, com validade de 180 dias, visto que a doença já comprometeu 21% da produção.
Nos últimos anos, a incidência do Greening cresceu exponencialmente, afetando não só o Paraná, mas também outros estados brasileiros, como São Paulo e Minas Gerais, e se espalhando por mais de 130 países. A bactéria se aloja e multiplica-se nas ‘veias’ das plantas, ou seja, nos vasos do floema, propagando-se rapidamente por toda a estrutura da árvore – desde as raízes até os frutos.
Quando detectados sintomas nas folhas ou frutos, isso indica que a bactéria já infestou completamente a planta, alcançando até mesmo as partes mais baixas, como o tronco e as raízes. Portanto, cortar os ramos sintomáticos revela-se uma estratégia não apenas ineficaz, mas também arriscada: não resolve o problema da infecção e ainda atrai o inseto vetor para as novas brotações, facilitando a propagação da bactéria para outras plantas saudáveis e iniciando novos focos de infecção.
Imagem: Fundecitrus/Divulgação
A partir do momento em que a bactéria é transmitida pelo psilídeo, os primeiros sinais da doença do Greening surgem nas folhas cerca de quatro meses depois, podendo persistir ao longo de todo o ano. Uma planta pode estar infectada e ainda não mostrar sintomas, funcionando como um reservatório para a bactéria e uma ameaça às plantas saudáveis.
Isso ressalta a importância de inspeções regulares por indivíduos capacitados a reconhecer os sinais da doença, permitindo a remoção eficaz das plantas afetadas para evitar a propagação do Greening.
Imagem: Fundecitrus/Divulgação
Para combater o Greening, a erradicação de plantas contaminadas e a aplicação de biossoluções como o PREV-AM e o BOVENEXT têm se mostrado estratégias promissoras. Estas abordagens não apenas controlam o vetor da doença, mas também oferecem alternativas mais sustentáveis e com menor impacto ambiental em comparação aos inseticidas tradicionais. Além disso, a educação e a conscientização dos agricultores sobre as práticas de manejo adequadas são fundamentais para prevenir a disseminação da doença.
A colaboração entre órgãos governamentais, instituições de pesquisa e o setor produtivo é crucial para o desenvolvimento e implementação de estratégias eficazes de controle. Com o decreto de emergência, o Paraná busca não apenas conter a atual crise, mas também estabelecer um modelo de gestão fitossanitária que possa ser replicado em outras regiões afetadas.
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