Conheça Auguste Comte, o pai do positivismo

O filósofo francês tinha o objetivo de reorganizar o conhecimento humano e, também, é conhecido como aquele que procurou sistematizar a sociologia.

Você já ouviu falar sobre o Positivismo? Trata-se de uma corrente política, filosófica e científica criada por um dos mais importantes filósofos e sociólogos da História da humanidade: Auguste Comte.

O criador da chamada “Lei dos Três Estados” foi um forte influenciador na formação da República brasileira cuja doutrina inspirou, inclusive, o lema da nossa bandeira – Ordem e Progresso.

Quem foi Auguste Comte?

Isidore Auguste Marie François Comte nasceu em Montpellier, na França, no dia 19 de janeiro de 1798. Filho de monarquistas e católicos fervorosos, renegou os ideais parentais desde muito jovem dedicando-se, posteriormente, aos estudos na Escola Politécnica de Paris.

Comte entrou na escola aos 15 anos e logo se destacou como aprendiz brilhante. Nesse período, foi secretário de Henri Saint-Simon, importante defensor do socialismo utópico. Porém, anos mais tarde, o vínculo entre os dois acabou rompido por diferenças ideológicas.

Em 1826, Comte sofreu um colapso nervoso enquanto imerso na criação de uma “filosofia positiva”. Antes disso, entretanto, publicou “Plano de Trabalhos Científicos para Reorganizar a Sociedade”. Assim que se recuperou, em 1830, ingressou na redação do Curso de Filosofia Positiva a qual tomou 12 anos de sua dedicação.

Na época, era empregado na Escola Politécnica mas, foi desligado da instituição em 1842 devido a divergências com seus superiores. A partir daí, recebeu o apoio de importantes admiradores, como John Stuart Mill.

Depois de 17 anos de casamento, separou-se de Caroline Massin, no mesmo ano de sua demissão mas, em 1845, conheceu Clotilde de Vaux, por quem se apaixonou. Ela faleceu de tuberculose pouco tempo depois, deixando em Comte a idealização perfeita de humanidade.

Auguste Comte dedicou os anos seguintes de sua vida à escritura do Sistema de Política Positiva até sua morte em 1857, vítima de um câncer. Antes de falecer, em 1856, publicou o primeiro volume de “Síntese Subjetiva”.

O que é o Positivismo?

É importante frisar que Comte viveu em um período de intensa turbulência causada por revoluções e despotismo. O cenário causou forte descontentamento e questionamento dos valores tradicionais. O quadro social da época influenciou, e muito, os estudos e confecção das obras de Auguste Comte que, por sua vez, acreditava que tudo era fruta da falta de consenso coletivo.

O Positivismo foi uma corrente filosófica criada por Auguste Comte para analisar e compreender o estado de ânimo vivido pela sociedade em sua época. A partir de ciências anteriores, ele procurou filtrar o que decorria da realidade e permitia a formulação das leis naturais.

Ou seja, o conhecimento só pode ser, verdadeiramente, obtido pela experimentação e aferimento científico. Um dos princípios basilares positivistas é o conceito de que o saber humano pode ser sistematizado conforme princípios adotados como critérios de verdade para as ciências.

Em outras palavras, os fatos analisados não partiriam da consideração dos fenômenos mas, da pesquisa sobre suas leis. Afinal, seriam todos originados de fenômenos observáveis, cada qual com sua própria particularidade.

Essa ideia poderia ser aplicada às ciências biológicas, exatas, assim como fenômenos sociais. Estaria, aí, o cerne da Sociologia, partindo do pressuposto da aplicação de uma análise científica à sociedade visando planejar sua organização social e política.

Tal organização seria estendida à religião mediante o planejamento de uma nova ordem espiritual. Inspirando-se na hierarquia da Igreja Católica, Comte pregava que a humanidade deveria ser vista como entidade una chamada de Grande Ser.

Mesmo que inspirado no Catolicismo, Comte negava tal doutrina por ser baseada no sobrenatural, não no materialismo científico.

Contribuições para a Sociologia

Não se pode dizer que Auguste Comte foi o criador da Sociologia pois, antes dele, já existia, ainda que em seus primeiros passos. Porém, o sociólogo a organizou como doutrina social baseada em critérios científicos dividindo-a nas áreas de dinâmica e estática social.

