Conheça Naypyidaw, a capital que não é habitada

A enigmática capital de Mianmar é um vasto e deserto exemplo de cidade planejada, mas sem habitantes.

No coração de Mianmar, uma cidade monumental se ergue como um mistério moderno. Naypyidaw é uma cidade fantasma, proclamada capital em 2005, e tem estradas largas, edifícios grandiosos e uma população escassa.

Essa cidade peculiar e quase deserta foi construída em segredo, com motivos estratégicos e administrativos que refletem a visão da junta militar birmanesa.

A concepção de Naypyidaw

A ideia de Naypyidaw surgiu em um contexto de controle e prevenção. Situada a cerca de 400 km da antiga capital Yangon, sua localização foi escolhida para estar distante da costa, protegendo-a de invasões estrangeiras e desastres naturais.

A junta militar acreditava que uma capital no centro do país reduziria a vulnerabilidade e fortaleceria o controle governamental.

Construção e inauguração

A construção de Naypyidaw começou secretamente em 2002 e só foi revelada ao mundo em novembro de 2005, quando a mudança de capital foi abruptamente anunciada.

O custo exorbitante foi estimado em torno de US$ 5 bilhões, algo próximo a R$ 28 bilhões, e destaca a magnitude desse projeto ambicioso.

A cidade foi oficialmente nomeada durante uma grandiosa parada militar no Dia das Forças Armadas, em março de 2006.

Naypyidaw se estende por cerca de 4.600 km², uma área vastamente maior que a de muitas grandes cidades globais.

Suas estradas, com até 20 pistas, são surpreendentemente vazias, uma cena que contrasta fortemente com o tráfego intenso de outras capitais asiáticas.

Os edifícios governamentais são monumentais, mas a maioria permanece subutilizada. A cidade conta com zonas específicas para hotéis, embaixadas, ministérios e até uma zona militar, todas separadas por grandes distâncias que aumentam a sensação de isolamento.

A cidade fantasma

A população de Naypyidaw, estimada em aproximadamente 977 mil habitantes, é mínima em relação ao tamanho do município. Com uma densidade populacional de apenas 340 pessoas por km², a sensação de vazio é gigantesca.

Muitas áreas residenciais foram planejadas para funcionários do governo, com edifícios meticulosamente organizados e telhados coloridos conforme o ministério ao qual pertencem os moradores.

No entanto, a maioria da população birmanesa prefere viver em Yangon, onde há mais oportunidades de emprego e melhores serviços.

Curiosidades

Naypyidaw é repleta de fatos interessantes que acentuam a aura de cidade fantasma. Ao contrário das cidades do Sudeste Asiático, Naypyidaw proíbe estritamente o uso de motocicletas e bicicletas em muitas de suas principais vias.

Listamos outras curiosidades sobre a capital a seguir:

Atividades recreativas são obrigatórias em Naypyidaw

Funcionários públicos são incentivados ou até mesmo obrigados a participar de atividades recreativas e esportivas, visando melhorar sua saúde e moral.

Infraestrutura de telecomunicações controlada

A infraestrutura de internet e telecomunicações é altamente controlada pelo governo, limitando a conectividade e o acesso à informação.

Edifícios monumentais

A cidade possui prédios impressionantes como o Pagode Uppatasanti, que tem 99 metros de altura e abriga uma relíquia do dente de Buda.

Os ministérios são compostos por 31 edifícios idênticos, refletindo a uniformidade e o controle característico do governo.

Confusão de direções

A vastidão e a organização peculiar da cidade são tão confusas que até mesmo os taxistas têm dificuldade em encontrar endereços.

Histórias de taxistas perdendo horas para encontrar hotéis são comuns, reforçando a sensação de desorientação.

A ‘vida’ em Naypyidaw

Apesar das dificuldades, Naypyidaw oferece algumas comodidades modernas. Há diversos hotéis de luxo na chamada Zona Hoteleira, com vistas para um lago artificial.

O Hilton, por exemplo, oferece a maior piscina ao ar livre da cidade; ainda é possível aproveitar campos de golfe, parques bem cuidados e um zoológico.

No entanto, a vida cotidiana é marcada pela ausência de um núcleo urbano vibrante. Os poucos residentes vivem em apartamentos organizados por ministério, criando uma segregação que não incentiva a interação comunitária.

Será que um dia Naypyidaw conseguirá preencher os espaços vazios e tornar-se uma metrópole vibrante? Apenas o tempo dirá.

*Com informações de Sydney Morning Herald, Folha, Humanitas Unisinos e Tempo.

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