Pampa
Conhece os vastos campos gaúchos? Com gramíneas a se perder de vista? Venham conosco descobrir que os Pampas são muito mais que apenas capim.
Pampa significa, em dialeto indígena, região plana, um nome que condiz perfeitamente, uma vez que os pampas são formados, basicamente por grandes pastagens naturais. O pampa se estende por cerca de 750.000 km², entre Brasil, Argentina e Uruguai, sendo que o Brasil abriga cerca de 170.000 km².
Os pampas são a vegetação mais icônica e característica do extremo sul do Brasil, mais precisamente do estado do Rio Grande do Sul. Mais de 70% desse bioma se encontra hoje no estado, no entanto ele passa por sérios problemas que colocam sua existência a médio e longo prazo em grande risco.
À primeira vista, o pampa parece pobre e sem vida, mas ainda que a diversidade seja pequena quando comparadas à outros biomas, o Pampa possuem fauna diversa, contando com muitas espécies em risco de extinção.
Savana ou estepe?
Já falamos anteriormente sobre o Cerrado, e porque ele é considerado a savana brasileira. Os Pampas são considerados uma estepe. A principal diferença é que a savana é constituída por dois estratos e a estepe apenas um, mas como assim? Os estratos nesse caso são camadas de composição florística do ambiente, no caso da savana os dois estratos considerados são as formações de gramínea e o estrato arbóreo (formações com árvores) que compõe o bioma, os pampas são constituídos apenas de um estrado, não possuem formações arbóreas.
O fato de não possuírem essas formações arbóreas levam os Pampas a não serem consideradas áreas prioritárias para conservação, visto que não possuem áreas florestadas, mas isso é um erro.
Ameaças
Atualmente, os Pampas possuem pouco menos de 50% da sua cobertura original sem terem sofrido alterações antrópicas, ou seja, causadas pelo homem. A principal ameaça à integridade do bioma é sua conversão em culturas anuais (como arroz), agropecuária extensiva e a introdução de espécies exóticas. Espécies exóticas podem ser bem danosas para o ambiente, visto que, além de competirem com as espécies nativas e, em muitos casos, se saírem melhores na competição essas espécies podem causar danos físicos a um ambiente que não está preparado para seu impacto.
O sul possui espécies invasoras com grande impacto competitivo e que, de certo modo, são prejudiciais à integridade dos Pampas. Desde animais pequenos como a lebre-européia, até maiores como o cervo chital ou o javali, esses dois últimos introduzidos para a caça esportiva, mas que acabaram se espalhando e causando mais danos do que benefícios, além de não possuírem predadores naturais, o que fez suas populações aumentarem.
A atividade econômica mais comum na região do pampa é a pecuária, com criações extensivas de gado e carneiros. O fato de a região ser composta por gramíneas facilita a criação de animais pastadores, no entanto a presença desses animais bem como abertura de novas áreas para pastagens tem contribuído para a degradação do ambiente.
O pampa é hoje o bioma brasileiro com menor porcentagem de suas áreas protegidas pelo Sistema Nacional de Unidades de Conservação. Menos de 1% de toda a extensão do pampa é protegida. Isso representa um risco imenso para a manutenção do bioma a longo prazo, e é mais preocupante quando se pensa que o pampa está acima da maior parte do aquífero Guarani, segundo maior aquífero subterrâneo de água doce do Brasil. Apesar da paisagem aparentemente simples, o pampa guarda em si uma complexidade rara e perder essa riqueza não é algo que possamos cogitar nos próximos anos.
Paulo Ribeiro
Biólogo, Mestre em Zoologia Aplicada
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