60% das escolas brasileiras proibiram o uso de celular, segundo pesquisa

Essas restrições seguem uma lógica internacional de ‘blindagem’ dos estudantes contra as distrações do mundo digital.

O uso de aparelhos eletrônicos, especialmente smartphones, tem sido uma fonte constante de preocupação para educadores e gestores escolares em todo o mundo.

O acesso irrestrito a esses dispositivos em sala de aula levanta questões sobre a distração, a diminuição da concentração e a possibilidade de uso inadequado, como a navegação em redes sociais durante o horário de estudo.

Além disso, a presença de smartphones interfere na dinâmica de ensino, reduzindo a interação entre alunos e professores e desviando o foco das atividades pedagógicas.

Diante desses desafios, muitas escolas ao redor do mundo implementaram mecanismos para controlar o uso de smartphones em sala de aula.

No Brasil, essa tendência é clara: segundo um estudo recente realizado pelo Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br) em 2023, denominado TIC Educação 2023, aproximadamente seis em cada 10 escolas primárias brasileiras adotaram alguma forma de proibição ou limitação do uso de celulares durante as aulas.

As regras e conectividade nas escolas brasileiras

O estudo TIC Educação 2023 não aponta uma proibição literal dos celulares, em que os alunos são impedidos de levar os dispositivos para a sala de aula. Pelo menos não na maioria das escolas, ainda.

Em vez disso, as instituições de ensino brasileiras têm adotado medidas adjacentes, como limitar o acesso ao Wi-Fi, restringir o tempo de uso e utilizar os dispositivos exclusivamente para atividades educacionais.

Tais ações visam minimizar as distrações e garantir que o foco dos estudantes permaneça nas tarefas escolares.

Além disso, a pesquisa destacou um aumento significativo na conectividade das escolas brasileiras nos últimos anos, com mais de 92% das instituições primárias e secundárias conectadas à internet.

Esse avanço é especialmente notável em áreas rurais, onde a oferta de equipamentos de informática cresceu substancialmente, proporcionando novas oportunidades educacionais.

No entanto, é importante ressaltar que, mesmo em meio a esse cenário de crescimento, o uso de meios digitais no ambiente escolar deve ser direcionado para fins educacionais e não para recreação.

Celulares são uma preocupação para educadores – Imagem: reprodução

Proibições sumárias também são uma realidade

Em diversas regiões do Brasil, leis têm sido propostas ou implementadas para proibir completamente o uso de celulares em sala de aula.

Um exemplo é a cidade do Rio de Janeiro, onde uma legislação municipal veta a utilização de smartphones nas escolas primárias sob a administração da secretaria de educação local.

Outras cidades e estados adotaram restrições mais rigorosas, permitindo o uso dos dispositivos apenas para atividades educacionais supervisionadas e prevendo punições para quem descumprir as regras.

A tendência de proibir os celulares em sala de aula não é exclusiva do Brasil. O Relatório Global de Monitoramento da Educação 2023, divulgado pela Unesco, revela que quase metade dos países do mundo, incluindo potências como França, Espanha, Estados Unidos e Finlândia, já implementaram proibições semelhantes.

As autoridades de tais países argumentam que a simples presença de um celular pode distrair os alunos e comprometer a qualidade do ensino, permitindo seu uso apenas sob supervisão rigorosa.

Apesar das restrições, é consenso entre especialistas que é necessário continuar estudando os impactos da tecnologia na educação.

O desafio é equilibrar os benefícios e os riscos, filtrando o que for útil e rejeitando o que possa prejudicar o processo de ensino e aprendizado.

Proteger professores e alunos de potenciais ameaças representadas pelo acesso desenfreado à internet nas salas de aula é essencial para garantir um ambiente educacional produtivo e focado no desenvolvimento intelectual.

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