Quer uma redação de sucesso? Use ‘esse’ e ‘este’ da maneira certa!
Aprenda a usar anáfora e catáfora corretamente para melhorar a coesão da sua redação.
Na escrita, um dos maiores desafios é garantir que o texto seja coeso e fluido, ou seja, que suas partes se conectem de forma clara e natural.
Para isso, no Português, utilizamos recursos como anáfora e catáfora, dois mecanismos essenciais para a coesão referencial.
Embora os nomes possam parecer técnicos, ambos são comuns na nossa fala e escrita cotidiana. Comuns também são os erros na hora de usar um ou outro.
O que é anáfora?
A anáfora é um recurso linguístico utilizado para retomar um elemento mencionado anteriormente no texto. Essa retomada evita a repetição desnecessária de palavras, mantendo a coesão textual.
Em geral, a anáfora aparece por meio de pronomes demonstrativos, oblíquos ou relativos, além de sinônimos e elipses, que substituem o termo já citado.
Exemplos
- “Cansaço, febre e tosse seca: esses são os principais sintomas de covid-19.”
Neste exemplo, o pronome demonstrativo ‘esses’ retoma os sintomas mencionados anteriormente, evitando a repetição das palavras cansaço, febre e tosse seca.
- “Pedro parecia distraído. Ele não conversou com ninguém durante a aula.”
Aqui, o pronome “ele” retoma o sujeito “Pedro”, criando coesão entre as frases.
É preciso ter cuidado para não utilizar de forma incorreta; veja o contraexemplo:
- “Pedro pareceu estranho na aula. Lhe não falou com ninguém.”
E qual é o erro da frase? O uso do pronome oblíquo ‘lhe’ está incorreto no exemplo. O correto seria usar ‘ele’, pois ‘lhe’ refere-se a objetos indiretos, enquanto ‘ele’ retoma o sujeito da frase.
O que é catáfora?
A catáfora, por outro lado, é o inverso da anáfora. Enquanto a anáfora retoma algo já mencionado, a catáfora antecipa algo que ainda será apresentado no texto.
Geralmente, pronomes demonstrativos como ‘isso’, ‘essa’ ou ‘este’ são utilizados para antecipar informações.
Exemplos:
- “O que precisamos é isto: uma estratégia clara para o próximo semestre.”
O pronome ‘isto’ antecipa o elemento ‘uma estratégia clara para o próximo semestre’, que só será apresentado posteriormente.
- “Esta é a verdade: sem esforço, não há vitória.”
Aqui, “esta” antecipa a ideia que será explicada a seguir: “sem esforço, não há vitória”.
Saber também a forma incorreta de uso ajuda na hora de escrever. Veja o contraexemplo:
- “Essa foi a decisão: eles iriam viajar na semana passada.”
E qual o erro da frase? O uso de ‘essa’ não antecipa a informação corretamente, já que a frase refere-se a algo que já aconteceu. O correto seria usar ‘esta’ para indicar algo que será mencionado, não um fato passado.
Diferença entre anáfora e catáfora
A diferença essencial entre anáfora e catáfora está na direção da referência. A anáfora faz um movimento de retorno, referindo-se a algo já dito.
Por outro lado, a catáfora faz um movimento de antecipação, referindo-se a algo que ainda será mencionado.
Anáfora como figura de linguagem
A anáfora também pode ser uma figura de linguagem. Nesse contexto, ela é usada para criar efeitos estéticos por meio da repetição de palavras ou expressões no início de frases ou versos.
Um exemplo clássico está na poesia e na música, como neste verso de Gabriel, o Pensador:
“Até quando você vai levando porrada?
Até quando vai ficar sem fazer nada?”
Aqui, a repetição de “Até quando” intensifica a ideia de indignação e reforça a mensagem.
Cuidado!
Um erro comum é confundir o uso de pronomes anafóricos e catafóricos com sua função sintática no texto.
Por exemplo, usar o pronome ‘lhe’ (que substitui objetos indiretos) em vez de ‘o’ ou ‘a’ (objetos diretos) pode prejudicar tanto a coesão quanto a gramática.
Além disso, em alguns casos, a antecipação ou retomada pode não ficar clara, levando a ambiguidades.
Sempre revise o que está sendo retomado ou antecipado para garantir que o pronome escolhido é adequado e gramaticalmente correto.
*Com informações do Guia do Estudante e do site Português
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