A História dos Monumentos Destruídos Pelo Estado Islâmico
Conheça a História dos Monumentos Destruídos Pelo Estado Islâmico, grupo extremista que ganhou grande repercussão devido à crueldade empregada em seus atos.
O grupo extremista conhecido como Estado Islâmico ganhou grande repercussão nas mídias devido à crueldade empregada em seus atos. Invasões, sequestros, torturas, decapitações e depredações de monumentos históricos fazem parte de algumas das ações dos terroristas.
Dissidentes da organização fundamentalista Al Qaeda, o EI provoca medo até mesmo em seus precursores.
Contexto Histórico
O islamismo surgiu por volta do ano 612 no Oriente Médio mais precisamente na região da península arábica. A religião foi criada pelo profeta Maomé após este (segundo a crença islâmica), ter recebido a visita do anjo Gabriel o orientando a criar uma doutrina fundamentada no monoteísmo.
Maomé recebeu diversas visitas do anjo que lhe revelou ensinamentos que dariam origem ao livro sagrado dos muçulmanos: o Corão. Segundo esse livro, a população árabe deveria abandonar os rituais religiosos e se dedicarem a adoração de Alá.
Maomé nasceu em Meca, uma cidade da península arábica famosa por ter se transformado em uma rota comercial intensa. Habitada por grupos organizados em tribos e clãs, a região apesar de abrigar populações seguidoras do politeísmo, também concentrava praticantes do judaísmo e do cristianismo.
A cidade de Meca era famosa por concentrar vários templos em homenagem aos deuses locais, essa intensa religiosidade impregnada na região atraia adoradores de diferentes localidades, o que impulsionava um lucrativo comércio.
O profeta condenava publicamente a peregrinação de idólatras a Meca e o comércio de imagens ligadas às divindades do politeísmo. A insistência de Maomé em pregar a existência de um único Deus, instigou a ira dos comerciantes locais, o que o levou a fugir juntamente com seus seguidores para uma cidade próxima.
O local escolhido por Maomé para se refugiar, foi à cidade de Medina. Essa fuga conhecida como Hégira, marca o início do calendário muçulmano no ano de 622.
Em Medina, Maomé funda a primeira comunidade islâmica em que ele se autoproclama líder político e religioso. A religião criada pelo profeta é uma mistura de crenças judaicas, cristãs e rituais sagrados de algumas tribos árabes. A doutrina islâmica foi responsável pela união de diversos povos que habitavam a península arábica.
No ano de 628, o fundador do islamismo resolveu peregrinar de volta rumo a sua cidade natal: Meca. O objetivo era disseminar a nova religião e conquistar o templo da Caaba, o mais importante dos templos religiosos.
Segundo a tradição, no interior da Caaba se concentrava a pedra negra, objeto de adoração dos peregrinos idólatras. De acordo com a lenda, as orações realizadas no interior do templo faziam com que todo o pecado do religioso fosse transferido para a pedra, dai a razão de ela ser negra.
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Quando Maomé juntamente com os seus seguidores reconquistou a cidade de Meca, ele inicia uma campanha para converter o maior número de pessoas ao islã. Nessa investida, o profeta destruiu diversos templos e objetos sagrados dos politeístas.
Maomé morreu no ano de 632, e desde então a religião vem se expandindo graças à sólida base religiosa deixada por seu fundador. O islamismo está presente em mais de oitenta países, mas diversas ramificações surgiram devido a divergências após a morte do profeta.
O líder do grupo terrorista Estado Islâmico baseia-se em um islamismo radical que busca colocar em prática um governo marcado pela teocracia. Entre todas as barbaridades cometidas pelo grupo, à destruição de monumentos históricos, muitos considerados patrimônios histórico da humanidade, vem causando indignação.
