Gelo derretido dos Alpes revela relíquias misteriosas

Com o degelo ocorrendo nos alpes suíços, objetos de até 5 mil anos atrás têm sido encontrados.

Nos últimos anos, a taxa de derretimento dos alpes suíços está em ascensão ininterrupta. Apesar das preocupações ambientais a respeito do tema, arqueólogos da região têm “feito a festa”.

Isso porque conforme o gelo derrete, artefatos e mais artefatos têm aparecido, em mais uma demonstração de que essa região já era habitada há milhares de anos.

Para se ter uma ideia, já foram encontrados objetos datados da Idade do Ferro, iniciada há cerca de 3,5 mil anos atrás, da época que o Império Romano dominava o território onde hoje é a Suíça, e também da Idade Média (séculos V d.C. a XV d.C.).

Autoridades em arqueologia de toda a Europa agora voltam seus olhos para os alpes suíços, atentos aos potenciais novos “presentes” que a região pode lhes dar.

Uma variedade incrível de artefatos

Com o passar do tempo, a lista de objetos sob o gelo dos alpes suíços só cresceu. Inclusive, especialistas que trabalham com tais itens antigos instituíram o conceito “arqueologia glacial” para designar achados feitos em regiões congeladas.


Alpes suíços apresentam riquezas arqueológicas – Imagem: Sophie Providoli/Museu de Valais/Reprodução

Um bom exemplo é a cidade de Sião, situada nos alpes, onde foram feitas muitas descobertas nos últimos anos.

Lá também fica situado o Museu de História de Valais, instituição que tem lidado mais ativamente com os artefatos descobertos nos alpes.

Entre os objetos mais intrigantes já achados, destaca-se uma espécie de estatueta de uma forma humana datada do século II a.C.

Também foram encontradas diversas marcações de caminho utilizadas por viajantes que cruzavam os alpes na época do Império Romano.

As marcações eram feitas com gravetos ou pedaços de ossos de animais. Quanto à estatueta, acredita-se, dentre outras hipóteses, que ela era um exemplar de objeto de veneração ou amuleto utilizado por antigos viajantes.

O fim da linha para muitos

Outro tipo de achado bastante recorrente nos alpes suíços parcialmente derretidos são restos humanos, indo desde corpos relativamente bem preservados até fragmentos ósseos.

Como exemplo, há pouco tempo foi reportada a descoberta de um verdadeiro relato não escrito dos últimos dias de vida daquele que, possivelmente, foi um mercador do século XVII.

Além do corpo do homem, que estava vestido com roupas caras, os arqueólogos encontraram moedas, armas e até um inventário preservado pelo gelo.

Perto dos restos do viajante também foram achados ossos de duas mulas, que provavelmente lhe pertenciam.

A partir desses achados, os pesquisadores concluíram que as moedas eram do norte da atual Itália e as armas carregadas por ele tinham sido forjadas no que hoje é a Alemanha. Ou seja, o provável mercante era um homem “viajado”.

Avanços têm ocorrido, apesar das dificuldades

Assim como outros indivíduos encontrados nos alpes, o viajante citado deve ter sido vencido pelas intempéries e o terreno inóspito do ambiente glacial e suas consequências. Atualmente, os perigos continuam à espreita de quem ousa subir até lá.

O problema é que, além do frio extremo, possibilidade de acidentes e outros riscos, os cientistas e exploradores que vão em busca dos achados também podem ser contaminados por patógenos antigos aprisionados pelo congelamento dos objetos e corpos encontrados.

Entretanto, os esforços pelas descobertas continuam. Para isso, pesquisadores envolvidos criaram até um aplicativo chamado IceWatcher, por meio do qual viajantes que encontrarem algo nos alpes podem reportar os cientistas, colaborando com novos estudos sobre os “tesouros” que o gelo alpino tem guardado por milênios.

*Com informações de Journal of Glacial Archaeology, Canton du Valais e Business Insider.

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