Esta teria a responsabilidade de estudar as forças que unem a sociedade enquanto a outra estuda as mudanças sociais e sua causas. A Sociologia ou Física Social seria, então, baseada na observação, experimentação, comparação e classificação enquanto métodos.

Falando nisso, lembra do lema de nossa bandeira, Ordem e Progresso? Pois bem, essa é a fundamentação maior da estática social. A partir do conhecimento da estrutura e transformação da sociedade, seria possível aperfeiçoar as instituições.

A Lei dos Três Estados

A Lei dos Três Estados foi elaborada por Comte para explicar o pensamento humano. Segundo o sociólogo, o primeiro estágio era o teológico no qual recorria às ideias espirituais para explicar os fenômenos sociais.

O segundo seria o metafísico cuja principal característica era fundamentar o conhecimento em abstrações (causas finais e essências, por exemplo). O estágio positivo seria o último e considerado como a plenitude intelectual.

Nele, o homem seria capaz de pressupor as limitações do entendimento humano tendo a consciência de que a razão não poderia operar de outra forma senão a experiência concreta. Sendo assim, leis e ciência deveriam convergir na busca de leis que regem os fenômenos observáveis.

Constituição de uma elite de cientistas

O objetivo de Comte era estruturar um planejamento que trouxesse o bem estar ao maior número possível de pessoas. No entanto, ele entendia que suas reformas sociais não poderiam ser implantadas por uma democracia mas, pela instituição de uma elite de cientistas.

Para o sociólogo, a ciência positiva fundamentaria a fraternidade conduzida por tal elite enquanto o progresso seria promovido por núcleos permanentes, como propriedade e família. No entanto, todas seriam interligadas, como se parte de um organismo biológico.

Esse organismo, contudo, só estaria em pleno funcionamento caso seus componentes tivessem a consciência da obediência e hierarquia. A disciplina deveria ser, sob seu ponto de vista, ensinado a partir da escola.

Para explicar esse ideal, Comte comparou a evolução do indivíduo à social, na qual a infância corresponderia ao estágio teológico. A maturidade espiritual só viria a partir da ciência cujo ensinamento seria papel fundamental da educação positivista.

O cerne dessa corrente está no ensino do altruísmo e no esclarecimento sobre a ordem do mundo, tornando o caráter dos alunos mais bondoso. Tal prática influenciou a instituição da análise de eficiência dos métodos de ensino e desempenho do aluno.

No século XX, os procedimentos seriam aperfeiçoados pela psicologia comportamental através de testes e experimentos aplicados nas escolas.

Auguste Comte e a República brasileira

Apesar de o projeto proposto por Comte sugerir uma evolução da sociedade baseada na ordem, seus ideais influenciaram uma troca de regime no Brasil, mais especificamente, a proclamação da República.

A explicação pode estar no fato de que, naquele momento, o positivismo se combinou com outras correntes ideológicas originando resultados paradoxais. Entre todas as entidades, as Forças Armadas eram as que mais carregavam a ideologia comtiana.

Daí, a explicação para o lema imposto em nossa bandeira, além de medidas tomadas nos primeiros anos da nova República. Como exemplos, podemos citar a reforma da educação em 1891 e a separação entre igreja e estado.

Autores influenciados

O legado de Auguste Comte influenciou outros grandes estudiosos, como John Stuart Mill, Karl Marx, Harriet Martineau, George Eliot, Émile Durkheim e Herbert Spencer.

Principais obras de Auguste Comte

Entre as principais obras escritas e deixadas por Auguste Comte, estão:

  • Plano de Trabalho Científico para Reorganizar a Sociedade (1822)
  • Opúsculos de Filosofia Social (1816-1828)
  • Curso de Filosofia Positiva (1830-1842)
  • Discurso Sobre o Espírito Positivo (1844)
  • Discurso sobre o Conjunto do Positivismo (1848)
  • Uma Visão Geral do Positivismo (1848)
  • Catecismo Positivista (1852)
  • Sistema de Política Positiva (1851-1854)
  • Apelo aos Conservadores (1855)
  • Religião da Humanidade (1856)
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