Atividades Econômicas na América Portuguesa

A imagem é uma aquarela de Jean-Baptiste Debret do início do século XIX. O artista representou uma pequena moenda portátil. No engenho, as moendas podiam ser movidas a agua ou através da força humana. O açúcar foi o principal produto exportado pela colônia portuguesa na América. O lucrativo negócio da cana-de-açúcar gerou altos lucros para colônia por mais de três séculos.

A partir do ano de 1530, os colonizadores portugueses decidiram se instalar definitivamente no Brasil. Muitos acreditavam que as terras brasileiras já foram colonizadas imediatamente quando Pedro Álvares Cabral chegou com a sua esquadra, mas essa é uma visão errônea da colonização. A colonização se deu de fato com a chegada da expedição liderada por Martim Afonso de Souza em 1531. O interesse que outras metrópoles europeias despertaram em relação ao Brasil motivou Portugal a intensificar o domínio sobre as terras recém-descobertas.

A primeira atividade econômica desenvolvida em terras brasileiras foi à extração do pau-brasil. A mão de obra utilizada foi a indígena, após um período de diplomacia, em que portugueses optaram por uma convivência pacífica com os nativos, eles resolveram usar da força para convencê-los a trabalhar. A rotina e a organização social das tribos foram alteradas em função da extração dessa valiosa mercadoria, que se transformaria em um rentável negócio na Europa.

Com a decisão de intensificar o domínio sobre a colônia, os portugueses escolheram o açúcar como principal atividade econômica a ser desenvolvida na América Portuguesa. Essa escolha não foi por acaso, como Portugal já possuía experiência com a produção de açúcar nas ilhas do atlântico (principalmente nas Antilhas), a metrópole decidiu investir no plantio de cana-de-açúcar. Ao contrário da extração do pau-brasil, o negócio do açúcar necessitava de um controle mais rígido e mais próximo à colônia. Como essa atividade econômica dependia de certa complexidade e da ocupação de maiores faixas de terra, seria necessário um acompanhamento mais de perto dos colonizadores.

A economia açucareira contou também com o financiamento de banqueiros e grupos de burgueses que auxiliaram o início da produção e a comercialização na Europa. A experiência no plantio nas ilhas do Atlântico, juntamente com o financiamento da burguesia portuguesa aliada as terras férteis e o clima quente, criou o ambiente perfeito para o próspero negocio do açúcar.

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Outras atividades como a criação de gado, o plantio de cacau, algodão e fumo também foram desenvolvidas, mas tinha como objetivo atender ás necessidades da empresa açucareira. Parte da cana-de-açúcar era destinada a produção de aguardente ou cachaça e rapadura. Esses produtos também eram utilizados como moeda de troca dentro e fora da colônia. A criação de gado se tornou uma importante atividade colonial, pois além de serem utilizados como força para movimentar o engenho e transportar mercadorias, o gado servia como fonte de alimentação, o seu couro também era reaproveitado para confecção de roupas, sapatos e demais utensílios.

Para facilitar o controle da colônia, Portugal resolveu dividir as terras brasileiras em quinze extensas faixas de terra chamadas de Capitanias Hereditárias. Esses pedaços de terras foram doados aos donatários, entre as vantagens dessa doação estava o benefício de administrar e explorar esses territórios e deixa-los de herança para os filhos. No entanto, a distância das capitanias em relação à metrópole e a grande extensão territorial gerou um imenso desinteresse nos donatários, o que resultou no insucesso desse sistema. As únicas capitanias que apresentaram bons resultados foram a de Pernambuco e a da Bahia. Esse sucesso se deve ao fato do Nordeste ter uma maior proximidade com a metrópole e por possuir terras aráveis e rios navegáveis, o que facilitava o transporte do açúcar para a Europa.

O alto valor comercial do açúcar na Europa estimulou a intensificação da sua produção nas terras da América portuguesa. Outro fator que impulsionou essa atividade econômica foi à intensa crise que Portugal atravessava. As lavouras de cana representavam a saída para a crise portuguesa. Todas as negociações envolvendo o comércio do açúcar deveriam ser orientadas de acordo com o Pacto Colonial, a Coroa controlava a produção e negociava as vendas.

