Governo Juscelino Kubitschek (1956-1961)

O governo de Juscelino Kubitschek, o popular JK, ficou conhecido pelo plano de metas, 50 anos em 5, que deu origem a capital Brasília.

Juscelino Kubitschek, mais conhecido como JK, é um ex-presidente do Brasil e comandava o governo no período da construção da capital federal – Brasília.

Entre os seus principais feitos estão a política industrial e desenvolvimentista.

Biografia de Juscelino Kubitschek

Natural de Diamantina, município de Minas Gerais, JK nasceu em 12 de setembro de 1902. Fruto de uma família humilde, o pai caixeiro-viajante João César de Oliveira e a mãe professora Júlia Kubitschek, ficou órfão de pai ainda criança, aos três anos de idade.

JK estudou no Seminário de Diamantina, local em que concluiu o curso de humanidades. E a primeira profissão que exerceu foi a de telegrafista, em 1919.

No ano de 1922 adentrou no curso de medicina, da Universidade Federal de Belo Horizonte, o qual concluiu em 1927.

Nos anos 1930 foi estudar cirurgia em Paris, com o professor Maurice Chevassu. Também foi estagiário no hospital Charité de Berlim, na mesma década.

Retornando a Minas Gerais, consolidou o matrimônio com Sara Lemos, em 1931. No período, foi nomeado capitão-médico da polícia do Estado, tornando-se chefe do hospital de sangue de Passa Quatro.

Carreira política de Juscelino Kubitschek

JK POLÍTICA

Depois da Revolução de 1930, Juscelino Kubitschek assumiu a carreira política por meio de cargos internos, sendo eleito de forma ágil como deputado federal de Minas Gerais, em 1934.

Contudo, a sua gestão foi breve, tendo em vista que o Estado Novo interviu no país, em 1937.

Afastado do cargo, JK pleiteou a prefeitura de Belo Horizonte, sendo eleito e exercendo o mandato entre 1940 e 1945. Nesse momento, o ex-presidente já mostrou o gosto por obras públicas, estabelecendo uma parceria com o arquiteto Oscar Niemeyer.

Depois, passou a exercer a função de deputado federal, em 1946, e a de governador de Minas Gerais, em 1950.

Nos anos liderando o estado mineiro, executou obras notórias, como é o caso das na produção de energia, com a construção de usinas e a criação das Centrais Elétricas de Minas Gerais – CEMIG.

Em 1955, no período de instabilidade política, assumiu a presidência da república.

Eleição Presidencial

Depois do suicídio de Getúlio Vargas, em 1954, e mediante o apoio do Partido Social Democrático (PSD) e do Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), JK venceu as eleições presidenciais em 1955.

Entretanto, ele tinha a oposição da União Democrática Nacional (UDN) e de alguns setores militares. E a sua posse só foi possível depois da intervenção do Ministro da Guerra, General Teixeira Lott.

Um dos marcos de seu governo era o programa de desenvolvimento econômico, o Plano de Metas, com 31 objetivos delineados.

50 anos em 5: o Plano de Metas

plano de metas jk

O plano de metas de Juscelino Kubitschek, cujo intuito era o desenvolvimento de 50 anos em apenas 5 anos de governo, consistia no investimento do desenvolvimento econômico, principalmente nas áreas industriais e de infraestrutura.

Alicerçado em economistas da Comissão Econômica para a América Latina (CEPAL) e do Banco Nacional do Desenvolvimento (BNDE), o plano de metas é tido como o primeiro plano global para o desenvolvimento da economia brasileira.

Tido como a espinha dorsal do nacionalismo desenvolvimentista vislumbrado pelo ex-presidente, foram esboçados setor prioritários para alcançar os objetivos de avanço: energia, transporte, indústria, educação e alimentação.

Entretanto, educação e alimentação não obtiveram sucesso nas metas. No entanto, o sucesso das demais sobressaíram o fracasso dessas áreas.

Os resultados positivos foram fruto da articulação com diferentes setores da sociedade, englobando os militares, empresários e sindicatos trabalhistas, que ocasionaram no desenvolvimento econômico.

Ademais, houve a implantação de órgãos de administração vinculados ao presidente da República, como o Grupo Executivo de Construção Naval (GEICON), o Grupo Executivo da Indústria Automobilística (GEIA) e o Grupo Executivo da Indústria da Maquinaria Pesada (GEIMAPE).

Pontos positivos do plano de metas de JK

  • A implementação da indústria automobilística, tais como Vemag, Volkswagen, Mercedes Benz, Willis Overland, General Motors e Ford;
  • A ampliação das usinas hidrelétricas, como as de Furnas e no rio São Francisco, além de tantas mais;
  • A expansão da indústria de aço;
  • A articulação do Conselho Nacional de Energia Nuclear;
  • A criação da Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (SUDENE);
  • A constituição do Ministério das Minas e Energia, implementado somente no governo posterior;
  • A fundação de Brasília.

Pontos negativos do plano de metas de JK

  • A emissão monetária acarretou em graves problemas inflacionários;
  • A industrialização elevou as discrepâncias geográficas e as disparidades sociais;
  • A entrada do capital estrangeiro ocasionou na dependência do mercado externo;
  • A zona rural foi deixada de lado, o que causou em um intenso êxodo rural, aumentando os níveis de pobreza e violência.

