As mulheres empreendedoras no Brasil e suas dificuldades
No Brasil, existe uma dificuldade exacerbada para empreender, e esse desafio aumenta quando falamos de empreendedorismo feminino.
Todos sabem que o Brasil impõe uma dificuldade exacerbada para quem quer empreender, e esse desafio é ainda maior quando se trata do empreendedorismo feminino. Para compreender quem são e quais os desafios enfrentados por essas brasileiras, a Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e o Serviço de Proteção ao Crédito (SPC), em parceria com o Sebrae, realizaram a pesquisa “Mulheres Empreendedoras”, que alcançou proprietárias de empresas de comércio e serviços em todas as capitais brasileiras.
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A média etária dessas mulheres é de 41 anos, segundo o levantamento. Quase metade delas são casadas ou estão em união estável (45%) e outras 53% não possuem parceiros. E ainda, a cada 10 empresárias, sete tem uma renda familiar de um a cinco salários mínimos (71%).
“A dificuldade da mulher em conseguir uma boa remuneração, mesmo tendo maior escolaridade, fica ainda mais evidente quando comparada com os homens. Essa situação é um indicador da persistente desigualdade de gênero no Brasil, apesar do movimento de inserção das mulheres na força de trabalho, particularmente no mundo dos negócios”, pontua Merula Borges, especialista em finanças da CNDL.
Perfil dos negócios comandados por mulheres
Tratando sobre o perfil dos negócios que possuem à sua frente mulheres, o comércio é o setor em que mais há a presença feminina. Neste caso, destacam-se os segmentos de alimentação (39%), vestuário (20%) e cosméticos (11%). Quando falamos sobre o setor de serviços, a atuação é principalmente no segmento de beleza (60%).
Grande parte desses negócios foram iniciados há menos de dois anos (22%). Ademais, o percentual de negócios que nasceram na pandemia (24%) é maior entre as classes C/D/E.
“Esses dados são coerentes com os motivos que levam as mulheres a empreender, sendo o principal deles a necessidade por falta de emprego. Assim, é provável que muitos dos novos negócios tenham surgido em decorrência do impacto da pandemia, que aumentou a escassez de emprego e forçou parte das mulheres, especialmente as de menor renda, a procurar por alternativas para sobreviver”, destaca José César da Costa, presidente da CNDL.
O tempo médio de atuação dessas empresas no mercado chega a 7 anos, sendo maior entre as mulheres de classes A/B e as empresas formalizadas.
“Essa combinação de resultados indica que as mulheres de baixa renda – e que provavelmente não têm bom acesso à informação e outros recursos – têm menos sucesso que as mulheres de classes mais altas em manterem a empresa/negócio funcionando. Além disso, as empresas que funcionam a mais tempo tendem à formalização. É difícil sugerir aqui qual a relação de causalidade, isto é, se as empresas são maduras porque se formalizaram ou se acabam se formalizando depois de se tornarem maduras. De qualquer forma, o fato é que ambos os fatores caminham juntos”, explica Merula Borges.
Outro ponto importante é que, nos dias de hoje, o número de mulheres empreendedoras que atuam por conta própria chega a 73%, sendo que essa atuação se dá sem a colaboração de funcionários.
61% são informais
A maior parte das empreendedoras, aproximadamente 6 em cada 10 (61%), não possuem CNPJ e tem uma atuação informal, ainda mais no caso das mulheres de baixa renda (C/D/E). Entre elas, existe uma opinião predominante de que é mais válido aguardar o negócio crescer e se consolidar antes de formalizá-lo (37%). Por outro lado, há aquelas que acreditam que não vale a pena financeiramente a formalização (35%).
“Uma consequência desse perfil é que os negócios das empreendedoras brasileiras têm, em sua maioria, uma estrutura muito simples: começaram com pouco recurso, normalmente vindo da economia pessoal das próprias mulheres, tem uma estrutura básica, com poucos ou nenhum funcionário, e atuam majoritariamente na informalidade. A formalização do negócio é de vital importância para o seu amadurecimento e sobrevivência, além de dar garantias importantes ao empreendedor, como acesso ao crédito e segurança na terceira idade com uma aposentadoria”, destaca a especialista.
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