A produção açucareira acontecia nos engenhos. O Engenho consistia em um complexo formado tanto pela fábrica onde era realizada a produção como pela propriedade onde estava instalada a casa grande, a senzala, a capela e o canavial. A lavoura ocupava uma extensa faixa de terra, uma pequena parte era destinada ao cultivo de produtos destinados a subsistência. No centro do engenho estava a casa-grande, moradia do proprietário do engenho e sua família, a sua localização era estratégica, pois permitia um maior controle do sistema de produção.

O trabalho no engenho necessitava de um grande número de trabalhadores, a mão-de-obra utilizada veio principalmente do continente africano. O trabalho do negro africano foi à base da economia açucareira. O escravo estava presente em todas as fases da produção: plantio, cultivo, beneficiamento da cana e transporte. A substituição da mão-de-obra indígena pela do negro africano foi justificada pelo fato dos portugueses acreditarem que o indígena era insolente e preguiçoso, já o negro era forte e submisso. A utilização de escravos vindos da África daria origem a mais um rentável negócio para os portugueses: o comércio e tráfico de escravos.

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O engenho era formado pela moenda, casa das caldeiras e casa de purgar. As moendas eram grandes cilindros de madeira onde a cana era moída para a extração do caldo. A força que movia os engenhos era a animal, chamada de trapiches e os acionados pela força da água denominados de reais. Na casa das caldeiras, o caldo extraído era engrossado em fogo alto em grandes tachos. Na casa de purgar o caldo transformado em melaço, era colocado em formas de barro para secar e chegar ao ponto de açúcar. Após esse processo, as barras de melaço eram enviadas para Portugal e Holanda onde eram refinadas até serem transformadas em açúcar. Para alcançar um valor maior de venda, o produto sofria um branqueamento, processo que durava até trinta dias.

Engenho de Açucar

Nos séculos XVI e XVII, a comercialização do açúcar gerou altos lucros para os donos de engenho, elevando o Brasil a posição de maior produtor de açúcar do mundo. Portugueses e holandeses também foram beneficiados pelo sucesso desse lucrativo comércio. Já os escravos levavam uma vida sofrida, alternada entre o penoso trabalho no engenho e a vida solitária na senzala. Parte dos lucros alcançados com a venda do açúcar era reinvestida na compra de novos escravos. Esses rendimentos também eram utilizados na compra de produtos como roupas, alimentos, louças, prataria e outros objetos ostentados pelos senhores e sua família.

O cultivo do açúcar na colônia foi um sucesso, mas apesar disso a produção enfrentou momentos de crise ao longo desse período. A invasão empreendida pelos holandeses no século XVII possibilitou ao invasor o domínio de um grande número de terras. Os novos colonizadores conquistaram o Pernambuco e faixas de terra entre Alagoas e o Rio Grande do Norte. A concorrência holandesa provocou uma queda no comércio do açúcar português, com a expulsão dos invasores, a Holanda passou a produzir o produto nas Antilhas. O açúcar holandês era vendido a um preço mais baixo na Europa, o que obrigou os portugueses a diminuírem o valor do seu produto para concorrer com os holandeses.

Apesar da concorrência, o plantio de cana-de-açúcar continuou por muito tempo a ser um dos produtos mais importantes da economia colonial. Ainda hoje as grandes plantações de cana possuem uma grande importância para a economia de diversas regiões brasileiras.

Lorena Castro Alves
Graduada em História e Pedagogia

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4 Comentários
  1. Amanda Forbs Diz

    Muito bom ponto de vista e exatidão no conteudo. Palavras simples muitas vezes expressa o que temos no coração e a decisão cabe a cada um de nós mesmos sobre isso. Obrigada.

  2. Gabriel Portugal Diz

    Gostei muito, obrigado pelas dicas continue o bom trabalho.

  3. Thais Diz

    Lembro de quando eu morava em Portugal era muito bom tenho muitas saudades de voltar a morar ai

    Obrigada!

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