A construção de Brasília

Brasília marco zero

A construção de Brasília foi uma das promessas do governo de Juscelino Kubitschek e aconteceu na vigência de sua gestão, entre 1956 a 1960. A inauguração oficial aconteceu em dia 21 de abril de 1960.

Desde então, Brasília passou a ser usada como meio de propaganda nacionalista e modernista do governo de JK.

O projeto da cidade eleito por meio de concurso público, o Plano Piloto (formato de avião), é de autoria do arquiteto carioca Lúcio Costa, sendo Oscar Niemeyer o responsável pela arquitetura dos edifícios.

Estima-se que a construção da cidade atraiu aproximadamente 60.000 operários de diferentes locais do Brasil. Esses foram intitulados como candangos e abrigados em barracões, com estruturas básicas de comodidade.

A transferência da capital, do Rio de Janeiro para o Planalto Central,  requisitou amplos recursos financeiros, materiais e humanos. E ainda que tenha se consolidado em 1960, o sonho já estava presente na primeira Constituição da República (1891).

A inflação e a dívida externa

Para arcar com os investimentos na modernização e industrialização, JK teve de recorrer ao capital estrangeiro. Desse modo, muitos setores apresentaram o aumento na presença de multinacionais.

Assim, o capital estrangeiro aproximou-se de 80% a 90 % da economia nacional, contribuindo para a elevação da inflação. Aliás, não por acaso, no final do governo ela chegou a 25% ao ano.

A ascensão da dívida externa alarmava os credores estrangeiros, tendo que o Fundo Monetário Internacional (FMI) exigir do governo uma política recessiva. Contudo, JK não aceitou e rompeu com o órgão.

Portanto, o seu mandato encerrou mediante as múltiplas dificuldades econômicas. A inflação e o elevado custo de vida acarretaram em múltiplas greves, principalmente nos estados de São Paulo e Rio de Janeiro.

Anos depois do Governo de JK

No início da década de 1960, em 1961, Juscelino Kubitschek transferiu o poder ao presidente eleito, Jânio Quadros. Logo em seguida, em 1962, foi eleito senador pelo estado de Goiás.

Mais uma vez, em 1964, é apontado pela convenção nacional do PSD para tentar o pleito de presidente da República, porém há a eclosão da revolução em 31 de março. E no mês de junho o seu mandato é cassado pelo regime militar, tendo os seus direitos políticos suspensos por uma década.

Exilado, foi morar em Nova Iorque e em Paris. Ao retornar ao Brasil, iniciou a escrita de suas memórias, cujo nome era Meu Caminho para Brasília, obra agrupada em cinco volumes.

meu caminho para brasília

Na década de 1970, em 1975, assume a cadeira de membro da Academia Mineira de Letras.

A morte de JK

a morte de jk

Por um tempo, houve a suspeita de que a morte do ex-presidente Juscelino Kubitschek poderia ser resultante de um atentado, decorrente de um complô no período da ditadura militar, tendo em vista que ele lutava pela redemocratização do país.

Entretanto, a Comissão Nacional da Verdade (CNV) concluiu que a sua morte foi realmente acidental.

JK veio a óbito no dia 22 de agosto de 1976, ao trafegar na rodovia Presidente Dutra juntamente com o seu motorista Geraldo Ribeiro. O veículo em que estavam, modelo Opala, foi atingido por um ônibus da viação Cometa e eles colidiram com um caminhão.

10 frases de Juscelino Kubitschek

O Brasil vai viver 50 anos em 5.

Não nasci para ter ódio, nem rancores, nasci para construir.

Meu sonho é viver e morrer em um país em liberdade.

O otimista pode até errar, mas o pessimista já começa errando.

O perdão é a marca da grandeza, sobretudo quando se tem em vista um objetivo mais alto.

Brasília é a manifestação inequívoca de fé na capacidade realizadora dos brasileiros, triunfo de espírito pioneiro, prova de confiança na grandeza deste país, ruptura completa com a rotina e o compromisso.

Creio que apressar a marcha do Brasil, ativar o seu desenvolvimento é imperativo da defesa de nossa própria sobrevivência.

Brasília é a manifestação inequívoca de fé na capacidade realizadora dos brasileiros, triunfo de espírito pioneiro, prova de confiança na grandeza deste país, ruptura completa com a rotina e o compromisso.

Se acredito ou não, é outra história. O certo é que no dia 21 de abril, colocarei minha bagagem num automóvel e quem quiser que me acompanhe.

Não aceito o julgamento dos que agora me julgam, só aceito o julgamento do povo, pois só nele reconheço o juiz de minhas ações.

5 curiosidades sobre Juscelino Kubitschek

juscelino esporte

  1. O mineiro Juscelino Kubitschek tinha o costume de tomar um café da manhã nada convencional. O menu era composto por um filé bem passado, leite, mel, pão com manteiga e uma xícara de café.
  2. JK tinha como mania tirar os sapatos em todas as reuniões ou encontros em que pudesse estar sentado.
  3. Amante da MPB (música popular brasileira), o ex-presidente tinha como música predileta Peixe Vivo, do cantor Milton Nascimento. Não por acaso, a melodia foi escolhida para ser tocada em seu enterro, em 1976.
  4. O sobrenome Kubitschek é de origem tcheca, herdado de sua mãe cigana Júlia Kubitschek. Assim, Juscelino foi até então o único presidente de descendência cigana na história do país.
  5. Ademais, JK era um amante do futebol, tanto para assistir quanto para jogar. Aliás, por um tempo jogou futebol amador no América de Minas, time de seu coração.

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