Descubra destinos turísticos inclusivos para pessoas autistas
Cidades e empresas investem em turismo inclusivo para pessoas com autismo, promovendo acessibilidade e conforto.
Viajar pode ser um desafio para pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA) devido a estímulos sensoriais intensos, ambientes barulhentos e alterações na rotina.
Situações comuns em viagens, como filas longas, atrasos em voos e locais lotados, são capazes de causar desconforto. Pensando nisso, algumas cidades e empresas do setor turístico ao redor do mundo estão investindo em práticas inclusivas para tornar a experiência de viagem agradável e acessível.
Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), o autismo afeta cerca de 1% das crianças mundialmente, o que reforça a importância de adaptar destinos turísticos para atender essa parcela significativa da população.
O Comitê Internacional de Credenciamento e Padrões de Educação Continuada (IBCCES – sigla em inglês) vem liderando iniciativas de treinamento para que destinos e empresas do turismo se tornem mais receptivos a pessoas neurodivergentes, incluindo autistas.
Desde que a cidade de Mesa, no Arizona, foi a primeira a ser certificada em 2019, mais de 300 empresas e diversos destinos turísticos já receberam o título de ‘Centros Certificados de Autismo’.
Esse selo é concedido a destinos e organizações que oferecem acessibilidade sensorial, social e estrutural para garantir que pessoas autistas possam desfrutar de cada momento de sua viagem com mais tranquilidade e conforto.
Destinos turísticos certificados para receber autistas
1. Atlantis Dubai, Emirados Árabes Unidos
Dubai está em processo de se tornar um destino turístico certificado para receber pessoas com autismo, destacando-se entre as grandes cidades globais que investem em inclusão.
O Atlantis Dubai, um dos mais famosos resorts do país, já oferece algumas adaptações para garantir uma experiência mais tranquila aos visitantes autistas.
Além de treinar a equipe para um atendimento personalizado, o resort prepara espaços sensorialmente seguros, promovendo um ambiente mais amigável para hóspedes de todas as idades com neurodivergências.
2. Mesa, Arizona, Estados Unidos
Pioneira na certificação de destino autista, Mesa, no estado do Arizona, no sul dos Estados Unidos, implementou um programa de treinamento para empresas locais, abrangendo turismo, saúde e educação.
Alison Brooks, da Visit Mesa, destaca que essa iniciativa visa incluir empresas de diferentes setores na proposta de um turismo mais inclusivo.
A cidade criou um ‘passaporte’ especial, intitulado ‘Viva a Vida Sem Limites’, que destaca os centros certificados, como hotéis, restaurantes e atrações turísticas.
Em seu site, a Visit Mesa disponibiliza guias sensoriais, que auxiliam os visitantes a se planejarem e evitarem situações potencialmente estressantes durante a visita. Esses guias trazem informações detalhadas sobre sete dos principais pontos turísticos da cidade.
3. Traverse City, Michigan, EUA
Recentemente certificada, Traverse City, no estado de Michigan, destaca-se como um destino turístico acolhedor para pessoas com autismo.
Conhecida por sua beleza natural e pelas dunas da Sleeping Bear Dunes, a cidade promove uma série de adaptações em suas atrações.
Exemplo disso é o Museu Dennos, que oferece espaços silenciosos e fornece fones de ouvido com cancelamento de ruído, além de mapas sensoriais.
O museu também realiza eventos adaptados, como o ‘Halloween para todos’, em um ambiente sensorialmente acessível.
Whitney Waara, diretora de operações da Traverse City Tourism, reforça que a certificação veio da vontade de fazer com que:
“Nós realmente trabalhamos para tentar fazer com que o nosso destino receba a todos. Garantir que estejamos preparados para atender a todos os turistas que chegarem, com todas as suas necessidades, tem sido uma prioridade importante para nós nos últimos anos.”
Como esses destinos se adaptam?
Essas adaptações são possíveis graças ao trabalho do IBCCES, que treina profissionais e certifica locais turísticos que demonstram comprometimento com a acessibilidade.
O treinamento do comitê foca em aspectos como a percepção sensorial e a sensibilidade, ensinando aos profissionais a entenderem melhor as necessidades de pessoas com TEA.
Segundo Meredith Tekin, presidente do IBCCES, as certificações não apenas promovem o turismo inclusivo, mas também fomentam a compreensão sobre o autismo, incentivando um ambiente mais acolhedor e inclusivo.
Para indivíduos com TEA, a viagem representa mais que uma simples pausa da rotina. Kerry Magro, palestrante e autor diagnosticado com autismo, ressalta que explorar novos lugares ajuda a desenvolver habilidades sociais, autonomia e autoconfiança.
Além disso, viajar permite que esses indivíduos conheçam suas preferências e desafiem limitações em um ambiente planejado para garantir segurança e conforto.
*Com informações de BBC Travel.
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