Ciclo do Açúcar no Brasil – Resumo, características e crise
Parte importante da história do período colonial brasileiro, a cana-de-açúcar perdurou como principal atividade econômica entre os séculos XVI e XVII.
O que foi o ciclo do açúcar? Ciclo do açúcar é o nome dado ao período econômico brasileiro que teve início na época das capitanias hereditárias, em meados do século XVI, e se estendeu aproximadamente até a segunda metade do século XVII.
Ele leva esse nome justamente porque a cana-de-açúcar era o principal produto de exportação do Brasil.
A combinação entre o clima favorável do nordeste, o fato de açúcar ser um produto muito apreciado pelos europeus e ter um alto preço no mercado, foi fundamental para que a atividade açucareira tenha se consolidado tão facilmente.
Resumo
Após inúmeros ataques de nações europeias ao Brasil, em 1532 Portugal enviou Martim Afonso de Souza ao país com a missão de dar início a colonização e proteger o território. Junto com ele vieram as primeiras mudas de cana-de-açúcar, trazidas da Ilha da Madeira.
A experiência do país lusitano com o plantio de cana-de-açúcar foi um dos fatores que pesaram na escolha do produto. A partir de 1440 as também colônias de Portugal, Açores, Madeira e Cabo Verde produziam o açúcar que abasteciam, além da metrópole, alguns locais da Bélgica e Itália.
No ano seguinte, em 1533, mais precisamente na vila de São Vicente, território que está localizado no litoral de São Paulo, foi instalado o primeiro engenho da colônia, que recebeu o nome de engenho do Governador. Estava dada a largada para a produção açucareira no país.
Entretanto, foi no nordeste brasileiro, por conta das características climáticas e do solo favoráveis, que as plantações de cana-de-açúcar e os engenhos experimentaram o auge da produtividade.
A área de maior desenvolvimento da empresa açucareira brasileira foi na chamada Zona da Mata, que compreende uma faixa litorânea que vai do Rio Grande do Norte ao Recôncavo Baiano.
Por conta dessa expansão, rapidamente o nordeste rapidamente tornou-se o centro de toda a vida social e econômica, além de palco das principais decisões políticas da colônia portuguesa. Nesse sentido, destaque para a Bahia e Pernambuco.
Principais características da vida nos engenhos
Os engenhos ficaram conhecidos por ser a principal unidade de fabricação do produto. Inicialmente eles eram compostos pela moenda, fornalha e casa de purgar o açúcar. Entretanto, com o passar do tempo, toda grande propriedade rural que produzia açúcar passou a ter esse nome.
Além das estruturas já citadas, essas propriedades contavam com a “casa grande” que era a casa do proprietário das terras, os canaviais, capela, senzalas e casas de alguns trabalhadores contratados, como por exemplo, feitores, lavradores e mestre do açúcar.
É necessário ressaltar que após o fracasso das capitanias hereditárias a ciclo do açúcar foi um fator de grande peso para a consolidação da colonização brasileira, principalmente por meio da ocupação do litoral.
Os donos desses latifúndios – grandes propriedades rurais – eram chamados de senhores de engenho e ficaram conhecidos por serem figuras bastante autoritárias e controladoras, exercendo forte influência a nível regional.
A mão de obra escrava e de origem africana foi preponderante durante todo o período. Os negros escravizados eram responsáveis por todas as etapas, desde o plantio e cultivo da cana até a produção do açúcar. Além disso, as mulheres eram usadas em trabalhos domésticos e outros afazeres.
Economicamente falando, esse tipo de mão de obra foi muito importante para consolidação do tráfico negreiro, que era altamente rentável, tanto para os comerciantes, quanto para a própria metrópole.
Crise e declínio do ciclo do açúcar
Até os primeiros anos do século XVII a produção de açúcar teve uma expansão significativa. O ponto máximo foi atingido entre 1600 e 1630. Porém, a partir da segunda metade do século a crise começou a dar os primeiros sinais.
Entre muitas, as principais causas para que isso tenha acontecido são o domínio do Portugal pela Espanha, que por sua vez, estava em guerra com a Holanda. Por conta da invasão dos holandeses às principais regiões produtoras de açúcar, Bahia e Pernambuco, durante algum tempo Portugal perdeu a soberania açucareira, o que ocasionou instabilidade do mercado lusitano.
O domínio da Espanha só terminou em 1640 e mesmo com a expulsão dos holandeses, o Brasil já não tinha relevância perante o mercado mundial de açúcar. Expulsos, os invasores foram para as Antilhas e deram seguimento a atividade açucareira. Por conseguir melhores preços no mercado europeu, rapidamente eles ganharam espaço no comércio.
Ainda que o Brasil tenha tentado se recuperar, o início do ciclo do ouro em Minas Gerais foi decisivo para o término do ciclo do açúcar no Brasil. As pessoas ficaram interessadas pela possibilidade de enriquecerem da noite para o dia e o sudeste passou a ser economicamente mais vantajoso e a atrair mais investimentos.
Houve intenso deslocamento populacional para as minas de ouro. Além disso, outro fator de peso foi a transferência da capital de Salvador para o Rio de Janeiro.
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