Abu Bakr al-Baghdadi, líder dos extremistas, conclama seus seguidores a repetirem a ação de Maomé e destruir todos os monumentos considerados símbolos do politeísmo. Seguindo esse raciocínio, o EI já destruiu diversos monumentos no Iraque e na Síria, regiões onde a concentração desse grupo é maior.
Conheça abaixo um pouco da história dos monumentos destruídos pelo Estado Islâmico.
Cidade assíria de Nimrud
A cidade de Nimrud foi erguida em uma região conhecida como o berço das civilizações. Localizada as margens do rio Tigre e ao norte da Mesopotâmia (atual Iraque), a cidade fundada no século XII a.C já foi capital do império Assírio.
Nimrud se tornou rota de atuação do Estado Islâmico, o fundamentalismo religioso do grupo os levou a destruir inúmeros monumentos na região, considerados por eles uma ofensa ao monoteísmo.
A UNESCO considerou a invasão de Nimrud e a destruição de seus monumentos, um crime de guerra. Estátuas, paredes com inscrições dos antigos assírios e até mesmo um castelo foram destruídos pelos fundamentalistas. A ação vai além do vandalismo, ela consiste em um crime contra a história da humanidade.
Por volta do ano de 1840, arqueólogos descobriram ruínas da antiga cidade fundada pelos assírios, um verdadeiro tesouro histórico que passou a ser escavado e estudado desde então. Com a invasão do EI, este tesouro está ameaçado, e grande parte das ruínas já foram destruídas por eles.
Cidade de Hatra
Por onde passa, o Estado Islâmico deixa um rastro de destruição. A imagem acima fala por si, os extremistas querem apagar da memória da humanidade tudo aquilo que eles consideram ofensivo ao seu deus. Erguida durante o império Parto, a cidade de Hatra foi a primeira capital do reino árabe.
Situada próxima a Mossul, cidade tomada pelo EI, Hatra já resistiu a investidas do império romano graças as fortes muralhas construídas ao seu redor, porém está sucumbindo à crueldade dos extremistas.
Com picaretas, marretas e metralhadoras em punho, homens invadiram as ruínas de Hatra e destruíram esculturas construídas nas grossas paredes da cidade e transformaram em pó estátuas datadas de 2300 anos a.C.
Mossul
Desde junho de 2014 os terroristas iniciaram a destruição de monumentos na segunda maior cidade iraquiana: Mossul. A invasão de museus e bibliotecas causou um prejuízo histórico incalculável.
Um dos patrimônios destruídos foi à estátua de Lamasu, uma divindade assíria representada por um touro alado, reproduzida ainda hoje na moeda do Iraque. Milhares de livros que reproduziam a história das antigas civilizações que ali habitavam foram queimados. No saldo de destruição pode se contabilizar uma igreja cristã e o teatro de uma universidade.
Palmira
Localizada na Síria, a cidade de 2000 anos foi invadida e tomada pelos terroristas. A concentração de belas ruínas e sítios arqueológicos, já fez a cidade ser um importante centro de turismo, isso antes do início da guerra civil na Síria em 2011.
Considerada patrimônio cultural da humanidade pela UNESCO, a cidade foi um importante centro cultural da idade antiga. Durante o expansionismo do império romano, Palmira conseguiu resistir as suas investidas.
Após a invasão, o Estado Islâmico já destruiu o Arco do Triunfo de dois mil anos de idade e mais dois monumentos construídos pelas antigas civilizações. Até mesmo um arqueólogo responsável por conduzir os estudos na região dos sítios arqueológicos foi decapitado pelo grupo.
A crueldade dos jihadistas vai além dos assassinatos daqueles que eles consideram seus inimigos, o Estado Islâmico empreende uma verdadeira guerra de terror ao tentar apagar da história da humanidade tudo aquilo que eles julgam herético.
Em nome de uma religião deturpada pelo grupo, a história das primeiras civilizações corre o risco de ser riscada de vez da nossa memória.
Lorena Castro Alves
Graduada em História e Pedagogia
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